Citroën C3 vira outro carro com câmbio de seis marchas; assista à avaliação
Transmissão herdada de modelos maiores do grupo PSA e recalibração do motor transformam comportamento do hatch
A Citroën brasileira vem promovendo atualizações constantes do atual C3: ainda que a casca vá continuar sendo a mesma, a marca decidiu finalmente mexer na parte mais defasada da mecânica. E com muito sucesso: no ano passado, trocou o velho motor 1.5 4-cilindros pelo novíssimo e econômico 1.2 3-cilindros PureTech, que é o mais econômico e eficiente do país.
Na última semana, foi a vez da melhorar a configuração mais cara: a marca enfim aposentou o jurássico câmbio de quatro velocidades criado pelo grupo PSA em parceria com a Renault e, em seu lugar, colocou uma caixa atualizada e bem programada da Aisin, de seis marchas. Virou outro carro, entrou no páreo!
Mudou "por dentro"
Dizem que o importante é "mudar por dentro", certo? Pois bem: a casca do C3 6-marchas é a mesma de seu antecessor, e UOL Carros até lamentou a ausência de um sinal externo, por menor que fosse. Esse novo C3 merecia ostentar que está diferente. E melhor.
O Fiat Argo 1.8 não tem vergonha de exibir a insígnia do câmbio AT6 -- que, aliás, vem do mesmo fornecedor -- na tampa de seus porta-malas. Por que não fazer o mesmo?
Além da caixa de marchas, o propulsor Vti 4-cilindros flex, com 16V de comando variável, foi recalibrado, o que fez potência cair de 122 para 118 cv com etanol e torque baixar para 16,1 kgfm com qualquer combustível. Isso pode parecer ruim, mas a escolha serve para deixar o carro mais econômico com o câmbio novo e ainda ter 90% do torque em faixas próximas a 1.500 rpm, o que torna a condução muito mais suave e confortável.
O câmbio promove degraus menores entre as trocas de marcha -- relações curtas nas quatro primeiras velocidades e uma sexta alongada, operando quase como overdrive. Assim, um modelo que antes sofria para passar de 5 km/l agora se aproxima facilmente de 10 km/l em ciclo misto com gasolina. E anda sem irritar os passageiros.
Isso sem falar nos excepcionais níveis de ruído (propulsor e transmissão são bem silenciosos) e vibração, nas trocas quase imperceptíveis e na boa elasticidade: é possível pegar uma rodovia de 120 km/h sem sofrimentos.
Claro que o trem-de-força não está perfeito: há certa demora nas retomadas, e a manopla continua a deslizar em degraus, enquanto quase todos os concorrentes já migraram para o trilho em linha reta (método muito mais prático e suave). Controles de tração ou estabilidade ainda fazem falta.
No cômputo geral, contudo, o C3 voltou a ser uma das opções mais interessantes do segmento, especialmente para quem não quer gastar mais de R$ 70 mil, ou até R$ 80 mil, num hatch compacto. Vai vender? UOL Carros já levantou tal questionamento e o consenso é: mais do que melhorar por dentro, o C3 precisaria mostrar do lado de fora que está melhor.
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