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Volvo S60 agora é "made in USA" e vem ao Brasil em 2019 para peitar alemães

Fernando Miragaya; Eugênio Augusto Brito

Colaboração para o UOL, em Santa Monica (EUA); do UOL, em São Paulo (SP)

11/10/2018 12h50Atualizada em 12/10/2018 12h02

Nova geração chega em julho, com aspecto mais esportivo, refino e tecnologias semi-autônomas; resta saber o preço

Depois de apostar toda sua reestruturação em veículos mais lucrativos, com SUVs feitos para todos os segmentos de atuação (o compacto XC40, o médio XC60 e o grande XC90, todos com visual arrojado e tecnologia semi-autônoma a bordo), chegou a vez da sueca Volvo voltar a olha com carinho para um de seus segmentos originais, o de sedãs médios.

Assim, a marca está fazendo nesta semana a apresentação global á imprensa especializada da nova geração de um de seus principais modelos, historicamente falando, mas com uma mudança de caráter crucial: o novo S60 promete ser mais esportivo, mas ao mesmo tempo mais econômico e tecnológico.

Está certo que o novo sedã chega ao Brasil apenas em julho de 2019 -- a perua derivada V60 já é vendida, mas atua num segmento pouco representativo, infelizmente. Como a Volvo não participa do Salão do Automóvel de São Paulo, contato inicial o público brasileiro ficará restrito a eventos próprios da marca a partir do segundo trimestre do próximo ano. Também é certo que, inicialmente, apenas as versões topo de gama estarão disponíveis: R-Design e Polestar (subgrife esportiva da marca).

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Como encarar os alemães

Apesar de chegar apenas com versões mais equipadas -- e portanto mais caras -- do S60, a Volvo já avisou que apostará na relação custo-benefício para tentar se destacar no segmento premium -- mas não terá vida fácil contra os alemães.

Tecnologia, desempenho dos motores e design serão chamariz, segundo a marca, para vender entre 1.000 e 1.500 unidades anuais do S60 no Brasil. Desta forma, quer saltar do tímido 1,5% de participação que a antiga geração tinha no segmento de sedãs médios de marcas premium, para 15%.

A Mercedes-Benz acaba de renovar seu Classe C, que agora conta até com versão "mild-hybrid" (baterias reforçadas dando uma espécie de boost elétrico, além de permitir maior economia de combustível), enquanto a BMW definiu a chegada da nova geração do Série 3, altamente tecnológica e com visual agressivo, para o primeiro semestre de 2019. Há ainda o Audi A4 com boa dose de equipamentos e que também terá mudança visual em breve.

Contra este tipo de concorrência, a Volvo iniciará a importação do S60 com as versões de topo: R-Design, com motor T6, 2 litros, com turbo e compressor, 320 cavalos, 40,7 kgfm, tração integral; e Polestar: T8, híbrido, com o mesmo motor 2.0 acoplado a um gerador elétrico, que despeja sua força sobre o eixo traseiro e amplia a potência a 420 cv totais, para fazer o 0-100 km/h em 4,3 segundos, além de detalhes da grade em preto brilhante, rodas de 19 ou 20 exclusivas, suspensão esportiva Ohlins, freios Brembo com pinças amarelas, entre outros itens. 

Em qualquer configuração, a transmissão é automática de oito marchas.

Assim como acontece com o XC60 e com a perua V60, o S60 deve vir com generoso pacote de itens de série. Destaque para o sistema de condução semiautônoma "Pilot Assist", com Munido de sensores, radares e câmera de 360 graus permitindo modo semi-autônomo de condução em velocidades de até 130 km/h. Visualmente, capô longo, frente robusta, vincos bem discretos e traseira arrebitada são adendos arrojados ao desenho clássico e bem definido de sedã. 

O carro também está maior. Feito sobre a plataforma SPA, tem 9,6 cm a mais no entre-eixos e 12,6 cm a adicionais no comprimento. Ao mesmo tempo, ficou mais baixo, para ter melhor centro de gravidade (e estabilidade): menos 5,3 cm.

"Sedã é a praia dos alemães, mas estamos tão bem em outros segmentos que apostamos em um bom desempenho do S60 nas vendas", afirmou Leandro Teixeira, diretor de marketing e de produtos da Volvo Cars Brasil. "Confiamos no nosso carro", completou.

Preços para o Brasil ainda não estão definidos. Nos Estados Unidos, o S60 R-Design parte de US$ 42.545 (R$ 160.300 diretos) -- este valor é promocional e, curiosamente, US$ 5 mil mais em conta do que a mesma versão da geração atual por lá. Nas versões de entrada, o novo S60 acaba sendo US$ 1.500 mais caro, na média. Não há previsão de preço do S60 Polestar nos EUA, ainda.

No Brasil, UOL Carros espera algo entre R$ 180 mil e pouco acima dos R$ 200 mil para a primeira versão disponível -- isso considerando que a perua V60, que é fabricada na Europa, chega por R$ 200 mil. Para o Polestar, nada muito abaixo dos R$ 300 mil, infelizmente.

Mudança de passaporte

Fábrica em Charleston (no estado americano da Carolina do Sul), onde o novo S60 é feito, acaba sendo "estratégica", nas palavras de executivos da Volvo, para os planos da marca no Brasil, ainda que seu objetivo inicial não tenha sido este. Aliás, num primeiro pensamento, parece estranho apostar que um carro de origem norte-americana possa ser economicamente viável no Brasil. 

Mas o motivo para esta nova visão empresarial está nos constantes ataques do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, com ameaças infindáveis de sobretaxação e instalação de barreiras alfandegárias, aos produtos produzidos não apenas na China, mas também na Europa. 

Como isso traz impactos ao Brasil? Uma possível barreira americana a produtos europeus pode deixar toda a linha de carros produzidos pela Volvo em Gotembrugo (Suécia) e Gent (Bélgica), inviáveis -- a marca ainda tem fábricas na China (em Chengdu e Daqing). E isso até mesmo para outros mercados, como o Brasil. A solução, então, seria transferir boa parte, senão toda a linha, para os EUA.

Além do S60, a instalação pode fabricar também o sedã grande S90 (e sua configuração perua), bem como os SUVs de luxo XC60 e XC90, todos construídos sobre a mesma plataforma modular (a SPA). Destes, apenas o S90 ainda não é vendido no Brasil, embora já esteja em exibição. Ou seja, se a situação político-econômica apertar, mais modelos poderão chegar ao Brasil da América do Norte -- e algo que parecia um mau negócio pode se converter em salvação da lavoura.