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Por que o Volkswagen T-Cross europeu é mais invocado que o brasileiro?

T-Cross europeu tem frente mais inclinada e agressiva - Ricardo Ribeiro/UOL
T-Cross europeu tem frente mais inclinada e agressiva
Imagem: Ricardo Ribeiro/UOL

Ricardo Ribeiro

Colaboração para o UOL, em Amsterdã (Holanda)

29/10/2018 07h00

Modelo chega antes que o brasileiro: começo de 2019 por 18 mil euros. Traz semelhanças, mas também visual diferente

O Volkswagen T-Cross europeu fez sua estreia nesta quinta (25), em Amsterdã (Holanda), como parte de uma apresentação global, que incluiu São Paulo (que mostrou o carro brasileiro) e Xangai (China).

Global, o T-Cross usa a plataforma modular MQB A0. Modular porque pode ser adaptada conforme o mercado e daí vem a primeira diferença. Por que o carro mostrado na Europa pode ser mais bicudo, com a frente mais musculosa e mais inclinada que a do carro brasileiro, que é mais "chapada", "quadrada"? UOL Carros preferiu, levemente, o visual europeu, mas vamos tentar abordar a parte prática dessa diferença.

Volkswagen T-Cross Highline - Murilo Góes/UOL - Murilo Góes/UOL
E esse é o T-Cross brasileiro, que é maior, mas mais "caixotinho"
Imagem: Murilo Góes/UOL

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O que muda no tamanho

Fato: o T-Cross europeu seria uma derivação do Polo -- ambos têm 2,565 milímetros de espaço entre-eixos. Já o T-Cross a ser feito no Brasil tem projeto baseado no Virtus, com total de 2,655 mm de entre-eixos. São 85 mm -- ou 8,5 cm -- de diferença.

É importante lembrar também que, na Europa, há o T-Roc, que preenche esse intervalo até o Tiguan, fazendo sentido um T-Cross menor -- o próprio Tiguan é vendido em versão curta. O consumidor europeu também vê o SUV/crossover urbano como outro tipo de veículo, de uso mais descolado. O brasileiro é conservador e ainda pede um carro para viagens longas, de uso familiar e que precisa transportar muita bagagem.

O mesmo acontece com o Renault Captur brasileiro, construído com entre-eixos maior do que o modelo europeu. Vale ressaltar, porém, que enquanto o T-Cross é apenas "esticado" em relação ao irmão feito no Velho Continente, o Captur utiliza outra plataforma --de custo e qualidade mais baixos -- em relação ao homônimo.

"É porque no Brasil o consumidor roda mais quilômetros e muito frequentemente esse modelo é utilizado com toda a família. Então, no Brasil, o modelo precisa ser um pouco mais espaçoso", confirmou a UOL Carros Andreas Krürger, chefe de produto de linha compacta, divisão de responde por T-Cross, Polo e até Golf na Europa. Todos considerados compactos, diferente do que ocorre no Brasil, onde o Golf é médio e onde o T-Cross será alongado.

Na Europa, T-Cross não terá a mesma necessidade de combater nas lojas Jeep Renegade e Honda HR-V, entre outros concorrentes diretos do T-Cross no Brasil.

O que muda no visual

O modelo europeu abusa dos vincos, buscando um ar musculoso. Faróis com linha de LEDs diurnos acentuados, invadem a lateral. É mais arrojado que o T-Cross brasileiro por conta do para-choque mais incisivo e com elementos mais delimitados; pela grade levemente inclinada no prolongamento do capô; e pelo nicho de faróis mais alongado.

Já no caso do brasileiro, temos um aspecto mais "achatado", perdendo alguns pontos em agressividade.

Segundo Klaus Bischoff, diretor-chefe de design da Volkswagen, a dianteira do Europeu, em suas versões padrão, lembra propositalmente "o Touareg, com a identidade em T". Aliás, como já apontamos, tanto T-Cross, quanto o novo Touareg são criações do designer brasileiro Arnaldo Cruzeiro, originário de Minas Gerais, mas radicado na Alemanha há algum tempo.

Lanternas conectadas por uma única peça com fio luminoso completam uma traseira muito bem resolvida.

Há também uma questão de legislação. O carro europeu precisa ter sistemas que protegem pedestres em caso de atropelamento -- o modelo tem, de série, alertas de colisão com pessoas, obstáculos sólidos e outros veículos, ao passo que pode ser equipado ainda com ACC adaptativo e frenagem automática entre outros sistemas semi-autônomos. Por conta dessa questão de segurança, o projeto pode ter recebido essa angulação diferente em relação ao T-Cross brasileiro.

Já o interior tem elementos de Polo (e também do Virtus, no caso do brasileiro), mas tanto o modelo europeu quanto aquele mostrado em São Paulo exibem acabamento evoluído no comparativo com hatch e sedã. Há misturas de padrões e texturas em detalhes, que podem ser diferentes nos vários mercados, mas serão usadas.

O quadro de instrumentos digital (12,3 polegadas) e a central multimídia (8 polegadas), que integra celular e aplicativos são diferenciais no europeu e estão confirmados para o Brasil apenas nas versões mais caras. Haverá tom de teto constrastante diferente do padrão brasileiro. Mas só o brasileiro terá teto solar (opcional), saídas de ar e duas conexões USB de carregamento rápido para o banco traseiro, além dos acessos para bancos dianteiros.

Equipamentos e motorização

O T-Cross europeu aposta, como outros modelos de seu tempo, em sistemas de assistência e segurança. Além dos itens citados acima, há ainda pacotes com alerta de mudança de faixa e detector de fadiga. As versões, porém, ainda não foram detalhadas -- isso só mais perto do final do ano, já que o carro começa a ser vendido no começo aqui na Europa no começo de 2019.

Com fabricação em Navarra (Espanha), onde já é feito o Polo europeu, o T-Cross "gringo" estará disponível com motores turbo a gasolina TSI, sendo 1.0 de 95 cv ou 115 cv (3-cilindros), e 1.5 de 150 cv (4-cilindros), além do diesel 1.6 TDI de 95 cv. Há opções de câmbio manual de cinco marchas e seis marchas, além do DSG-7 (automatizado, dupla embreagem) para o gasolina mais potente.

A tabela ainda não está finalizada, mas é esperado que o T-Cross comece em 18 mil euros.