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SUV ou perua? Mercedes GLC encara Classe C Estate em duelo familiar

Vitor Matsubara

Do UOL, em São Paulo (SP)

07/05/2018 04h00

Utilitário esportivo aproveita "febre" do segmento, mas perua ainda resiste como alternativa

Peruas já foram o sonho de consumo das famílias brasileiras. Espaçosas e versáteis, elas eram o carro ideal para quem viajava com a turma toda.

Porém, passaram os anos 1990, avançaram os 2000 e os SUVs foram tomando o lugar das peruas -- até chegar ao ponto da quase extinção. Tanto é assim, que a Mercedes-Benz é uma das poucas marcas que ainda oferecem duas opções de categorias tão distintas para um mesmo público: C 300 Estate (perua) e GLC 250 (SUV), ambos visando o público que quer algo além daquilo oferecido pelo sedã Classe C.

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O SUV foi avaliado por UOL Carros na versão Sport (R$ 304.900), mas há uma versão de entrada chamada Highway (R$ 270.900), com preço mais próximo ao pedido pela C 300 (R$ 278.900).

Esportivo da família

Ambos utilizam o mesmo motor 2.0 turbo, calibrado para entregar números de potência e torque ligeiramente superiores na perua: o GLC tem 211 cv e 35,6 kgfm, enquanto a C 300 possui 245 cv e 37,7 kgfm. Com trocas rápidas e imperceptíveis, o câmbio automático de nove marchas também é compartilhado entre os modelos.

Além de mais potente, a C 300 é 140 kg mais leve e, por tabela, acelera mais rápido também: são 6,1 segundos para ir de 0 a 100 km/h, sendo que o GLC precisa de 7,5 segundos para realizar a mesma tarefa.

De fato, é na dirigibilidade que estão as maiores diferenças entre os dois Mercedes. A perua traz quatro modos de condução e fica bastante arisca no modo Sport+, o qual deixa as assistências eletrônicas ligeiramente mais permissíveis.

De tão firme, a direção chega a ser pesada para um veículo projetado para famílias. Ou nem tanto: conduzir a C 300 é quase um exercício de egoísmo, justamente por ser uma experiência mais prazerosa apenas para o motorista.

Já o GLC não nega fogo quando solicitado, mas é mais pacato do que a C 300. Aparentemente a Mercedes-Benz não quis imprimir a mesma esportividade presente no Audi Q3, até hoje uma referência em dirigibilidade entre os SUVs compactos premium. Sendo assim, o GLC é um típico SUV: bem agradável de dirigir e menos afeito a uma tocada mais nervosa principalmente por seu centro de gravidade mais elevado. Traduzindo: as curvas fechadas feitas com destreza pela perua não são tão bem executadas pelo GLC.

Mercedes-Benz C 300 Estate 1 - Murilo Góes/UOL - Murilo Góes/UOL
Perua tem comportamento mais estável nas curvas
Imagem: Murilo Góes/UOL

SUV é mais espaçoso

Os modelos até se aproximam no comprimento (a perua é 5 cm mais longa, com 4,70 m contra 4,65 m), mas o GLC tem 3 cm a mais de distância entre eixos (2,87 metros contra 2,84 metros), é 8 cm mais largo (1,89 metro contra 1,81 metro) e obviamente bem mais alto por ser um SUV (1,64 metro ante 1,46 metro da C 300).

A capacidade do porta-malas é de 550 litros no GLC e 490 litros no C 300. Entretanto, apesar do maior volume divulgado, o compartimento da C 300 acomodou mais malas do que no SUV, como você pode ver nas fotos de Murilo Góes. Nenhum deles oferece espaço debaixo do assoalho para abrigar o estepe. Nos veículos cedidos pela Mercedes, o pneu sobressalente estava dentro do porta-malas, roubando um espaço considerável do compartimento de bagagens.

Falta espaço para pernas e cabeças de ocupantes mais altos no banco traseiro da C 300, uma ironia das grandes para uma perua. Além disso, o túnel central excessivamente alto rouba o já diminuto espaço destinado às pernas do terceiro passageiro. A perua traz outras incoerências para um veículo que custa mais de R$ 250 mil, como ajustes elétricos apenas no banco do motorista -- o carona da frente precisa regular seu banco da maneira convencional.

Mercedes-Benz GLC 250 - Murilo Góes/UOL - Murilo Góes/UOL
Mercedes diz que porta-malas do GLC é maior, mas couberam menos malas
Imagem: Murilo Góes/UOL

Propostas distintas

Quem procura tecnologia de ponta pode se decepcionar com os dois modelos. Nenhum deles oferece um sistema de condução semi autônoma, presente em rivais como o Volvo XC40 e atualmente restrito à nova geração de modelos mais caros da Mercedes-Benz, como os Classe S e E. Não há nem piloto automático adaptativo, apenas o sistema convencional com limitador de velocidade.

Ambos também carecem de uma central multimídia mais moderna, insistindo no confuso sistema de navegação pelos menus por um seletor giratório -- embora ainda haja a opção de um touchpad igualmente complicado de operar. A solução é simples: em vez desses dois recursos, uma tela tátil já resolveria o problema.

De resto, porém, a lista de equipamentos de série é praticamente idêntica nos dois modelos, incluindo sete airbags, sensores de estacionamento dianteiros e traseiros, alerta de fadiga, assistente de partida em rampas, faróis full led e teto solar panorâmico (com acionamento elétrico na C 300). Igual nos dois modelos também é o refinamento da cabine, muito bem acabada e com uso de materiais nobres como alumínio e couro.

Feitos para agradar famílias numerosas, C 300 e GLC não são tão parecidos quanto sugerem. Apesar de compartilharem motor e transmissão, a perua é nitidamente direcionada para quem precisa de um carro espaçoso sem abrir mão da esportividade.

Já o GLC não é tão prazeroso de guiar, mas oferece todos os outros predicados da C 300 mais a sensação de imponência proporcionada pela posição elevada de dirigir, ingrediente principal da receita de sucesso dos SUVs. E ainda acomoda todo mundo com mais folga.

Se você faz questão de espaço e quer andar na moda, o GLC é a melhor escolha. Agora, se desempenho vier antes das outras necessidades, não tenha dúvida e fique com o C 300.

Mercedes-Benz C 300 (Interior) - Murilo Góes/UOL - Murilo Góes/UOL
Volante sem base achatada é uma das poucas diferenças no interior da perua
Imagem: Murilo Góes/UOL