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Quer um carro médio da Fiat? Esqueça: marca vai de pequenos, SUVs e picapes

Tipo sedã: importado para a Argentina, já esteve nos planos do Brasil, mas... ficaremos mesmo na vontade - Murilo Góes/UOL
Tipo sedã: importado para a Argentina, já esteve nos planos do Brasil, mas... ficaremos mesmo na vontade
Imagem: Murilo Góes/UOL

Leonardo Felix

Do UOL, em São Paulo (SP)

26/06/2018 04h00

Grupo FCA "ignora" hatches e sedãs médios em seu plano de lançamentos e mostra que segmento está definhando

O grupo FCA resolveu abrir o jogo. Claro que não contou todos os planos em detalhes, mas ao ver que Volkswagen -- com um plano de 20 novos carros até 2020 -- e General Motors -- 30 novos produtos até 2022 -- não economizaram promessas, resolveu anunciar o seu próprio "pacotão de lançamentos" para cinco anos.

Serão 25 novidades ao todo, sendo 15 da marca Fiat e outras 10 compartilhadas entre Jeep e Ram. UOL Carros já sabe quais serão 15 delas, e você pode conferir nossa lista completa aqui. Depois de acessá-la, responda à pergunta: percebeu alguma curiosidade nos modelos apontados?

Pois é: não há nenhum modelo de porte médio programado para a Fiat, seja ele hatch ou sedã. Lembra do antigo plano para nacionalizar a família Tipo por aqui? Pois esqueça dele. Nem mesmo um SUV intermediário parece fazer parte do cronograma. Afinal, do crossover compacto do Argo a marca italiana saltará a um "suvão" de sete lugares baseado na configuração esticada do Jeep Compass.

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Em busca do que dá retorno

Não que a Fiat tenha sido algum dia referência na comercialização de modelos médios. No entanto, é notório que nos últimos 25 anos a marca se esforçou para marcar território num segmento de bom valor agregado. Tipo, Tempra, Brava, Marea, Bravo e Linea estão aí para provar. Por que decidiu, então, abandonar de vez o barco?

Resposta: porque mesmo ao abdicar dessa briga a Fiat não vai perder espaço. Pelo contrário. "Atualmente a Fiat possui briga em segmentos que abrangem cerca de 67% do mercado. Com os lançamentos que faremos até 2022, especialmente os três SUVs, a meta é ampliar esse percentual", disse Antonio Filosa, presidente do grupo FCA para América Latina, durante o encontro com jornalistas em que revelou a estratégia da empresa para os próximos cinco anos.

Ou seja, o problema aqui não está exatamente na Fiat, mas sim na falta de atratividade de dois segmentos que têm sido muito afetados pela invasão dos utilitários. UOL Carros já alertou que sobraram meros três modelos brigando entre os hatches médios generalistas, e com a iminência de o Ford Focus deixar logo a disputa.

Entre os sedãs médios a debandada também começou: Renault Fluence, Peugeot 408 e JAC J5 já saíram de cena. Ford Focus Fastback tem tudo para ser o próximo (pelo mesmo motivo do hatch), e não se espante se outros players fizerem o mesmo. Afinal, qual a vantagem de lutar pelas migalhas deixadas por Toyota Corolla e Honda Civic? Somente produtos globais, como Volkswagen Jetta, Chevrolet Cruze e Nissan Sentra, terão força para sobreviver por ali.

Sendo assim, a decisão da Fiat parece totalmente compreensível. Encolhida na Europa, a marca italiana precisará apelar mais do que nunca às soluções locais para não virar peixe pequeno e ser engolida por tubarões no Brasil. Para isso, terá de focar todos os seus recursos no que sabidamente dará retorno: hatches e sedãs compactos, SUVs/crossovers e picapes.

O máximo que fará será posicionar algumas versões de Argo e Cronos numa faixa de preço um pouco superior, entre R$ 60 mil e R$ 80 mil, a fim de invadir o espaço das versões de entrada de modelos médios. E ficará nisso. Carro médio? Para a Fiat neste momento não, obrigado.