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Nissan Kicks SL feito no Brasil ficou melhor, só que mais caro; assista

Nissan Kicks SL Por Dentro - Reprodução - Reprodução
O Kicks SL feito no Brasil: cor nova e equipamentos raros no segmento
Imagem: Reprodução

Eugênio Augusto Brito

Do UOL, em São Paulo (SP)

07/06/2017 04h00

Desde a última sexta-feira (2), a Nissan vende publicamente apenas a configuração "made in Brazil" do Kicks: os preços vão de R$ 68.640 (versão S, PCD) a R$ 94.900 (SL). Claro, fica a dúvida se o SUV está melhor ou pior que aquele fabricado no México e o que entrega por este preço. Direto e reto: há mais opções (versões de entrada com câmbio manual, intermediária com CVT e completona), o acabamento é o mesmo, a personalização foi ampliada e há mais tecnologia.

Só que ficou mais caro, também, o que é complicado. A Nissan não esconde que tem planos de brigar pela liderança do segmento, mas deveria ter feito uma força para entregar mais conteúdo pelo mesmo preço. Afinal, quem não é líder (atualmente, o Honda HR-V), nem anda perto (Jeep Renegade e Hyundai Creta), precisa mostrar mais serviço.

UOL Carros rodou uma semana com a versão topo de gama, a SL, feita em Resende e atesta: ficou muito melhor que o carro mexicano. Mas o SL mexicano custava R$ 93.500, R$ 1.400 mais barato. Este novo entrega mais coisas para compensar o preço, mas também caiu na mesmice dos carros nacionais ao incorporar pacotes opcionais: para ter LED nos faróis (que antes era de série no SL sempre), o novo assistente de condução e a frenagem automática de emergência é preciso pagar mais R$ 2.400. Resultado: o Kicks SL nacional completão custa R$ 97.300.

Tecnologia de carro de luxo

Por este preço, tem itens exclusivos no segmento: é o único com sistema de câmera 360º (que agora também enxerga pedestres e obstáculos com o novo sistema MOD); permite personalização de cor de teto (como o Renautl Captur) e de interior (algo que o Chevrolet Tracker não oferece de bobeira), pode ter alerta de colisão e frenagem automática em caso de emergência (outro item de segurança de carros de luxo) e controles de tração, de estabilidade e de controle da carroceria (esse último algo raro), além de airbags lateral e de cortina (nem todo rival tem) e banco "Zero Gravity" (desenvolvido junto com a Nasa, sustenta melhor a coluna). E é o único do segmento com painel de instrumentos digital, que coloca 12 funções interessantes na mão do condutor e permite, por exemplo, ter um acompanhamento do gasto de combustível no trajeto diário.

Mas ainda há deslizes: a Nissan perdeu a chance de colocar o controle de cruzeiro no carro nacional, algo que boa parte dos rivais oferece, sobretudo nas versões mais bem equipados; o LED dos faróis é simples demais, não serve como luz diurna (algo que será obrigatório em 2023) e agora é opcional até neste versão; faltam entradas USB e sistema de conectividade mais interessante que o novo "Multi-app"; o ar-condicionado é digital, mas poderia ter duas zonas ou pelo menos uma saída para os passageiros do banco traseiro (isso é uma crítica a qualquer integrante do segmento).

Em termos estéticos, chamar o carro de mini-Evoque, como algumas pessoas fazem (inclusive ligadas à marca), é exagero demais. Mas, fato, o Kicks é uma opção atraente, atual e chamativa, sobretudo pela personalização de teto e acabamento interior. Curiosamente, a gente preferia a opção de teto laranja do mexicano, que segue existindo, mas que agora tem a companhia de teto preto... sério! Uma cor comum é a novidade.

Se você anda suave, vai gostar

Andando, pouca coisa muda, já que a base mecânica é a mesma: o motor 1.6 flex de 114 cv (gasolina ou etanol) e o câmbio CVT vão muito bem na cidade. O conjunto é suave, evita trancos e cabeçadas no anda-e-para, mas isso não necessariamente melhora o consumo nessa situação: fizemos média urbana de 4,5 km/l de etanol. Na estrada, por outro lado, segue havendo uma falta de ânimo para retomadas -- e isso não é só questão opinativa, ter uma melhor retomada é fundamental em ultrapassagens, por exemplo.

Mas, por rodar mais tranquilão, o Kicks com CVT acaba fascinando no bolso: nessa situação rodoviária, nossa média subiu para 12,1 km/l, melhor que o feito, por exemplo, pelo Honda HR-V nessa mesma situação. No geral, se você gosta de andar suave, vai gostar de cara. Se pisa mais, pode tentar aceitar pela economia.

No geral, a experiência a bordo do Kicks é uma das melhores, o que se oferece em termos dinâmicos podia ser melhor (mas não compromete) e a proposta geral é diferente. De fato, a Nissan só podia ter sido mais ousada e, para variar, não mexer no preço para realmente ter condições balançar os líderes.