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Usado: Chevrolet Sonic acabou, desvalorizou e agora é boa opção de usado

Hatch importado nasceu em 2012 e agora oferece boa relação custo-benefício - Divulgação
Hatch importado nasceu em 2012 e agora oferece boa relação custo-benefício Imagem: Divulgação

Fernando Miragaya

Colaboração para o UOL, do Rio (RJ)

17/08/2017 04h00

A indústria automotiva tem curiosas contradições. Enquanto projetos de mais de duas décadas insistem em sobreviver no mercado, carros modernos e elogiáveis podem ter vida curta. Falamos aqui do Chevrolet Sonic: sua importação da Coreia do Sul (2012) e depois do México (2014) durou pouco mais de dois anos, o que não pode mascarar qualidades que o credenciam agora como bom usado.

Logicamente, a passagem efêmera fez o hatch desvalorizar bastante no mercado. Para quem vai comprar, isso pode ser um bom negócio, já que é possível encontrar unidades da linha 2012/2013 por menos de R$ 33 mil e com quilometragem na casa dos 50.000.

Só como curiosidade, quando foi lançado, o modelo zero-quilômetro custava de R$ 46.200 a R$ 56.100, pagando IPI maior -- atualmente, isso poderia ser atualizado para algo entre R$ 61 mil e R$ 73 mil.

Raio X

+ Boa safra: 2013
+ Melhor versão: LTZ é a mais completa.
+ Boa compra: LTZ automática 2014, entre R$ 33 mil e R$ 40 mil.
+ Pontos positivos: conjunto mecânico, posição de dirigir e equipamentos.
+ Pontos negativos: nível de ruído do motor, porta-malas e consumo.
+ Evite: as versões com câmbio manual de cinco marchas.
+ Atenção: ao ar-condicionado, que costuma apresentar problemas no condensador e não gelar direito.
+ Atenção 2: há relatos de câmbios (manual e automático) que simplesmente travaram depois dos 50.000 km.
+ Atenção 3: botão da manopla do câmbio automático, que se desprende com facilidade.
+ Atenção 4: a versão Effect tem visual mais esportivo, mas o conjunto mecânico é o mesmo. O modelo costuma ser mais caro (entre R$ 41 mil e R$ 45 mil) e as chamativas rodas também configuram custo maior.
+ Recalls: houve chamadas para reparos e eventuais trocas da tubulação e do tanque de combustível, assim como dos anéis de vedação da bomba de combustível. Também teve convocação para substituição do cilindro de ignição dos modelos com câmbio manual.

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Como anda

Com exceção à central multimídia MyLink, que vinha de série na versão LTZ, e de detalhes no acabamento, a procedência não altera muito o comportamento do carro.

O hatch se destaca pela boa dirigibilidade e conjunto mecânico competente, em uma época em que certos projetos da GM ainda faziam muita gente torcer o nariz. Veio na carona da série de lançamentos que a Chevrolet fazia no país (Onix, Cobalt, Spin…), usando a versátil plataforma Gamma II.

Com dimensões enxutas (4,03 m de comprimento) e peso razoável (1.163 kg), o 1.6 16V com comando variável na admissão e escape garante agilidade ao compacto. Os 116/120 cv (gasolina/etanol) conferem boas respostas, principalmente com o câmbio automático de seis marchas.

Com a caixa manual de cinco marchas, o Sonic perde fôlego. É preciso esticar bem as marchas e, nas retomadas, com o motor só cheio perto das 4.000 rpm, é necessário reduzir com mais atenção para não deixar o hatch esmorecer.

O que desagrada mesmo no conjunto é o nível de vibração e ruído. O consumo também desanima, com médias com etanol que dificilmente vão passar dos 7 km/l na cidade. Com tanque de apenas 46 litros, as idas ao posto podem se tornar frequentes.

Ainda assim, posição de dirigir é ergonômica, o espaço traseiro é razoável. Mas o porta-malas, de 265 litros, não empolga mesmo para um hatch. O quadro de instrumentos inspirado no de motos foi uma bossa no lançamento (e repetido em outros Chevrolet) -- peca pela ausência de indicador gradual de temperatura do motor. O acabamento não é lá inspirador: os plásticos usados são bons, mas os forros de teto e colunas se desprendem com facilidade.

Só não dá para se queixar de recheio. Em uma época em que airbag duplo e ABS ainda não eram obrigatórios, o Sonic já ostentava tais equipamentos. Desde a LT, vinha com ar-condicionado (que o pessoal chia que não é automático), direção hidráulica, trio, volante com ajustes de altura e profundidade, Isofix e som com USB e Bluetooth (detalhe: a qualidade do áudio frontal é o destaque).

A LTZ, além do My Link a partir da linha 2014, também era equipada com sensor de estacionamento, controle de cruzeiro e revestimento de couro. Em 2013 foi lançada a versão Effect, com adesivos na carroceria, rodas diferenciadas e GPS.

Cuidados na oficina

É preciso ter cuidado com a manutenção. Algumas peças são caras, mesmo no mercado paralelo, como kit de amortecedores (mais de R$ 1 mil, os quatro) e de embreagem (por volta de R$ 500). Com sorte, se encontra carro ainda dentro da garantia de três anos, mas lembre-se que a revisão programada de 60.000 km sai por R$ 876.