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Veja como novo Volvo XC60 quer desbancar Discovery Sport, Evoque e X3

Eugênio Augusto Brito

Do UOL, em São Paulo (SP)

23/08/2017 04h00

Segunda geração do crossover traz recursos e luxo do irmão maior XC60 em pacote mais arrojado

Modelo de maior sucesso da Volvo contemporânea no Brasil e no mundo (mais de 1 milhão de unidades vendidas no globo em nove anos, mais de 20 mil por aqui), o XC60 tem sua segunda geração apresentada agora ao país. Com ela, a Volvo tem meta muito bem definida e ambiciosa: voltar a ser líder do mercado de SUVs de luxo, posição que já foi do XC60, mas que ruiu em 2015 com a chegada do Land Rover Discovery Sport nacional e outros rivais.

Mesmo sem contar com rede ampla (são 30 lojas pelo país, a maioria concentrada em capitais e grandes centros de Sul, Sudeste e Centro-Oeste), nem fábrica no país, a marca é ousada a ponto de definir a meta de emplacar de 2.300 a 2.500 unidades do tecnológico XC60 2018, tirando vendas e desbancando o rival da Land Rover e ainda reduzindo a ação de Range Rover Evoque e BMW X3, também rivais em termos de preço, porte ou pacote.

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Lembrando que preços do XC60 estavam revelados há dois meses. Sempre na configuração com motor de 2 litros com injeção direta de gasolina, turbocompressor e atrelado a câmbio automático de oito marchas, em três níveis de acabamento:

- XC60 Momentum: R$ 235.950 (R$ 239.950 a partir de 1º de setembro)
Traz de série: grade com elementos verticalizados; faróis full-LED com acionamento e ajuste automáticos; rodas de 19 polegadas; teto solar panorâmico; ar-condicionado de duas zonas; áudio premium com 330W e dez falantes; assentos de couro Moritz com ajustes elétricos e duas posições de memória para o motorista; sistemas de segurança incluindo City Safety de nova geração (alertas e frenagem automática anti-colisão com carros, objetos, pedestres e animais), alertas e contra-manobras para evitar invasão da faixa contrária ou saída de pista, leitor de placas de velocidade e central On Call. Deve ser a mais vendida, com 40% das entregas. 

- XC60 Inscription: R$ 256.950 (depois, R$ 259.950)
Acrescenta grade cromada; rodas de 20 polegadas de aro com pintura preta; painel de instrumentos digital de 12 polegadas; chave inteligente com revestimento de couro; abertura do porta-malas "Handsfree" (sensor de chute); radar e sensores para piloto automático adaptativo (com auxílio semi-autônomo) e alertas de carros no ponto-cego e em tráfego cruzado. Deve responder por 30% das entregas.

- XC60 R Design: R$ 266.950 (depois, R$ 269.950)
Tem perfil esportivado com rodas aro 21 com pintura em preto fosco; grade "clássica" (P1800); suspensão com ajuste esportivo; volante com aletas de troca de marcha; som de alta performance com subwoofer ventilado integrado à carroceria; revestimento de bancos de couro e Nobuck; apliques metálicos para painéis.

Há ainda condição especial para PCD (pessoas com deficiência), devido à isenção de impostos: R$ 213.812, R$ 232.841 e R$ 241.903, além de estratégia de revisões com preço fixo variando de R$ 949 (10 mil quilômetros) a R$ 3.499 (60 mil km).

UOL Carros andou por quase 300 quilômetros a bordo da versão R Design e comenta agora os detalhes do planos da marca para decolar: 

1. Nova geração, nova força

De fato, a principal aposta da Volvo está no XC60 em si. Segundo modelo no Brasil (quarto no mundo) a ser construído sobre a plataforma modular SPA, traz boa parte do conteúdo existente no grandalhão XC90, mas em pacote mais compacto e ágil. E apenas isso já contaria muito.

Se o antigo XC60 era um crossover de linhas marcantes e boa dirigibilidade, o novo modelo se mostra mais instigante, leve (e portanto com dirigibilidade melhorada) e com aceleração mais linear, mas que permite boas arrancadas quando necessário. Além disso, é mais acolhedor e isso tudo com promessa de maior segurança.

Enquanto a antiga geração tinha uma beleza discreta, esta nova ganhou porte e também estilo para ser reconhecida à distância.

Um "problema" apontado por leitores do UOL Carros em textos prévios está na faixa de preços. De fato, o modelo ficou cerca de 40% mais caro e sua versão de base agora tem praticamente o mesmo preço da versão mais cara de antes. A Volvo diz que é o custo dos novos patamares de tecnologia, conforto e segurança aplicados -- além, claro, do peso de não ter abatimento de IPI por não fabricar localmente.

Em outra análise, porém, é possível perceber que esses preços são uma "adequação" ao mercado, já que os valores são bem similares aos dos rivais: o Discovery Sport vai de R$ 222 mil a R$ 301.700 (gasolina ou diesel, cinco ou sete lugares); o Evoque, de R$ 228.500 a R$ 253 mil; e o X3, de R$ 225 mil a R$ 253 mil.

É possível dizer que a Volvo poderia cobrar menos para retomar mercado, mas também é preciso notar que o XC60 oferece mais tecnologia, ainda que tenha apenas a opção a 2.0 a gasolina e espaço para cinco pessoas a bordo por ora. XC60 diesel e XC60 híbrido (inclusive com tecnologia de recarga elétrica plug-in) chegarão em 2018 e 2019, respectivamente.

2. Dirigibilidade

A Volvo chama seu pacote de melhorias mecânicas de "Driving Dynamics", incluindo chassis e carroceria com aços de alta performance e resistência; suspensão multi-link dianteira, sendo que traseira é integral com ancoragem de barra longitudinal feita de polímero; e escolha eletrônica de cinco ajustes de condução para a tração.

Com este pacote da nova geração, o XC60 se mostra preciso e "na mão", seja em arrancadas, seja em contornos de curvas em alta velocidade. Nada de carroceria mole em contornos e manobras, nada de falta de fôlego ou de potência. No geral, seu desempenho fica entre os patamares de Discovery e X3, pendendo mais para o lado do alemão. Claro, parece um tanto duro demais para nossas valetas e lombadas, sobretudo na versão R Design -- coisas do DNA europeu.

Embora tenha tração integral (AWD), o XC60 é um modelo mais "dianteiro", mas no modo off-road ou no ajuste automático em caso de pisos mais escorregadios, até até 50% da força pode ser redirecionada para o eixo traseiro.

Volvo XC60 Design - Marcelo Ferraz/UOL - Marcelo Ferraz/UOL
Imagem: Marcelo Ferraz/UOL

3. Estilo

Numa primeira olhada rápida, é quase instintivo dizer que o XC60 é idêntico ao XC90. Nada mais falso: o farol de LED com a guia de luz chamada de "Martelo de Thor" está lá. A grade multifacetada, também. E alguns recortes e vincos de carroceria, que assinalam a nova linguagem de design, estrearam no XC90. Mas este modelo aqui é mais esguio e menos quadradão que aquele, o que faz uma diferença enorme.

Classudo e bonito, consegue ser arrojado, ainda que tenha toques clássicos, como a inspiração no lendário cupê P1800 para a grade frontal da versão R Design.

Por dentro, tudo muda: o design é funcional e simples, com poucas linhas abruptas e muito aconchego. O objetivo é colocar tudo à mão do condutor e distrai-lo ao mínimo. Muitos dos comados são feitos na tela central sensível a toques e até mesmo sem encostar nela: o sistema Sensus aceita gestos no ar e até comandos de voz. A marca se gaba sobre haver "apenas oito botões apenas junto à tela central" para a maior parte das operações, mas conseguimos contar umas 30 teclas na cabine.

Cores bem elencadas (há opção de marrom, caramelo, tons claros ou o preto na versão R Design), convivem com material suave. Madeira de demolição com ranhuras verticalizadas, tudo inspirado em móveis suecos, faz as versões de base e intermediária terem o acabamento mais bonito da categoria. Há ainda o metal texturizado no acabamento de topo. Com tudo isso e mais a excelente construção acústica, temos uma cabine que provê silêncio quase absoluto.

4. Motorização "ecológica"

Volvo usa motores da família Drive-e, sendo que a base é o T5 (2.0 turbo, gasolina, câmbio automático de oito marchas). A marca provoca rivais dizendo que, mesmo oferecendo 257 cv e 35,5 kgfm, números próximos ao da motorização do XC60 anterior, consegue ter nota A no Inmetro.

Claro, alguns podem dizer que isso é uma "cortina de fumaça" para a falta de oferta de maior potência ou versatilidade. 

Mas o fato é que, sendo menor e mais leve que o XC90, que já andava na medida com o motor 2.0, o XC60 tem fôlego de sobra e consegue performar de modo exemplar. Além disso, o Drive-e gera potência e torque superiores do motor Si4 de Evoque e Discovery, por exemplo. Tudo orquestrado pelo novo câmbio de oito velocidades, que também se mostra mais preciso que os dos adversários. 

De toda forma, se você faz questão de versões a diesel ou hibrida (esta última gerando 410 cv) terá de esperar até pelo menos 2018.

Volvo XC60 Design - Murilo Góes/UOL - Murilo Góes/UOL
Imagem: Murilo Góes/UOL

5. Tecnologia

Ápice do pacote da nova geração, o guarda-chuva de conectividade/interação e a linha de controles de segurança e assistência são o principal diferencial do XC60 para os rivais. Tudo requer uma curva de aprendizado que não é tão instantânea e seu uso ainda não impressiona o comprador médio.

Mas tudo é muito prático, em nossa opinião, e acaba "viciando": você se vê propenso a querer usar todas as tecnologias de auxílio o tempo todo e se pega esperando que o carro esterce o volante para ajudar a contornar uma curva na estrada, mesmo em trechos onde "forcinha" eletrônica não seria necessária.  

Como dito antes, a tela central Sensus é sensível ao toque, mas também tem infravermelho integrado que dispensa o contato direto com a tela de nove polegadas e integração com apps dos sistemas Apple e Android. O painel instrumentos é digital, pode ser de oito ou 12 polegadas (nas versões mais completas), com configuração total de estilos e indicações a serem mostrados.

Em termos de segurança, a Volvo amplia o pacote City Safety. Há auxílios de condução e frenagens automáticas para evitar colisões ou reduzir seus estragos atuantes (entre 50 e 100 km/h); há esterçamento auxiliar automático do volante (sim, ele se movimenta sozinho em velocidades a partir dos 60 km/h e até os 140 km/h) em caso de invasão involuntária de faixa ou saída de pista, sempre para evitar acidentes. Leitura de placas de velocidade, alerta de ponto cego e de carros no sentido contrário em cruzamentos também servem como olhos extras para o condutor.

Não se trata de uma tecnologia para que o carro ande sozinho, ainda, mas que avisa e até interfere durante alguns segundos para que uma distração ou mal-súbito não resultem em prejuízo ou tragédia. E isso é conteúdo que rivais ainda estão longe de poder oferecer, sobretudo aqui no Brasil.