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Avaliação: Volvo XC40 será carro mais "barato" a andar sozinho no Brasil

Volvo XC40 - Divulgação - Divulgação
Está vendo este alto-falante estilosão com a plaqueta Harman Kardon? Então... Ele é falso
Imagem: Divulgação

Leonardo Felix

Do UOL, em Barcelona (Espanha)

03/01/2018 04h00

Por R$ 209.950, SUV "caçula" da marca terá tecnologia semiautônoma de fazer inveja a muito carro de luxo grandalhão

Se na Europa, nos Estados Unidos e em alguns mercados da Ásia os veículos que "andam sozinhos" -- em determinadas circunstâncias, claro -- já estão se tornando comuns, por aqui ainda são raridade. Mesmo carros que já dispõem da tecnologia, caso de modelos de Audi, BMW, Jaguar Land Rover e Mercedes-Benz, quase sempre chegam "capados". Custos, falta de estrutura e dificuldades de homologação são os principais motivos citados pelos fabricantes para eliminar tais tecnologias das unidades comercialidas no Brasil.

Já a Volvo tenta "pagar para ver" e ser vanguardista. Desde o suvão XC90 a importadora oficial da fabricante no Brasil vem trazendo seus mais recentes lançamentos sempre recheados  com recursos semiautônomos, obviamente oferecidos nas versões mais caras. A receita foi replicada no utilitário médio XC60 e também será no "caçula" XC40, que chega às lojas em abril com a missão de fazer da marca sueca a que mais vende SUVs de luxo no país.

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O XC40 partirá de R$ 169.950, mas será na configuração R-Design, de R$ 209.950, que o modelo vai dispor da segunda geração do pacote chamado "Pilot  Assist". Munido de sensores, radares e câmera de 360 graus, é ele quem faz o veículo trafegar praticamente sem interferência humana em rodovias, inclusive fazendo curvas de raio mais longo.

A esse preço o XC40 R-Design será, quando aqui lançado, o veículo mais "acessível" do Brasil a dispor de tal tecnologia, superando os R$ 260 mil do próprio XC60. Demais carros capazes de andar sozinhos, como Audi A5, Range Rover Velar e Mercedes-Benz Classe E, passam de R$ 300 mil.

Mais do que isso, se torna o primeiro compacto do mundo a flertar com o chamado nível 3 (de um total de cinco) da condução autônoma, aquele em que algumas funções de direção já podem ser plenamente operadas pela máquina, embora eventuais intervenções do motorista ainda se façam necessárias (tanto que o próprio carro não se permite ficar mais de 15 segundos em modo autoguiável sem que o condutor esteja tocando o volante).

Na prática, será que o XC40 é capaz de andar sozinho mesmo? UOL Carros testou a configuração R-Design durante a apresentação mundial do modelo em Barcelona (Espanha) e responde à pergunta. Confira no vídeo que abre esta reportagem.

O que cada versão tem

Antes de explicar mais sobre a dinâmica do XC40 R-Design -- afinal, também pudemos dirigi-lo por nossa conta --, vale apontarmos as diferenças entre as três versões de acabamento (sendo duas opções de motor, ambas a gasolina). Confira:

+ XC40 -- R$ 169.950

Motor T4 (2.0 4-cilindros turbo) de 190 cv; câmbio automático de oito marchas; tração dianteira; faróis e lanternas em LED; faróis de neblina; luz diurna em LED; sete airbags; rodas de liga leve aro 18; controle de estabilidade e tração; frenagem automática emergencial; alertas de mudança de faixa, de tráfego  de "condução inconsistente" (percebe quando o motorista está manuseando o volante com menos firmeza, seja por fatiga ou distração); controle de cruzeiro; assistentes de partida em rampas e de controle de velocidade em descidas; assistente de proteção contra saída da pista de rolagem; quadro de instrumentos em tela 100% digital (TFT) de 12,3 polegadas; sistema de áudio de 80 Watts; central multimídia Sensus com tela tátil de 9 polegadas, projeção de celulares (Apple e Android), três entradas USB, Bluetooth, comando de voz e serviço de concièrge Volvo on Call; volante multifuncional; ar-condicionado digital com purificador; controle de cruzeiro; faróis e limpadores de para-brisa com acionamento automático; sensores traseiros de estacionamento; acabamento interior em couro preto; banco do motorista com regulagem elétrica e memória; barras longitudinais de teto.

+ XC40 Momentum -- R$ 189.950

Acrescenta ao pacote anterior: motor T5 (4-cilindros com turbocompressor) de 252 cv; tração integral; rodas aro 19; grade dianteira com moldura cromada; para-choques com acabamento prata na base; opção de pintura com teto em tom contrastante de branco; modos de condução; ar digital de duas zonas; câmera de ré; sensor para abertura e fechamento das portas sem usar a chave; modos de condução; câmera de ré; interior com quatro opções de acabamento em couro (caramelo; bege; vermelho ou preto); retrovisores  antiofuscantes; som de 250 W com oito alto-falantes; e carregador de celulares sem fio (por indução).

+ XC40 R-Design -- R$ 209.950

Acrescenta ao pacote anterior: teto, barras de teto e retrovisores externos com pintura contrastante na cor preta; chave revestida em couro; faróis de neblina em LED com luzes direcionais ativas; grade frontal em preto brilhante; rodas de liga aro 20; saídas de escape integradas ao para-choque traseiro; controle de cruzeiro adaptativo; assistente de condução semi-autônoma (que inclui permanência em faixa, manutenção de distância para o veículo à frente e leitura de placas); sensores dianteiros de estacionamento; borboletas para troca de marchas atrás do volante; porta-malas com abertura sem as mãos; interior com acabamento em couro e nobuck pretos; volante revestido em couro; banco do passageiro dianteiro com ajuste elétrico; sistema de áudio Harman Kardon de 600 Watts e 13 alto-falantes; navegação GPS; câmera de 360 graus; teto solar panorâmico.

Volvo XC40 - Divulgação - Divulgação
XC40 se parece com os primos maiores 60 e 90? Não quando visto de traseira. Deste ângulo ele na verdade é bem mais bonito
Imagem: Divulgação

Como anda (sozinho ou não)

Sistema semiautônomo à parte, fato é que o XC40 é um produto muito bem acertado. Dimensões -- 4,42 metros de comprimento, 1,86 m de largura e 1,65 m de altura -- o deixam um pouco mais alto e estreito que seus principais rivais -- BMW X1, Mercedes GLA, Range Rover Evoque e afins --, mas sua grande vantagem está no generoso entre-eixos de 2,70 metros, similar ao de carros médios (como um Toyota Corolla).

Alie isso ao uso de bancos dianteiros finos, embora bastante ergonômicos, e o XC40 vira um carro espaçoso o suficiente para transportar quatro passageiros adultos. Colocar um quinto ocupante se torna exercício mais difícil, devido ao espaço um pouco mais acanhado para os ombros.

Boa altura do solo (21,1 cm) e bons ângulos de ataque (21,9 graus) e saída (30,4 graus) devem garantir versatilidade na judiada malha rodoviária brasileira, mas já avisamos: as suspensões (McPherson no eixo dianteiro e independente multibraço no traseiro) e as rodonas aro 20 deixam o carro um bocado duro. A ver como ele se comportará em vias cheias de buracos e desníveis.

Nesta versão o SUV utiliza a especificação T5 do motor 2.0 4-cilindros turbo a gasolina da Volvo: auxiliada por compressor, a unidade alcança 252 cv de potência (a 5.500) e 35,7 kgfm de torque (logo a 1.800 giros). Não espere dessa configuração trejeitos tão esportivos assim, porque né?... Ainda estamos falando ainda de um SUV com 1.762 quilos em ordem de marcha.

Porém, o desempenho acaba sendo condizente com a proposta e deixa o XC40 até mais divertido que os grandalhões XC60 e 90. Afinal, estamos falando de um carro "fortinho", relativamente compacto e que apresenta níveis de inclinação bastante satisfatórios para o tipo de carroceria que usa.

É uma ótima impressão inicial deixada pela plataforma modular CMA, que estreia no XC40 e será usada em todos os modelos compactos da Volvo, além de carros das chinesas Geely e Link&Co.

Luxo compacto

Tudo isso com um excelente padrão de acabamento na cabine. Claro que o XC40 é mais simples do que os primos maiores -- não ostenta uma manopla de câmbio de cristal e peca por usar economizar em picuinhas como regulagem manual de altura e profundidade do volante (um carro de mais de R$ 200 mil pede regulagem elétrica, não é mesmo?) --, mas a qualidade dos materiais agrada bastante.

Destaque para o conjunto de som Harman Kardon, com 13 alto-falantes escondidos sob painel e forros do habitáculo. As saídas que se vê nas portas, veja só, são falsas. Constam ali apenas para avisar que o carro tem um sistema de áudio, e dos bons. Sem a caixa de som verdadeira, justificam os engenheiros, sobra mais espaço para o apoia-braço das portas, algo importante em se tratando de um veículo mais estreito que seus concorrentes.

A "casca" também agrada. O XC40 é parecido com XC60 e 90? Sim, mas só quando visto de frente e, convenhamos, de uma maneira bem menos "sisuda". A frente chapada, a grade côncava, o capô musculoso, o desenho das rodas e a linha de cintura elevada o fazem ter aspecto bem mais jovem e moderno que o dos SUVs maiores da fabricante.

Na parte de trás os desenhistas acertaram ao usar linhas mais arredondadas e lanternas cuja base do gancho está voltada ao paralama, e não à tampa do porta-malas. Com isso o desenho da porta traseira ficou bem mais limpo que o do XC60 e muito mais bonito que o do XC90. Esta versão trará obrigatoriamente teto, coluna A, retrovisores e grade pintados de preto.

Antes que nos esqueçamos: o Pilot Assist II funciona muito bem em rodovias a 120 km/h, operando de maneira quase perfeita para manter o carro "nos trilhos" com segurança (a distância para o carro à frente é regulável em três níveis). Mas cuidado: é preciso estar sempre com as mãos ao volante e o sistema costuma se perder em estradas com curvas mais fechadas. Ou seja: o "andar sozinho" ainda é bastante relativo. Mas tudo bem. A graça maior ainda está em ter o controle humano sobre a máquina.