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#Avaliação: Toyota Hilux 2019 muda visual sem mexer em receita campeã; veja

Vitor Matsubara

Do UOL, em São Paulo (SP)

16/01/2019 07h00

Picape média que mais vende no Brasil ganha "tapa" no estilo da linha 2019 e nada mais

A Toyota Hilux não é a picape mais moderna do segmento, nem a mais equipada, tampouco a mais prazerosa de dirigir. Mesmo assim, parece que ninguém consegue desbancá-la no segmento de picapes médias no Brasil. Desconsidere o fenômeno da Fiat Toro, que teve mais de 58.400 unidades em 2018, mas que é uma compacta-média. Falando de picapes médias de verdade, a Hilux fechou o terceiro ano consecutivo na liderança, desta vez com 39.278 emplacamentos.

É uma confortável vantagem de 7.517 veículos para a segunda colocada Chevrolet S10 (31.761 unidades). Qual seria o segredo do sucesso?

UOL Carros avaliou a picape na versão Hilux 2019 SRV Flex, vendida por R$ 140.990. Quem não for tão fã assim não conseguirá notar as diferenças. As atualizações foram sutis e se concentram na dianteira. Além de uma nova grade trapezoidal, a picape ganhou para-choque redesenhado. A traseira não foi modificada. As mudanças também foram discretas do lado de dentro, trazendo novas opções de revestimento e painel com novos grafismos. No caso da versão SRV, o visual traz excesso de cromados nos para-choques e nas maçanetas (das portas e da tampa da caçamba).

Bem equipada

Embora esteja longe de ser barata, a Hilux SRV compensa o preço salgado na lista de equipamentos. Entre outros itens, a picape sai de fábrica com sete airbags, controles de estabilidade e de tração, assistente de partida em rampas, sistema de bloqueio do diferencial e ar-condicionado digital com saídas para o banco traseiro. Faltam, porém, sensores de estacionamento traseiros.

A central multimídia com tela tátil de sete polegadas já é conhecida e não foi aprimorada com a estreia da linha 2019. Apesar de oferecer muitos recursos (incluindo até reprodução de DVD e TV digital), ela peca em três aspectos vitais: a ausência de suporte aos sistemas operacionais Android Auto e Apple CarPlay, a baixa sensibilidade ao toque dos dedos e seu funcionamento lento demais.

Motor também é o mesmo 2.7 flex de 163 cv/159 cv e torque máximo de 25 kgfm. Como acontece nas picapes bicombustíveis, o dono provavelmente vai virar cliente VIP nos postos de gasolina da vizinhança. A Hilux faz 4,8 km/l na cidade e 5,6 km/l na estrada se abastecida com etanol. Caso opte pela gasolina, os números são de 6,9 km/l e 8,1 km/l, respectivamente. Nem adianta usar o modo de condução Eco — a diferença não será tão perceptível.

Valente na trilha

A direção também não é mais direta, embora isso não seja tão importante em um veículo grande como uma picape. Importante sim é força, e isso não falta. Diante de uma pista off-road que havia sido duramente castigada com uma tempestade no dia anterior (o que só tornou a brincadeira mais divertida), a Hilux superou a maioria dos desafios com desenvoltura, mesmo sem precisar recorrer à tração 4x4 reduzida na maior parte do tempo.

Já a suspensão independente com braços sobrepostos na frente e eixo rígido atrás faz a picape sacolejar demais no asfalto. Essa sensação desconfortável fica muito menos perceptível no fora de estrada, embora acredito que o dono de uma picape não vá cobrar conforto de sedã de luxo em meio a um lamaçal. Sendo assim, a Hilux tem desempenho elogiável nas trilhas e absorve bem as irregularidades.

Como já dissemos, a Hilux deixou de ser referência no segmento. Perde em modernidade para algumas concorrentes e a reestilização evidencia que se trata apenas de uma atualização visual. Mesmo assim, a picape contraria aquele antigo slogan de uma marca de refrigerantes ao afirmar que "imagem é tudo", sim.

No caso da Hilux, a reputação construída pela própria Toyota no Brasil conta pontos valiosos na hora da compra. Afinal, poucos modelos à venda no país desfrutam de uma imagem tão consolidada junto ao seu público como a Hilux. Assim como seu "quase irmão" Corolla, a picape virou sinônimo de confiabilidade e robustez. Quem já dirige uma Hilux certamente pensará em trocá-la pelo modelo 2019. E quem nunca foi dono de uma sempre considera a picape da Toyota como opção antes de fechar negócio. É assim que a Hilux vai vendo seus rivais pelo retrovisor.