Topo

Feira mira hospitais privados com ambulância custando até R$ 800 mil

Ambulância luxuosa 3 - Aldo Tizzani/Colaboração para o UOL
Ambulância luxuosa 3
Imagem: Aldo Tizzani/Colaboração para o UOL

Aldo Tizzani

Colaboração para o UOL, em São Paulo (SP)

24/05/2019 07h00

Resumo da notícia

  • Adaptações simples, visando licitações públicas, partem de R$ 17 mil
  • Modelos de até R$ 800 mil são feitos apenas sob encomenda
  • Ambulância "de luxo" tem UTI completa montada sobre furgão
  • Feira Hospitalar vai até 24 de maio, em São Paulo

Saúde pública é um dos assuntos mais delicados do país -- do lado governamental, verbas escassas e licitações que precisam evitar desvios; do lado privado, há um movimento intenso de aquisições e formações de novos grandes grupos de saúde. Neste contexto, diferentes empresas e preparadoras apresentam suas propostas para ambulâncias e veículos do segmento na "Feira Hospitalar", evento que está ocupando três pavilhões do Expo Center Norte, na Zona Norte de São Paulo (SP) desde a última terça-feira (21) e vai até até sexta (24).

Há projetos que partem de R$ 17 mil, mais básicos, usando carros compactos, e que podem ser viáveis para licitações públicas, até alternativas mais "luxosas", feitas sob encomenda, que montam UTIs completas sobre furgões, a custos que chegam aos R$ 800 mil.

Aluguel pode ser saída para licitação?

Falta cerca de um ano e meio, mas as eleições municipais de 2020 já fomentam discussão entre algumas fabricantes de soluções hospitalares. É o caso da Nik´s Veículos Especiais, que faz adaptações que custam entre R$ 100 mil -- no caso de uma picape compacta, como Fiat Strada, Volkswagen Saveiro ou Chevrolet Montana -- e R$ 200 mil -- custo para um furgão -- Renault Master, Fiat Ducato, Iveco Daily ou Mercedes-Benz Sprinter.As adaptações partem da versão básica do veículo, que no prazo de 15 a 20 dias fica apto a receber equipamentos hospitalares. Peças pré-fabricadas em fibra de vidro e ABS, além de toda a parte de mobiliário, agilizam o processo. A empresa é especializada na montagem de UTI, UTI neonatal e semi-UTI e faz a adaptação de cerca de 50 veículos por mês em 2018.

Mauro Vieira, executivo da empresa, alerta que o custo de aquisição e manutenção da frota de ambulâncias para municípios está ficando cada vez mais alto e a saída pode ser por licitar não a compra de veículos/ambulâncias, mas o fornecimento de serviços completos de transporte hospitalar.

"Algumas prefeituras estão optando em fazer licitações para alugar ambulâncias com um pacote completo, ou seja, já com motorista, enfermeiro e médico inclusos", afirma Vieira.

"Como 2020 é ano de eleição, nossas perspectivas para esse ano ainda são boas. Aguardamos a definição do governo, na economia e na política, para que as verbas de licitação sejam liberadas", aponta o executivo. "Quanto melhor a saúde, mais oportunidades no segmento que, atualmente, depende obviamente das políticas públicas".

Ambulância - Aldo Tizzani/Colaboração para o UOL  - Aldo Tizzani/Colaboração para o UOL
Imagem: Aldo Tizzani/Colaboração para o UOL
UTI completa sobre rodas

Eduardo Lourenço, da Alternativa Veículos Especiais, segue a mesma linha de raciocínio de Vieira. "Hoje tudo gira em torno das decisões tomadas pelo governo", afirma o empresário, dizendo que sua empresa trabalha tanto para hospitais privados, como para órgãos públicos.

A Alternativa oferece dois tipos de configurações: ambulância para simples remoções -- furgonetas que partem de R$ 17 mil -- e ambulâncias de suporte avançado -- furgões como as utilizadas pelo Samu e pelo Corpo de Bombeiros. Neste caso, o investimento gira em torno de R$ 50 mil, mais o veículo e os equipamentos hospitalares.

Em 2018, foram cerca de 1.000 veículos adaptados, com prazo médio de personalização de 30 dias.

Ambulância 2 - Aldo Tizzani/Colaboração para o UOL  - Aldo Tizzani/Colaboração para o UOL
Imagem: Aldo Tizzani/Colaboração para o UOL
"Céu é o limite" na saúde privada

Outro projeto visando licitações púbicas é o da picape Chevrolet Montana com capota, sendo convertida em ambulância de transporte com piso ampliado, que comporta uma maca retrátil de 1,90 m de comprimento, conta com isolamento térmico e acústico. Com este tipo de projeto, a Manupa participa de licitações dos órgãos públicos (federal, estadual e municipal), mas também de hospitais particulares e "homecare".

Segundo Manuella Jacob, sócia-proprietária da Manupa, foram mais de 3 mil ambulâncias entregues em 2018 nas unidades de São Paulo, Fortaleza (CE), Vila Velha (ES), Cuiabá (MT), Lauro Freitas (BA) e Manaus (AM).

O processo total -- da assinatura do contrato, recebimento do veículo, adaptações e entrega da ambulância -- dura 90 dias, com valores que variam entre R$ 90 mil para carros de pequeno porte utilizados para simples remoção, até R$ 220 mil, no caso de UTIs completas.

Mas não para aí: com a "guerra" de aquisições no segmento privado, a empresa se movimenta para entregar projetos complexos, com valores elevados.

"Queremos ampliar nossa participação atendendo hospitais privados e o céu é o limite", afirma a empresária. "Dependendo do layout e da complexidade dos equipamentos hospitalares instalados o valor pode variar entre R$ 600 mil e R$ 800 mil", calcula.

Entre diferenciais oferecidos, além de modelos extra-longos, há ambulâncias com armários suspensos, divisão entre e cabine e o compartimento do paciente em aço, macas completas e lugares para todas a equipe médica com revestimento de couro (sintético). Este tipo de projeto envolve furgões de todas as fabricantes, com destaque para Renault, Mercedes-Benz e GM.