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Europa já tem mais de 1 milhão de carros elétricos e híbridos; veja como

Ricardo Ribeiro

Colaboração para o UOL, em Oslo (Noruega)

28/08/2018 13h14Atualizada em 28/08/2018 15h37

Frota limpa cresce 42% este ano no continente, que planeja banir motor a combustão até 2040

A venda de carros elétricos e híbridos plug-in (aqueles que carregam suas baterias na tomada, além de serem abastecidos com combustíveis tradicionais) na Europa atingiu 195 mil unidades no primeiro semestre de 2018 -- crescimento de 42% na comparação com o mesmo período em 2017. Os dados são da consultoria especializada em elétricos "EV Volumes", a partir de números oficiais de fabricantes e autoridades de cada país.

Foram considerados modelos efetivamente entregues ao consumidor e emplacados, uma vez que atrasos em entregas ainda são comuns no segmento.

O primeiro semestre deste ano já é quase todo o ano de 2015, em volume: naquele ano, foram emplacados apenas 196 mil elétricos e híbridos. Em 2016, registrou-se só 7.000 unidades a mais (222 mil). Já em 2017, a venda subiu para 308 mil veículos.

A previsão é de que o mercado europeu encerre 2018 com 430 mil veículos movidos a eletricidade vendidos. A participação ainda é pequena, cerca de 2% de um total de 18 milhões carros e comerciais leves. Mas a taxa anual de crescimento vem subindo consideravelmente: a frota circulante de veículos elétricos e híbridos na Europa, que no final de 2017 estava em 930 mil, passou de 1 milhão. Se a previsão de 430 mil unidades se manter, chegará a 1,35 milhão no final deste ano.

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Game of Thrones elétrico

Exceto na Dinamarca, onde planos complexos de taxação de carros verdes confundem o mercado, os países nórdicos lideram a adoção de veículos elétricos e híbridos.

A Noruega segue à frente em eletrificação, com 36.500 unidades entre janeiro e junho deste ano. A previsão é de que chegue a 84 mil em 2018. De cada três carros vendidos no país, um já é elétrico ou híbrido. O balanço deve chegar a 45%, muito acima da média do continente, que é 2%, em breve.

Neste "Game of Thrones verde", a Noruega começou alguns anos antes de outros países e age como a Winterfell da ficção. O governo zerou todos os impostos de elétricos e híbridos, incluindo o IVA (Imposto de Valor Agregado), principal tributação da Europa, que incide sobre qualquer compra. Os modelos também não pagam pedágios ou zonas de estacionamento público controlado e podem acessar corredores de ônibus.

A eletricidade de baixo custo, com muita geração eólica no mar, também ajuda. Os incentivos claros e estáveis popularizaram os verdes no país até para o transporte de cargas leves.

A Islândia está em uma posição similar. Embora tenha um mercado pequeno, é a segunda maior taxa, seguida por Finlândia e Suécia, que completam o domínio do Norte, em participação de mercado.

No entanto, assim como Lannisters ameaçam Starks, a Alemanha, o maior mercado de veículos da Europa, deve passar a Noruega, no final deste ano.

Depois de crescer mais de 100% em 2017, elétricos e híbridos tiveram alta de 52% no primeiro semestre de 2018 e são esperados um total de 88.500 emplacamentos até dezembro, acompanhando um aquecimento geral nas vendas do mercado alemão.

Para se ter uma ideia, em 2016, a Alemanha emplacou apenas 30 mil elétricos e híbridos. Com a meta ambiciosa de chegar a uma frota de 1 milhão veículos do tipo até 2020, o país aposta em subsídios federais de até 4.000 euros -- cerca de R$ 20 mil.

Elétricos Europa - Lionel Cironneau/AP - Lionel Cironneau/AP
Incentivos públicos pesados e centenas de pontos de recarga: a realidade que muda o jogo na Europa
Imagem: Lionel Cironneau/AP

Um pequeno se destaca

No ranking de vendas verdes, depois de Alemanha aparecem Reino Unido e França. Mas vamos falar de um exemplo ultra positivo, ainda que modesto. 

Em Portugal, onde menos de 250 mil veículos são emplacados por ano, a venda de modelos apenas elétricos dobrou no ano passado, com 1.640 unidades. Até junho deste ano, essa marca já tinha sido superada, com 1.868 emplacamentos.

Novamente, os incentivos falam mais alto. Em 2017, o governo português passou a oferecer um bônus de 2.250 euros para 1.000 compradores, por ordem de inscrição. O subsídio foi mantido neste ano e já se discute a ampliação da verba do Fundo Ambiental. Os elétricos portugueses também não pagam o ISV (Imposto Sobre Veículos), equivalente ao IPVA brasileiro.

Outra fator decisivo é a ampliação da rede de recarga. Só em Portugal, com tamanho equivalente a um ou dois Estados brasileiros, há 500 pontos públicos de recarga. Em toda a Europa, segundo a EV Volumes, são mais de 100 mil pontos, sem contar os pontos privados, como garagens de shoppings.

Modelos mais vendidos

Ao contrário dos EUA, o novo Nissan Leaf teve um começo bem sucedido na Europa e desbancou a Renault Zoe, líder de longo prazo, da primeira posição. Respectivamente 18.080 e 17.394 unidades vendidas de janeiro a junho deste ano, em toda a Europa.

Outro 100% elétrico, o BMW i3, aparece em terceiro, com 11.348 unidades vendidas, seguido por Mitsubishi Outlander PHEV (híbrido) e Volkswagen Golf elétrico.

Lançamentos recentes, como os híbridos Volvo XC60 e Porsche Panamera, e a opção elétrica da nova geração do Smart, tiveram crescimento expressivos. Mercedes GLC e Outlander perderam mercado.

Cadê meu carro?

O fornecimento pode definir limitações, especialmente para os modelos totalmente elétricos. Os estoques na Europa são apertados para a maioria dos modelos e alguns têm longas listas de espera.

Alguns fabricantes já anunciaram um aumento na produção. É o caso de VW e-Golf e o BMW i3. No entanto, a situação de outros, como o Hyundai Kona, que tem 7.000 clientes em espera só na Noruega, não está clara.

De acordo com o levantamento da "EV Volumes", fabricantes tem apenas quatro dias de fornecimento em estoque e a entrega demora dois meses, em média. Modelos com mais de 10 mil pedidos não cumpridos, cada um, são Kona, e-Golf, Jaguar i-Pace e Nissan Leaf e, claro, o Tesla Model 3, incógnita global.