Topo

Avaliação: Toyota Prius, carro mais econômico do país, é melhor que Corolla

Eugênio Augusto Brito

Do UOL, em São Paulo (SP)

18/07/2018 18h53

Híbrido de R$ 126.600 tem equipamentos e consumo que apontam o futuro da Toyota e do próprio Corolla

Espaçoso, cheio e tecnologia, muito seguro e dono do título (oficial, segundo o Inmetro) de carro mais econômico do Brasil. Esse carro deve vender muito, certo? Deveria, mas a realidade é mais complicada quando falamos do Toyota Prius, modelo híbrido mais vendido do mundo e também no Brasil.

Ao mesmo tempo, o Prius é o carro de passeio mais equipado e avançado da Toyota aqui no país — nesta quarta geração, que está no Brasil desde 2016, ele consegue ser mais interessante e equipado que o campeão de vendas da Toyota, o Corolla, o que significa muita coisa. Só que o Corolla emplacou 28.600 unidades entre janeiro e março, lidera entre carros médios e fica sempre entre os dez modelos mais vendidos do país em todas as categorias.

Já o Prius acumulou 1.472 unidades no primeiro semestre, o que já é um avanço enorme frente às pouco mais de 2 mil unidades de 2017, mas que o coloca "apenas" como 9º colocado entre os sedãs médios. Não é só uma questão de preço: ele tem uma só versão, a R$ 126.600 — esse valor pode ter redução até o final do ano, mas falaremos disso em outro momento.

É um preço salgado, mas no mesmo nível das versões mais completas do próprio Corolla (o Altis 2.0 custa R$ 118.990), do Civic (o Touring 1.5 Turbo custa o mesmo) e dos demais rivais.

Se ele é tão ou mais equipado, é mais econômico (fizemos 17,5 km/l de gasolina na média, obtida após mais de 1.500 quilômetros de teste — há relatos de gente fazendo mais de 20 km/l) e ainda é isento do rodízio (na cidade de São Paulo) e pode ter benefícios de IPVA em outras localidades, por unir o motor a gasolina a outro elétrico, por que não vende mais? UOL Carros avaliou o modelo não como um carro eletrificado, algo que ainda assusta as pessoas, mas como um modelo comum, que pode ser usado rotineiramente sem susto algum. Vale desligar seu preconceito, conferir nossa avaliação e testar um você também.

Veja mais

+ Rota 2030: fica mais barato comprar híbrido e elétrico?
+ Toyota e BMW são melhores marcas para quem compra carro
+ Quer negociar hatches, sedãs e SUVs? Use a Tabela Fipe

+ Inscreva-se no canal de UOL Carros no Youtube
+ Instagram oficial de UOL Carros
+ Siga UOL Carros no Twitter

Muito recheado

Feito sobre a plataforma TNGA (modular, é a mais avançada do grupo japonês neste momento), que só será usada na próxima geração do Corolla, o Prius e gostoso de dirigir. O motorista fica bem posicionado, tanto dentro da cabine (com todos os comandos próximos), quanto em relação ao solo, com boa altura e visibilidade. Sua construção permite que o carro tenha boa dinâmica, acima da média dos rivais, em acelerações, retomadas e contorno de curvas.

Apesar de carregar dois motores e o kit de gerador e baterias, o Prius roda leve. Não, a direção não é solta demais: ela se porta de modo mais suave em manobras urbanas (neste ponto, o carro tem ainda câmera de ré com dois ângulos — só um apito — que não é um sensor de estacionamento, mas um alarme — atrapalha) e fica mais firme na condução em velocidades maiores, do jeito que deve ser.

Tem carroceria construída de modo a ter maior durabilidade e rigidez. Tem controles de estabilidade e de tração, além de sete airbags, mas também é largo e próximo ao solo o bastante para ter todo um conjunto primoroso em termos de condução segura.

Se o painel de instrumentos fica na posição central que, de fato, não é a melhor, pelo menos há muita informação útil ali (aliás, há informação até demais e leva-se um tempo para se acostumar às diversas telas). E ainda tem o head-up display, que projeta velocidade, consumo e carga da bateria, por exemplo, na altura do para-brisa.

Faróis e lanternas totalmente em LED com acionamento automático, carregador de celular sem fio, ar-condicionado que reconhece o total de pessoas no carro para ativar mais zonas de resfriamento, TV digital, som premium da grife JBL, piloto automático comum (faltou o modo de acelerar e reduzir a velocidade sozinho existente no Japão) complementam as opções dentro da cabine ampla e arejada. E ainda tem a frenagem automática de emergência, que pode salvar geral em caso de batida sem tempo de reação do condutor.

Também é interessante falar do espaço interno: tem os mesmos 2,70 m do Corolla, carrega quatro adultos e uma criança tranquilamente e teria ótimos 512 litros de porta-malas... não fosse o estepe obrigatório roubando o lugar de 100 litros. Ainda assim, temos ali 412 l de capacidade para bagagens, com amplo acesso.

Assim, nada disso é desmérito na escolha do modelo, pelo contrário. O Prius, como dissemos, se mostra uma boa escolha não só na comparação com o Corolla, mas com qualquer rival.

Toyota Prius 2016 - Murilo Góes/UOL - Murilo Góes/UOL
A bela cabine do Prius... com o senão do painel de instrumentos em posição central
Imagem: Murilo Góes/UOL

Anda normalmente

Andar com o Prius talvez seja o que mais assuste, num primeiro pensamento. Há muito medo e preconceito com modelos elétricos e híbridos no Brasil. Mas, na prática, podemos afirmar: você não vai passar susto a bordo de um híbrido como o Prius, pelo contrário. Ele não é plug-in, ou seja, você não precisa usar uma tomada para carregar as baterias. E nem vai ficar a pé, sem energia. O Prius está mais para um carro comum: você vai ao posto, enche o tanque de gasolina e usa.

Seu sistema associa um motor 1.8 a gasolina (ciclo Atkinson, que também tem quatro tempos de funcionamento, mas com fase de admissão e emissão na câmara de combustão mais longos) ao conjunto de câmbio, gerador (e mais inversos/conversor) e bateria elétricos de modo que você tenha o melhor dos dois sistemas sem se preocupar.

Por funcionar de um jeito diferente dos motores puramente a combustão, o 1.8 do Prius acaba sendo peculiar: ele tem potência parecida àquela do Yaris 1.3 (98 cavalos, 14,2 kgfm), mas promete consumir como um 1.0. Além disso, é ele quem carrega as baterias elétricas e isso ocorre a todo instante: quando você não está pisando no acelerador ele está carregando o sistema. Também é possível forçar o carregamento com um toque no botão de modos de condução. E ainda há o carregamento por regeneração, nas frenagens.

No sistema elétrico, temos mais 72 cv e 16,6 kgfm. Juntando tudo, são 123 cv totais. Já o torque é sempre instantâneo, uma vez que o Prius prioriza saídas no modo elétrico. De fato, na rodovia, ele é pouco elástico, sem muita velocidade final, mas acelera rapidamente e não te deixa na mão. É um carro para chegar bem, com conforto e economia. Não é um esportivo, óbvio (ainda que outros elétricos e híbridos do mercado já o sejam).

Em algumas situações, especialmente no trânsito da cidade, é possível andar só no modo elétrico (EV), se você estiver em um trajeto que demande velocidade máxima de até 40 km/h, desde que você não pise forte demais no acelerador. Assim, teremos zero consumo de gasolina por até 40 quilômetros, se a carga da bateria estiver cheia. Andar na cidade, aliás, é o que Prius faz de melhor, uma vez que usará as constantes paradas para poupar gastos (graças ao start/stop e ao modo EV) e as frenagens para recarregar energia.

No total, e dependendo do trajeto, dá para rodar 600 quilômetros com um tanque. E essa a nossa principal questão: se o tanque do Prius fosse de 60 litros, como no Corolla, não de 45 litros, seria possível chegar aos 1.000 km de autonomia. Fica a dica para o projeto do Prius Flex (que dará origem ao motor do novo Corolla).

Para quem vai comprar o carro, claro, vale ainda saber da questão de custos: a Toyota promete manutenção no mesmo patamar do Corolla (cerca de R$ 3.400 pelo conjunto de revisões e pacote de peças no mesmo patamar), sendo que há menos peças para serem revisadas. E a garantia é de três anos ou 100 mil km/h para o veículo em si, sendo que o conjunto elétrico tem garantia de oito anos para uso de pessoa física (uso comercial reduz esse prazo a três anos). "E depois disso?", alguns perguntam: na prática, não é todo mundo que fica com um carro comum por mais de cinco anos, então o critério deveria ser o mesmo para o híbrido. De toda forma, sim, é preciso fazer a reciclagem de todo o conjunto de baterias depois desse prazo, questão com a qual o mundo ainda está aprendendo a conviver.