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Teste: novo Toyota RAV4 privilegia conforto sem perder a pegada lameira

Fernando Miragaya

Campana (Argentina)*

28/05/2019 07h00

Resumo da notícia

  • Tração 4x4 do RAV4 sob demanda dá conta do recado para crateras
  • Motor elétrico do eixo de trás faz a força necessária para o SUV se livrar do buraco
  • No asfalto, respostas ao acelerador demandam um certo tempo e não são tão imediatas

O primeiro contato com a quinta geração do Toyota RAV4 foi bem específico. Primeiro, em um curto roteiro off-road. Depois, no asfalto, em um circuito ainda menor. Mesmo assim, foi possível perceber as intenções do SUV médio da Toyota.

A preocupação com o conforto fica evidente em ambas as situações. No fora de estrada, o modelo híbrido encarou lama, buracos e costelas de boi com valentia e sem sacrificar ocupantes.

Para sair das crateras preparadas pelo pessoal da Toyota argentina, a tração 4x4 sob demanda dá conta do recado, com o motorzinho elétrico do eixo de trás de 54 cv enviando a força necessária para o SUV se livrar do buraco sem pestanejar — entre os três propulsores elétricos, a principal função deste traseiro é justamente dar uma mão para a tração.

Essa performance se dá com ângulos de entrada e saídas até "normais": 17 e 23 graus. Porém, apesar de encarar o off road numa boa, em algumas situações ficou evidente que ali não é mais o habitat preferencial do RAV. O vão livre de apenas 15 cm - menos que o de um Honda HR-V - fez o fundo do modelo da Toyota raspar diversas vezes.

Ok, o fabricante se esforçou para mostrar que o RAV continua com pegada lameira. Mesmo assim, melhor ir para o asfalto para ver o que o SUV híbrido nos oferece. Foram apenas cinco voltas em uma pista oval com 450 m, que mais parecia um circuito de autorama. Mas, vamos lá: conseguimos sentir um pouco do novo RAV.

Nas curvinhas a carroceria oscila bem menos que o acerto mais suave da geração anterior. A direção é obediente em velocidades médias. A marca japonesa diz que aumentou a rigidez do RAV em 60%.

Pintou a reta e é hora de acelerar - à medida do possível. As respostas ao acelerador demandam um certo tempo e não são tão imediatas, o que não surpreende em um veículo que alterna propulsores a combustão e elétricos.

O câmbio CVT também dosa bastante esses impulsos. E olha que ele aparenta ser levemente mais ágil que as transmissões continuamente variáveis que têm por aí. A Toyota diz que a caixa não é por polia e correia: funciona de forma mecânica com acoplamento permanente das engrenagens.

O SUV mostra que tem força, mas logo vem a hora de frear e mais uma curvinha em baixa velocidade. Momento bom para ver a parte ecologicamente responsável do RAV. Dosando o pé, é possível rodar naquele silêncio absoluto sem gastar uma gota de gasolina. No trecho, seguramos só modo elétrico até 50 km/h.

O ambiente a bordo mostra uma clara evolução do RAV. Os materiais aparentam qualidade, enquanto os bancos têm costuras aparentes e abas salientes que acomodam bem o corpo. A posição de dirigir também agrada, mas o volante tem pegada esquisita — mais pela espessura do aro do que pela angulação.

O problema maior da cabine do RAV é o estilo. O quadro de instrumentos é configurável, contudo são só duas opções — e uma delas parece cenário do Caldeirão do Huck. Outros detalhes são bastante "vintage", como os comandos do ar que parecem ter saído dos Corolla e Camry dos anos 2000.

FICHA TÉCNICA

Toyota RAV4 Hybrid
Motor: 2.5, a gasolina quatro cilindros (Atkinson), VVT-iE, 2 elétricos dianteiros (650V), 1 elétrico traseiro para o 4x4
Potência: 178 cv (gasolina); 119 cv (elétricos frontais) e 54 cv (elétrico traseiro); 222 cv combinados
Torque: 22,5 kgfm (gasolina); 12,33 kgfm (elétricos frontais); 12,3 kgfm (elétrico traseiro); combinado: ND
Dimensões: 4,60 (comprimento), 2,69 m (entre-eixos), 1,68 m (altura)
Tanque: 55 litros
Peso: 1.723 kg
Porta-malas: 580 litros
Preço: R$ 165.990 (S) e R$ R$ 179.990 (SX)

* O repórter viajou a convite da Toyota