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Audi Q3 vai ficar maior e mais equipado, abrindo espaço ao Q2 no Brasil

André Deliberato

Do UOL, na Cidade do Cabo (África do Sul)

22/02/2018 04h00

Audi diz que "Q2 tem cara de Brasil", mas espera definições do governo com "Rota 2030"

Fato 1: um novo Audi Q3 maior, mais equipado (e mais caro) vai surgir em 2019. Fato 2: isso deve abrir a vaga atual de SUV de entrada no Brasil para o compacto Q2. Embora a fabricante não confirme oficialmente, o Q2 é o carro que a marca quer ver "explodir" em nosso país. Tanto é assim que seus executivos dizem apenas aguardar definições de políticas do governo federal para se posicionarem. 

UOL Carros está na África do Sul para conhecer a nova geração do cupê executivo A7 e conversou com executivos da empresa. Segundo um deles, a segunda geração do Q3 -- que deve surgir esse ano como conceito e pode ter sua versão de produção apresentada oficialmente em 2019 -- "será maior e mais premium", permitindo que o Q2 assuma o lugar em vendas e representatividade do Q3 atual.

Questionado sobre as vendas em nosso país, o executivo afirmou que "o Q2 tem cara de Brasil desde que surgiu". Por enquanto, a Audi do Brasil prefere ser cautelosa e mantém o discurso que adotou desde a apresentação global do Q2 em 2016: aguarda um posicionamento do governo federal -- traduzindo: espera pela publicação das regras do "Rota 2030", que está atrasado e cujo lapso tem dificultado a tomada de decisões por parte de diversas fabricantes no Brasil.

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A vez do Q2

Vamos deixar o novo Q3 de lado por um instante mais e tratar do Q2, que está em alta no mundo. Apresentado durante o Salão de Genebra de 2016, o modelo começou a ser entregue globalmente no final daquele ano e, com uma temporada nas lojas, já é um dos responsáveis pela alta nas vendas da marca. Segundo a fabricante, tanto o Q2 como a nova família A5 foram responsáveis por números quase 5% maiores na comparação entre os registros de 2017 e 2016. Nos EUA, essa alta foi superior a 23%, segundo o balanço da companhia. 

Por importação, o Q2 é oferecido em alguns países da América Latina, inclusive na Argentina. No país hermano, custa o equivalente a R$ 140 mil e usa motor turbo 1.0 ou 1.4 TSI (de Polo e Golf), sempre equipado com câmbio automatizado de dupla embreagem e sete marchas.

Visualmente, traz um "quê" de Polo, mas por dentro o painel é mais antiquado -- em outras palavras, acaba sendo quase idêntico ao que equipa o Q3 atual. Os equipamentos de última geração apresentados pelos lançamentos mais recentes da Audi (instrumentos digitais, sistema semi-autônomo de condução em congestionamentos) não estão no modelo -- e isso acabaria sendo favorável à manutenção de preços similares aos do Q3 para que a conta feche.

Feito sobre a mesma base do Volkswagen T-Roc (construção sobre a plataforma MQB de Golf e A3 Sedan), o Q2 tem 4,19 metros de comprimento, 1,79 m de largura e 1,51 de altura, mesmo com bons 2,60 m de entre-eixos. Teria abrigo preciso na fábrica de São José dos Pinhais (PR), de onde A3 Sedan e o atual Q3 (que usa uma derivação da base PQ35, base de Tiguan e Jetta vendidos no Brasil) são entregues ao mercado nacional. 

Audi Q3 Turboflex - Murilo Góes/UOL - Murilo Góes/UOL
Este é o Q3 atual: nova geração vai manter "puxadinho" do porta-malas, mas será maior e mais larga
Imagem: Murilo Góes/UOL

Mas e o novo Q3?

Com o panorama global favorável a SUVs, faria sentido até mesmo entregar dois modelos do segmento, sobretudo com a facilidade do compartilhamento de componentes: ambos, Q2 e o novo Q3, dividirão a base MQB.

Preparado para estrear globalmente no Salão de Paris, em outubro, o novo Q3 vai crescer um bom tanto de forma a se manter na briga com rivais de BMW, Mercedes-Benz, Land Rover e Jaguar, entre outros. Vai passar de 4,39 metros de comprimento a 4,45 m, com entre-eixos subindo a 2,65 m (mais 5 centímetros). Ganhos também elevam o porta-malas aos 400 litros de capacidade (mais 44 litros). 

Em termos de trem-de-força, algum dos motores atuais pode ser mantido, mas a estrela deve ser o novo 2.0 turbo a gasolina de 204 cavalos. Haverá ainda opção híbrida unindo o 1.4 de 150 cavalos a um propulsor elétrico para chegar aos mesmos 204 cv combinados. Em termos de equipamento, faria o meio-campo entre o padrão mais "seco" do Q2 e o patamar semi-autônomo do Q5.

No Brasil, a dupla ficaria estabelecida assim: o Q2 competiria em preço com SUVs médios como Chevrolet Equinox, Peugeot 3008 e Kia  Sportage, mesmo tendo tamanho de Renegade, HR-V e Creta. Já o Q3 brigaria contra os modelos compactos de marcas premium como Range Rover, Jaguar, Mercedes-Benz, BMW e Lexus.

* Viagem a convite da Audi do Brasil