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Fiat Argo ou Volkswagen Polo, quem vence a próxima disputa do mercado?

Volkswagen já mostra teaser do novo Polo

UOL Carros

André Deliberato<br>Eugênio Augusto Brito

Do UOL, em São Paulo (SP)

11/05/2017 07h44

Ou seria melhor dizer "qual deles não vai fracassar"? Leia e opine!

No meio da onda de SUVs, duas das principais fabricantes do mercado vão se voltar para um dos segmentos mais complicado do mercado brasileiro atualmente: o de hatchback compacto premium. Esse tipo de carro tem mais equipamentos do que um modelo de entrada, mas isso também encarece demais os valores, a ponto de o consumidor não poder ou simplesmente querer pagar o preço. 

Fiat Argo e Volkswagen Polo são as apostas e chegarão às lojas quase que ao mesmo tempo. Paralelamente, a Citroën já avisou que não vai atualizar seu C3 com a Europa, mesma decisão tomada pela Ford com seu Fiesta. A Chevrolet matou o Sonic pouco tempo após lançamento. E a Honda agora bomba o WR-V, em detrimento (não expresso, mas que ocorre na prática) ao Fit.

A questão é que as duas marcas que preparam suas novas armas já "fracassaram" nesses segmentos antes: embora ambas neguem o termo, é fato que o Fiat Punto teve de versões mais populares (com motor 1.4 aspirado) até configuração esportiva e turbinada (T-Jet), atuação muito superior a de qualquer carro médio da marca, mas que sempre foi um modelo secundário (à sombra de Palio, Mille e Uno, por exemplo).

Já o Volkswagen Polo de terceira geração (o chamado "carro global da Volkswagen") passou de orgulho da marca a modelo simplificado a ponto de ter menos charme que Gol e Fox. Ambos brilharam em algum momento, mas tiveram aposentadoria melancólica. Retrospecto difícil, né? 

Para que Argo ou novo Polo (de sexta geração) funcionem na nova lógica do mercado, é preciso evitar os antigos erros, mas também mostrar novidades em relação ao que já existe. E, claro, ter preço compatível com o bolso do comprador.

Flagra do Fiat Argo com pouca camuflagem em treinamento no autódromo de Goiânia (GO) - Reprodução/Facebook - Reprodução/Facebook
Fiat Argo foi visto com pouca camuflagem durante treinamento no autódromo de Goiânia (GO)
Imagem: Reprodução/Facebook

Recomeço com Argo

Pouco sabemos sobre o Argo até agora, mas o hotsite oficial do carro afirma que ele será "o mais completo hatch premium do mercado" e que terá "muito conforto e tecnologia". É possível concluir que a Fiat deve apostar na lista de equipamentos, no espaço interno e na conectividade para conquistar o consumidor.

Quando chegar às lojas, em junho, terá a missão de movimentar o mercado, como a Toro e os Jeep Renegade e Cherokee fizeram. 

Sua missão será substituir de uma só vez Palio, Punto e Bravo, posicionando-se acima do Uno (que hoje custa até R$ 55.580) e ocupando uma ampla faixa de preços, entre R$ 50 e R$ 80 mil (valores estimados). Ficou na cara que ele terá de ter a atratividade (em termos de ser acessível ao bolso) de um Palio e o poderio de um Bravo, né?

A marca ainda não revelou versões, motores e câmbios serão utilizados pelo hatch. Mas o que esperamos é que o Argo tenha mais versatilidade do que "micos": câmbios modernos (um novo câmbio manual de seis marchas seria interessante, ao passo que a opção sem embreagem precisa ser pelo menos a automática de seis marchas, não a automatizada); é necessário ter alguma opção de motor eficiente (três-cilindros e turbo são tecnologias necessárias) e, se possível, fugir do 1.8 E-torq, que não é eficiente o bastante para os novos tempos -- um modelo com este motor antigo (apesar das atualizações feitas) seria um prato cheio para detratores.

Vale lembrar que o Argo deve trazer junto, nos próximos anos, uma versão sedã, ainda sem nome -- o projeto é chamado internamente de X6S. Quem sabe, até uma perua (embora essa opção seja improvável), substituindo a Palio Weekend. Na Europa, a família Tipo (que é um médio, mas inspira bastante o Argo) existe em carroceria hatchback, station wagon e sedan. Mas, de uma forma ou de outra, é preciso oferecer espaço e conforto coerentes com o segmento.

Retorno do Polo

Já o Polo é tão importante para a Volkswagen que renasce na fábrica no próximo mês de julho, antes mesmo da apresentação global no Salão de Frankfurt, em setembro. As vendas, porém, só começam no mês seguinte, em outubro.

Motores e sistemas de transmissão não estão confirmados, mas praticamente todas as combinações são conhecidas, já que estão presentes nas gamas Gol, Fox e Golf. Isso significa que são esperados motores 1.0 e 1.4 TSI e câmbio manual e automático de seis marchas, ou seja, a última geração em termos de tecnologia que a fabricante oferece em produtos nacionais -- e isso pode ser uma vantagem sobre o Argo se a Fiat não atualizar seus equipamentos.

Aliás, o Polo vai usar a base do Golf, mas redimensionada, o que ajuda no compartilhamento de componentes. Conectividade e segurança deverão ser os mesmos que foram recentemente apresentados na tríade Gol, Fox e Golf. Por outro lado, isso só reforça a dúvida: como fazer para custar menos? A Volks costuma usar uma extensa lista de opcionais como forma de resolver essa equação -- o que gera casos curiosos como o da SpaceCross, que já ultrapassa os R$ 100 mil. 

Outro ponto: o Fox atualmente tem sua versão mais cara sem opcionais custando R$ 65 mil, enquanto o Golf começa em R$ 77.247 na versão 1.0 TSI. Onde encaixar o Polo? Uma aposta fortíssima: o Fox praticamente perde a razão de existir com a chegada do novo Polo e pode se aposentar.

Também podemos apontar que o novo hatch vai gerar um sedã (que já tem nome, o Virtus), um SUV e uma picape, tudo por conta da plataforma versátil. Todos eles, porém, seriam mais atrativos ao mercado que o próprio hatch. Lidar com essa questão de oferta será uma grande pedra no sapato da Volkswagen. De novo.