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Romi-Isetta: conheça história e legado do primeiro carro feito no Brasil

Rodrigo Mora

Colaboração para o UOL

28/12/2017 04h00

Proposta do carrinho desde os anos 1950 era ser ágil, prático e barato; hoje, cidade onde foi produzido guarda museu e uma fundação

Caiu em uma quarta-feira o dia 5 de setembro de 1956, quando o primeiro Romi-Isetta saiu da linha de montagem, em Santa Bárbara d’Oeste, a 120 km de São Paulo. Com 2,28 m de comprimento e espaço para duas pessoas, antevia a necessidade de compactar o trânsito das cidades.

Nascia ali, então, um dos primeiros automóveis nacionais, cujos dias de glória de pioneirismo foram ofuscados pouco tempo depois: em 19 de novembro daquele mesmo ano, a DKW botava na rua a perua Universal, tido por alguns como o primeiro carro brasileiro. Por um simples motivo: só era considerado automóvel quem tinha no mínimo duas portas -- e o Isetta só tinha uma.

Boato surgido sabe-se lá quando e onde, porque não há registros nos documentos da Anfavea -- Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores, espécie de sucessora do Geia, Grupo Executivo da Indústria Automotiva, entidade criada à época para regular o setor automotivo -- que ateste a tese.

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Talvez fora de compasso com sua época, oferecendo soluções para problemas que ainda não existiam, o Romi-Isetta viveu pouco. Em 13 de abril de 1961, após cerca de 3 mil unidades fabricadas, o mais simpático carro daqueles tempos chegou ao fim.

A grande história do pequeno carro ainda vive, contudo. "A partir dos anos 1980, começou a existir um desejo por parte de colecionadores em recuperar os carros que restavam. Esse movimento persiste até hoje. É comum ver Romi-Isettas em encontros de carros antigos. O dele, inclusive, nasceu também nos anos 1980", conta Vainer Penatti, Superintendente da Fundação Romi.

Romi-Isetta era um carrinho visionário - Reprodução - Reprodução
Visionário, Romi-Isetta tinha 2,28 m de comprimento e espaço para duas pessoas. Seu objetivo era antever a necessidade de compactar o trânsito das cidades
Imagem: Reprodução

Carro pequeno, história curta, legado gigante

Note que em alguns trechos do vídeo aparecem fotos de caravanas chamadas de "Integração Nacional". O que é isso? "Naquela época, nos anos 1960, alguns carros montados no Brasil e veículos importados da Itália precisavam ir para Brasília. Com a criação da nova capital federal, o governo sentiu a necessidade de construção de estradas que chegassem até lá", conta Vainer Penatti, superintendente da Fundação Romi. "Alguns dos eventos que culminavam em Brasília eram essas caravanas. A que partiu de SP, por exemplo, tinha duas Romi-Isetta junto com outros veículos", completa.

Tem mais curiosidade e história relacionados ao carrinho: o ex-presidente Juscelino Kubitschek chegou a Brasília em um Romi-Isetta empunhando uma bandeira, que inclusive foi a bandeira que tremulou por todo o caminho. "Essa bandeira, esse instrumento histórico, está ao meu lado", enaltece Penatti.

Quer saber mais detalhes da história e conhecer mais pormenores técnicos do modelo? Assista à nossa vídeo-reportagem, no topo dessa página.

* Siga Rodrigo Mora e seus clássicos no Instagram: @moranoscarros