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Aprenda a decifrar os códigos do pneu e saiba quando é a hora de trocar

Do UOL, em São Paulo (SP)

21/03/2018 04h00

Entender a "sopa de letrinhas" é importante para não errar na decisão de compra nem na hora de apelar ao estepe

Pouca gente tem ideia da importância dos pneus em um automóvel. Eles representam os únicos quatro pontos de contato do carro com o solo e, portanto, interferem de maneira decisiva no comportamento e na segurança de rodagem.

Entretanto, sempre que chega a hora de comprar ou fazer a troca emergencial surge a confusão: o que significa aquele amontoado de códigos, uma verdadeira "sopa de letrinhas", no ombro dos compostos?

Para esclarecer essa dúvida ouvimos Rafael Astolfi, gerente da Continental Pneus, que nos explicou no vídeo que abre esta reportagem quais são e o que querem dizer os principais códigos de especificação de um pneu. Confira em mais esta edição do Mão na Roda.

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Indicador de desgaste

O elemento mais importante a se ficar atento talvez seja o chamado TWI, ou simplesmente indicador de desgaste. Trata-se de pequenos "calombos" espalhados pelos sulcos, responsáveis por mostrar quando o nível de profundidade atingiu ou superou o mínimo exigido pela legislação, 1,6 milímetro.

Para verificar se os pneus do seu veículo ainda têm margem de desgaste ou se já precisam ser trocados, basta procurar nas bandas laterais pela sigla denominada TWI, que apontará o indicador de desgaste mais próximo.

Lembre-se: pneus com sulcos pouco profundos ou "carecas" são menos capazes de dispersar a água em caso de chuva, o que aumenta sensivelmente os riscos de aquaplanagem, perda de controle e, claro, acidentes.

Dimensões, origem e capacidades

Outro ponto importante é saber identificar as dimensões dos pneus, especialmente na hora de comprar um jogo novo.

No caso da unidade usada como exemplo no vídeo, o código 185/55 R16 indica os seguintes parâmetros: 185 = largura da banda da rodagem em milímetros; 55 = altura do perfil lateral em porcentagem (com relação à banda de rodagem); R = composto do tipo radial; 16 = diâmetro das rodas em polegadas.

Quer trocar o jogo original por outro de dimensões diferentes? Cuidado: cada alteração pode acarretar mudanças em dinâmica de condução, conforto de rodagem e até desgaste das suspensões. O cenário mais correto é tentar seguir com a mesma marca e as mesmas especificações originais de fábrica.

Ao lado há ainda outra sequência alfanumérica, 83V. "83" se refere ao índice de carga e determina que aquele pneu suporta até 487 kg. "V", por sua vez, pertence à tabela de índice de velocidade e significa que a velocidade máxima recomendada é 240 km/h. Confira as tabelas completas dos índices de carga e velocidade clicando aqui.

O item "Traction", dividido em quatro estágios -- AA, A, B e C -- mensura a eficiência do pneu para levar o carro à imobilidade em situações de asfalto ou concreto molhado. O pneu que aparece no vídeo é do tipo "A", ou seja, do segundo nível mais alto. Já "Temperature" denota resistência ao aquecimento e capacidade de dissipar o calor, sendo dividido em notas A, B e C.

Em "Treadwear" temos o indicativo da durabilidade. Esta contagem vai de 60 a 700 e quanto mais alta a numeração, mais durável será o pneu. Mas calma que um número alto demais não necessariamente é uma boa notícia. Quanto maior o treadwear de um pneu, menos aderente ele será. O ideial é encontrar um equilíbrio entre aderência e durabilidade. O exemplar utilizado nesta reportagem, por exemplo, está especificado com o índice 480.

Por fim, o código DOT especifica os dados de fabricação e é mais útil para inspeção do que necessariamente para a compra. São três sequências alfanuméricas de quatro dígitos cada, identificando, respectivamente, a fábrica onde a unidade foi confeccionada, a composição do produto e o período (semana e ano) em que foi produzido. Por exemplo, o código "4817" avisa que a manufatura ocorreu na 48ª semana de 2017, ou seja, em novembro do ano passado.

É possível encontrar, ainda, as letras P (passeio), LT (comercial leve), ST (reboque) ou T (estepe temporário).

O que mais devo saber

Caso você mesmo vá fazer a troca de um pneu, procure confirmar pela banda de rodagem se ele é simétrico ou assimétrico. Para isso basta conferir se as duas metades possuem desenhos "espelhados" de sulcos. Em caso de assimetria, é preciso encontrar nas bandas laterais qual a parte deve ficar voltada para fora ("outside"). Montar um pneu assimétrico do lado errado pode gerar problemas de equilíbrio do carro.

Por fim, o seu pneu será "radial" ou "diagonal", e "tubeless" (sem câmara de ar) ou "tube type" (com câmara). Exemplares como o do vídeo, radial e sem câmara, são os mais usados e indicados atualmente. Por quê?

No caso do pneu radial é porque os fios de sua carcaça são montados de maneira perpendicular ao plano de rodagem. Sua principal vantagem é que o nível de fricção das lonas é muito menor, o que ajuda a aprimorar resistência e durabilidade do composto. Já um composto do tipo diagonal possui fios... diagonais sobrepostos.

Em relação aos pneus sem câmara, além de ser mais leves e fáceis de montar/desmontar, já que possuem um elemento a menos, eles são dotados de uma borracha que ajuda a reter melhor o ar. Assim, quando o pneu é perfurado, esvaziamento e perda de pressão se dão de maneira mais lenta e gradativa, o que evita reações bruscas e preserva a segurança.

Sua maior desvantagem é: caso o aro empene o pneu certamente irá esvaziar, pois a manutenção do ar depende muito mais da precisão com que o pneu envolve a roda. Por isso sua utilização é melhor justificada em carros com rodas de liga de alumínio, muito mais resistentes à deformação.