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CES fica mais perto dos automóveis e tira o brilho do Salão de Detroit

Fernando Calmon

Colaboração para o UOL, em Las Vegas (EUA)

13/01/2019 08h00

Quase uma dezenas de marcas olham para o futuro e fizeram até estreias globais no evento

Foi aqui que, aos poucos, os grandes fabricantes de veículos foram se aproximando da alta tecnologia. CES, originalmente uma feira de produtos eletrônicos de consumo, ampliou seu escopo para a tecnologia no sentido mais amplo. A Ford antecipou esse movimento quando em 2011 apresentou a versão elétrica do Focus não no Salão de Automóveis, em Detroit, mas em Las Vegas.

Era apenas uma antevisão do modelo que só estaria disponível em 2012, embora de maneira quase simbólica no mercado americano.

Apenas oito anos depois, veículos ocupam uma parte pequena do CES, mas já são numerosos. Audi, BMW, FCA, Ford, Honda, Hyundai, Kia, Daimler (Mercedes-Benz) e Nissan montaram estandes enxutos, mais voltados para pequenas demonstrações e apresentações. A feira também é mais curta que um salão tradicional, quatro dias. Mas diversas fabricantes decidiram não esperar até esta segunda-feira (14), quando começa o Salão de Detroit.

Assim, a Mercedes fez a estreia mundial da atualização do sedã-cupê  CLA. O modelo mudou pouco, porém ganhou espaço interno. Sua distância entre-eixos, de 2,73 m, é exatamente igual à do Chevrolet Omega 1992 considerado à época um automóvel grande.

BMW avançou com seu conceito i-Next e fez demonstrações sobre o que batizou de realidade mista, com a ajuda de óculos especiais. Trata-se de um SUV grande que indica tendências de estilo da marca alemã, mas certamente não terá portas traseiras de abertura reversa. Também apresentou uma motocicleta autônoma, que se movimenta sem nenhum piloto para conduzi-la. Ao parar, o descanso se abre automaticamente para mantê-la de pé.

Audi mostrou como novidade um novo sistema imersivo de entretenimento a bordo.

A Nissan fez apresentações visuais, em seu estande, de uma tecnologia similar que batizou de "Invisível-a-visível", basicamente de proteção para pedestres que estão fora do alcance visual dos motoristas. A marca japonesa mostrou ainda o elétrico Leaf e+ com autonomia 40% maior que o modelo atual. O preço não foi anunciado, mas estará à venda no Japão e nos EUA neste primeiro trimestre, sem previsão ainda para o Brasil.

Kia e Hyundai não tinham nenhum carro exposto nos seus estandes, enquanto a Honda optou por presença meramente institucional. FCA aproveitou para exibir o que definiu como primeiro monovolume híbrido plugável, o Pacifica, a estar disponível nos EUA.

Hyundai Elevate - Robyn Beck/AFP - Robyn Beck/AFP
David Byron, gerente da Sundberg-Ferar, parceira da Hyundai, apresenta (virtualmente) Elevate, carro que encara escadas e valetas
Imagem: Robyn Beck/AFP

Ford + Volks

A Ford preparou uma demonstração real para os jornalistas, em um pátio de estacionamento, da tecnologia C-V2X (interliga rede celular, veículos e infraestrutura urbana) que permite evitar acidentes em cruzamentos e protege pedestres, mesmo encobertos, mas com o smartphone ligado.

Estreia nos EUA em 2022, quando a rede de telefonia 5G estiver mais difundida. Porém, mesmo com a rede atual 4G o sistema funciona muito bem.

Os testes foram feitos com uma picape F-150, um Audi Q5 e uma moto Ducati, ou seja, não à toa dois produtos do Grupo VW. Na segunda-feira será anunciado no Salão de Detroit o aprofundamento da colaboração entre o grupo alemão e o americano. Especulações dão conta de que algo bem maior poderá acontecer em anos vindouros, depois do anúncio esta semana de forte retração da Ford na Europa.

Já a Byton, nova marca chinesa de carros elétricos, apresentou versões do sedã K-Byte e do crossover M-Byte, de linhas audaciosas, mas sem grandes exageros. Promete ser resposta aos modelos da Tesla com início (prometido) de vendas para o final deste ano.