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Avaliação: Nissan Kicks é um SUV econômico? UOL Carros responde

Leonardo Felix

Do UOL, em São Paulo (SP)

02/06/2018 08h00

Rodamos 1.400 quilômetros com versão SL, de quase R$ 100 mil, para tirar a prova sobre o consumo

Em tempos de reflexão forçada sobre desperdício de combustível no trânsito, UOL Carros resolveu colocar o Nissan Kicks para um desafio diferente: rodar mais de 1.000 quilômetros para conferir se o SUV compacto é tão econômico quanto promete.

Com um ano de fabricação no Brasil (em Resende/RJ), o modelo vive seu melhor momento no mercado -- chegou a liderar a tabela de vendas em março e tem seguido bem posicionado. Além disso, aparece como o mais econômico do segmento, segundo o programa de etiquetagem veicular do Inmetro, com média prometida de 13,7 km/l na estrada com gasolina. Apenas o Suzuki Vitara empata com ele nesse quesito. Será que procede na vida real?

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Kicks foi além

Versão avaliada foi a de topo, SL, dotada de pacote opcional com alerta anticolisão frontal, assistente de frenagem emergencial e faróis com luz de posição em LED. Preço: R$ 98.890. Percurso foi formado por uso urbano em São Paulo, além de viagens a Belo Horizonte e região (MG), incluindo trechos de terra, cascalho e até pedra -- o percurso total foi bem além dos 1.000 km aliás: percorremos 1.400 km.

Com quatro adultos a bordo mais respectivas bagagens e gasolina no tanque, o modelo entregou até mais do que se esperava. Na cidade, mesmo por vezes encarando engarrafamentos, a autonomia prometida pelo computador de bordo esteve sempre próxima a 10 km/l. Em rodovia, o "grosso" de nosso roteiro, o combustível rendeu tranquilamente mais de 15 km/l rodando em trechos de 80, 100 ou 110 km/h.

Como os quilômetros rodados no fora-de-estrada foram poucos, a conta final ficou em ótimos 14,6 km/l ao fim de nossa aventura. Dois tanques e meio foram necessários para completar o trajeto, e poderíamos ter completá-lo reabastecendo apenas uma vez se o Kicks oferecesse mais do que apenas 41 litros no reservatório, um nível muito acanhado para um veículo desse porte. No caso de um Honda HR-V, por exemplo, a capacidade máxima é de 51 litros.

Por que tão eficiente

É preciso reconhecer o ótimo trabalho de calibração do conjunto formado pelo motor 1.6 4-cilindros aspirado e pelo câmbio CVT (continuamente variável). Muita gente ainda reclama dos dados supostamente acanhados de potência e torque -- 114 cv (a 5.600 rpm) e 15,5 kgfm (a 4.000 giros), ambos com qualquer combustível. Acontece que o trem-de-força com comportamento suave e relativamente elástico aliado à carroceria leve e bem construída são, de fato, os trunfos do Kicks.

Pesar apenas 1.142 quilos, enquanto os rivais costumam passar de 1.300 kg, e usar pneus de baixa resistência ao rolamento têm sua parcela de contribuição.

Além disso, quem espera pelos típicos "gritos" proporcionados pela transmissão continuamente variável acaba se surpreendendo com o trabalho próximo a 2 mil rpm a 100 km/h. Esse equilíbrio é outro segredo para o modelo ser tão econômico quanto a Nissan promete. 

É preciso se adaptar

Claro, não adianta pensar como se você estivesse a bordo de um modelo 2.0 turbo, com torque gigante em baixas rotações. Em ultrapassagens vai faltar um bocado de fôlego se você quiser fazer tudo na impulsividade. A viagem precisa ser mantida em ritmo tranquilo, compassado.

Também sentimos falta da simulação de marchas, pois praticamente toda a frenagem precisa ser gerenciada pelo próprio pedal. Sim, há a presença de um controlador de ação do freio-motor para ajudar, mas ainda assim a carga sobre os freios é superior à de um veículo que oferece ao motorista a opção de controlar manualmente o freio-motor.

Assim, o Kicks convida muito mais a curtir o caminho em velocidade de cruzeiro do que a tentar acelerar. Por outro lado, a carroceria não inclina tanto nas curvas, com assistência eletrônica capaz de controlar o rolamento e de controle da ação dos freios durante o esterço. Suspensões são firminhas e isolamento acústico está adequado à proposta.

Em terrenos mais acidentados, os 20 bons cm de altura do solo permitem encarar um off-road leve sem perrengues. Nada que não se espere minimamente de um pretenso "SUV". Qualidade do acabamento interno, ótimo espaço interno para quatro passageiros adultos e bom bagageiro também são destaques positivos.

Pacote de equipamentos inclui aquilo que se espera de um modelo que se aproxima de R$ 100 mil: além dos opcionais já mencionados, Kicks SL traz de série seis airbags, retrovisores com rebatimento elétrico, faróis automáticos, câmera de 360° que identifica pedestres e obstáculos (ainda um diferencial do segmento), tela central digital sensível ao toque com novo sistema Multiapp (Android), painel de instrumentos digital com 12 funções e bancos e faixas dos painéis em couro, além de pintura bicolor para teto e carroceria.