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Avaliação: Renault Kwid é barato, mas anda bem? Assista teste da versão Zen

Leonardo Felix, Eugênio Augusto Brito

Do UOL, em São Paulo (SP)

04/06/2018 04h00

UOL Carros mostra forças e derrapadas da versão intermediária, de R$ 38 mil

Honesto. Boa parte dos especialistas define assim o hatch subcompacto Renault Kwid. Por quê? Porque tirando a bizarra campanha comercial que o classificava como "SUV dos compactos", nunca se propôs ser nada que não fosse: um carro de entrada pequeno e de força contida, mas com agilidade para uso urbano.

Não é nem diz ser o carro mais bonito, mais veloz, mais forte ou mais equipado do segmento. Ainda assim, fez história e surpreendeu muita gente.

Chegou ao mercado com preço abaixo dos R$ 30 mil, teve campanha de lançamento entrada de R$ 1.000 dividida em três vezes no cartão de crédito, levou duas medalhas no Prêmio UOL Carros 2017 (segundo em Destaque do Ano; terceiro em Inovação/Tecnologia) e chegou a ser, por curto período, o segundo mais vendido do mercado.

Ah! E pode ser comprado totalmente pela internet. Este ano é o sexto mais vendido do mercado (quase 25 mil carros) e sempre gera assunto. Mas será que fora o "boca a boca" e´um carro bom para se dirigir? Vamos avaliar!

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Na prática

UOL Carros testou a versão intermediária do Kwid, chamada Zen, que é a mais vendida e e custa R$ 36.740 mais R$ 1.400 pela pintura prata metálica. Total: R$ 38.140.

De fato, é um carro fácil de estacionar e até valente, pois possui boa altura do solo. Sua proposta é bem interessante para quem utiliza um automóvel quase 100% na cidade. Poderia esterçar melhor, verdade, e poderia sentir menos o tranco quando encara valetas, lombadas mal-feitas e buracos monstruosos. O condutor vai sentir quase como se o carro todo se perdesse dentro desses obstáculos cotidianos do trânsito brasileiro.

De um lado, culpa das rodas demasiadamente pequenas e finas. Do outro, das suspensões moles e barulhentas.

Vai bem

Como dito, surpreende pela agilidade na cidade, apesar de ter apenas 66/70 cv. Torque em regimes baixos (pico de 9,8 kgfm com etanol) e peso (779 kg) contribuem para isso. Carro também é valente, possui ótima altura do solo e, claro, é econômico.

Foram duas sessões de testes com quase 400 km anotados cada. Na primeira conseguimos média de 10 km/l com etanol em uso misto. Na segunda oportunidade, pegando mais um pouco de estrada, foram 14 km/l. Dados foram obtidos sempre com etanol no pequeno tanque de 38 litros e com ar-condicionado ligado. Para dar mais jogo de cintura ao condutor, seria bom ter um tanque maior e um computador de bordo mais completo.

De toda forma, como dissemos, pacote de equipamentos é igualmente honesto: ar manual, direção elétrica, vidros elétricos dianteiros, travas elétricas, alarme e rádio com Bluetooth e entradas USB e auxiliar. Ou seja, o básico que a maioria procura em um carro popular, ainda que haja simplicidade extrema em acabamento e detalhes de alguns equipamentos.

Na hora que importa, a de entrar em movimento, percebe-se câmbio muito bem escalonado e com engates bons e leves -- já dissemos que é o melhor câmbio da Renault no Brasil mais de uma vez. Além disso, sempre traz quatro airbags, carroceria reforçada e o aval de três estrelas no teste do Latin NCAP (máximo por não ter controle de estabilidade).

De quebra, tem preço fixo de revisões mais barato até 60 mil km em comparativo com up!, Mobi e QQ, rivais diretos.

Derrapadas

Claro, há o que se melhorar, dona Renault. Apesar da aparente correção do acabamento, após alguma quilometragem pudemos perceber que as peças de plástico soltam fácil e tendem a fazer ruído e a bater. Painel e tampão do porta-malas são pontos críticos. Pinos nas travas e ausência de borracha nos vidros, idem.

Apesar da boa movimentação, não conseguimos relaxar com os freios: pedal é muito mole e fundo, gerando sensação de "anestesia" e forçando o condutor a sempre frear com mais vigor que o normal. Além disso, há o "fantasma" do recall anunciado no ano passado justamente por uma falha grave nos freios. Em fóruns e grupos sobre o Kwid também há um número considerável de pessoas reclamando de falhas relacionadas às suspensões.

No mais, bancos e volante carecem de qualquer tipo de ajuste, o que compromete a ergonomia. Carro também é muito estreito e oferece pouco espaço para os ombros, além do já esperado aperto para as pernas na fileira de trás. Tudo isso deixa a cabine incômoda se você for dividi-la com familiares ou amigos. Pelo menos há bom porta-trecos à frente da manopla de câmbio e espaço sensato para cabeças e para bagagens no porta-malas.

No fim, o pior mesmo está nas rodas de 14 polegadas (pneus 165/40) e três parafusos. Nem vidros muito finos e baixa potência são contratempos como elas, até porque são características conhecidas (como dissemos ao apontar o "honesto").

Só, de fato, os aros pequenos demais para a vida real (ainda mais com pneus muito finos), questão realçada pela falta de de barra estabilizadora nas suspensões, comprometem o desempenho em obstáculos, algo que não ocorreria com um "SUV" propriamente dito.

Mas como se trata, mesmo, de um hatch urbano, podemos considerar todo o resto e dizer, honestamente, que o Kwid vale se o cliente estiver esperto em tudo que, por questões de custo, ele deixa de proporcionar.