Renault Captur 1.6 CVT anda melhor que o 2.0 automático; leia impressões
Novo câmbio dá tocada suave, econômico e sem trancos e barulho
"“Relançar" um carro pode soar pejorativo, mas o segmento automotivo volta e meia recorre a esta opção. Seja por posicionamento equivocado no lançamento, pelo planejamento estratégico do produto ou até por questões industriais, que impossibilitaram a estreia de algum conjunto mecânico -- as marcas dão argumentos diferentes. A Renault afirma que o Captur CVT, lançado agora a R$ 84.900 iniciais, havia sido anunciado em fevereiro, no lançamento da linha no Brasil.
"Criar expectativa" foi a estratégia aqui, diz a marca. O utilitário esportivo compacto foi lançado com opções 1.6 manual e 2.0 com a defasada transmissão automática de quatro marchas. A versão intermediária do Captur agora traz o mesmo motor 1.6 SCe do modelo de entrada, só que com o câmbio X-Tronic CVT, desenvolvido pela Jatco, empresa do grupo Renault-Nissan. Popularmente é conhecido como "câmbio automático da Nissan", por ser usado no sedã Sentra e no Kicks. Claro, ele também esteve no Renault Fluence.
Quando lançamos o Captur deixamos claro que a gama não estava completa e que teríamos o CVT para chegar ao patamar de vendas que desejamos. A ideia foi despertar o desejo no consumidor e chegar, depois, com a linha completa."
É o que garante o Dimitri Zaharov Castiglia, responsável pelo desenvolvimento e posicionamento do Captur no Brasil.
Veio para vender mais
A verdade é que quando o SUV foi pensado para o Brasil, há quatro anos, a marca sequer cogitava o CVT. Com o crescimento da demanda por modelos automáticos no segmento acima dos R$ 60 mil (em especial nos SUVs), a Renault teve de desenvolver uma transmissão mais acessível e moderna em menos de dois anos.
Mesmo chegando atrasado, o câmbio CVT deve servir para dobrar o volume do Captur, que em maio ficou em 1.400 unidades. A perspectiva é otimista, mas, a julgar pelo desempenho da versão, as chances são boas.
Melhor que o 2.0 AT4
Não que o Captur 1.6 vire uma máquina de arrojo com esse conjunto. Mas como o CVT reza por sua tradição, acaba sendo mais condizente com a proposta de conforto do SUV.
A bordo da versão mais completa, a Intense CVT, de R$ 88.400, você acelera gradativamente e a caixa continuamente variável progride de forma linear, sem trancos, soluços ou imprecisões gritantes -- mas também sem emoção. Por incrível que pareça, e guardada as devidas proporções, os 120 cv (com etanol) são melhor aproveitados pelo CVT do que os 148 cv (etanol) com o câmbio de quatro marchas do modelo 2.0 topo de linha. Principalmente na cidade e em velocidades baixas.
Também há a opção de trocas sequenciais. No Captur, a Renault tascou seis marchas simuladas. Basta colocar a alavanca do câmbio para a direita e tentar ter mais interação com o SUV (não há aletas atrás do volante). Um indicador na telinha do quadro de instrumentos avisa a hora de reduzir ou subir as marchas. O duro é enxergar as letras das posições do câmbio na base da alavanca, de tão pequenas.
Na estrada, o aproveitamento também é interessante. Em velocidade de cruzeiro a 80 km/h na Ponte Rio-Niterói, o conta-giros estaciona em 1.500 rpm. Isso ajuda a minimizar o consumo, uma das queixas em relação ao Captur mais potente. Segundo o Inmetro, o CVT assinala médias de 7,3 km/l (etanol) e 10,5 km/l (gasolina) na cidade e de 8,1 km/l (etanol) e 11,7 km/l (gasolina), na estrada - 3,5 % mais econômico que o manual, segundo a marca.
Claro, quando se exige do motor na rodovia, surge o comportamento típico de CVT: a caixa segura o giro lá em cima enquanto você decide se pisa mais forte ou alivia. Em subidas e retomadas, a resposta é mais ágil, apesar de o torque máximo de 16,2 kgfm só aparecer perto das 4 mil rpm. A boa é que o Captur não grita e nem vibra demais nessas situações -- o isolamento acústico chama a atenção.
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