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Supercompactos evoluem lá fora e ficam longe do Brasil; veja o que perdemos

Novo Fiesta é um dos novos carros que chegaram a um patamar de tecnologia mais alto do que a conta brasileira permite - Divulgação
Novo Fiesta é um dos novos carros que chegaram a um patamar de tecnologia mais alto do que a conta brasileira permite Imagem: Divulgação

André Deliberato<br>Eugênio Augusto Brito<br>Leonardo Felix

Do UOL, em São Paulo (SP), com informações de Detroit (EUA)

10/01/2017 08h00

Novas gerações de modelos conhecidos se afastam do país; conheça

Apesar de plataformas globais, novas tecnologias fazem alguns modelos, sobretudo hatches compactos premium, ficarem equipados e caros demais para o atual cenário do mercado brasileiro.

As marcas preferem apostar em SUVs, que passam por ótima fase e estão "bombando" em vendas, e/ou em modelos maiores, que sempre trazem maior rentabilidade.

O novo Ford Fiesta é a nova vítima dessa lógica complicada de mercado. Maior e mais moderno, avançou tanto em tamanho e tecnologia que ficou perigosamente próximo ao Focus. Com isso, a Ford brasileira optou por descartá-lo, ao menos por enquanto, já que o modelo feito no Brasil "atende perfeitamente às exigências do consumidor brasileiro".

"É uma nova estratégia global e o Fiesta ficou longe das características atuais. É por isso que não vai", assumiram executivos ligados à Ford durante a apresentação do modelo no Salão de Detroit.

Vale lembrar que o Ka vendido no Brasil, feito em Camaçari (BA) já ocupa uma posição (em tamanho e preço) que era do próprio Fiesta há alguns anos atrás -- e vai crescer e ganhar mais versões, em breve, com a decisão de assumir esse papel. Quem perde com isso é o consumidor, que acaba ficando com menos opções.

Mas este não é um problema só da Ford. Ele também se estende por várias outras fabricantes, que se veem obrigadas a descartar carros interessantes apresentados em Salões pelo mundo por conta do atual cenário brasileiro. Abaixo, elencamos sete deles.

1. Novo Ford Fiesta
Ford Fiesta 2018 - Patrik Stollarz/AFP - Patrik Stollarz/AFP
Imagem: Patrik Stollarz/AFP

Nova geração do hatch da Ford, apresentada no Salão de Detroit, ganhou em tamanho e refino, recebeu diversas tecnologias de ponta, principalmente no interior, e ficou muito próxima do Focus, que mudou no Brasil em 2015. Com isso, por ora está descartada -- quem ganha espaço com isso é o Ka, com novas versões, cada vez mais caras. O Fiesta atual, feito em São Bernardo do Campo (SP), deve ser reajustado para se manter competitivo, mas a produção deve sofrer quedas de volume.
 

2. Renault Clio 4
Renault Clio 4 - Christian Hartmann/Reuters - Christian Hartmann/Reuters
Imagem: Christian Hartmann/Reuters

Na Europa, o Captur -- que no Brasil vai utilizar a base do Duster -- é feito sobre a plataforma do Clio 4, hatch que desde 2012, quando foi apresentado, tem feito sucesso nas vendas. Além de ser um dos responsáveis por estrear o atual DNA estético da Renault, o modelo é recheado de tecnologia. Oferece motores modernos (de 0,9 e 1,2 litro, ambos com três cilindros e turbocompressor), visual fluido e musculoso e interior de primeira. Por aqui, a Renault explora a ampla linha de versões do Sandero.

3. Novo Fiat 500
Fiat New 500 Lord Edition 2016 - Murilo Góes/UOL - Murilo Góes/UOL
Imagem: Murilo Góes/UOL

As mudanças no carrinho são praticamente imperceptíveis, pois não há alteração no tamanho e o estilo clássico, baseado no carro vendido durante os anos 1950, foi mantido. Mas o novo 500 subiu de nível: recebeu novos motores, menores e mais modernos, e ganhou interior remodelado, com sistema de entretenimento Uconnect totalmente novo, que pode ser controlado por uma nova tela colorida de cinco polegadas no console). A Fiat afirma que foram mais de 1.800 mudanças foram feitas no design. Por aqui, continuamos com o modelo anterior, importado do México.
 

4. Peugeot 308 europeu
Peugeot 308 GTi 270 - Murilo Góes/UOL - Murilo Góes/UOL
Imagem: Murilo Góes/UOL

O design invocado e agressivo da nova geração do 308 causou repercussão quando surgiu, no Salão de Frankfurt de 2013. O carro era arrebatador: bonito, elegante e cheio de tecnologia. A filial brasileira recebeu diversas perguntas sobre quando ele seria vendido no Brasil. Até agora, o máximo que conseguiram foi uma "clonagem" feita sobre a atual geração, que é importada da Argentina para o Brasil. Ainda não há planos para o modelo europeu, infelizmente.
 

5. Volkswagen Polo
Volkswagen Polo Europeu 2014 - Divulgação - Divulgação
Imagem: Divulgação

Com a ascensão de status do Fox e de todos os demais hatches da Volkswagen, além da nacionalização do Golf, o Polo foi um dos modelos sacrificados. Faltou espaço para o modelo no Brasil, que segue fazendo sucesso na Europa e em outros países no qual ainda é vendido. Em final de ciclo (a sexta e atual geração deve dar lugar em breve à sétima, já feita sobre a plataforma MQB, em 2018), o Polo europeu oferece desde as versões de entrada, que custa a partir de 13 mil euros, motores pequenos e eficientes (com turbo e injeção direta), sistema multimídia com conectividade para smartphones (via CarPlay, Android Auto e MirroLink) e conexão com Spotify e Skype.
 

6. Novo Citroën C3
Citroën C3 2017 europeu - Murilo Góes/UOL - Murilo Góes/UOL
Imagem: Murilo Góes/UOL

No último Salão de Paris a Citroën revolucionou ao apresentar um C3 totalmente descolado, com bolhas na carroceria (tal qual o C4 Cactus) e tamanho imponente. Ficou tão tecnológico e interessante que... passou dos limites para o Brasil -- por aqui, a marca foi outra a seguir a tendência ao apostar em um SUV. Na ocasião, Carlos Gomes, presidente do grupo PSA para a América Latina, explicou a decisão."Nosso C3 está alinhado ao que é oferecido no país e os custos não justificariam a mudança. Temos um plano para seguir atualizando nossos produtos até 2021", disse. Uma pena.

7. Nissan March 5
Nissan March Micra paris - Benoit Tessier/Reuters - Benoit Tessier/Reuters
Imagem: Benoit Tessier/Reuters
 

Apresentada no Salão de Paris do ano passado, a quinta geração do March (conhecida em outros mercados como Micra) está melhor em todos os sentidos: o hatch ficou maior, mais espaçoso, mais tecnológico e bem mais bonito e arrojado. Seria um carro para abalar as estruturas do segmento no Brasil. Seria... Se o cenário econômico desfavorável e o foco (de novo) em SUVs não levasse a Nissan a suspender seus planos para cá, conforme apontado por ninguém menos do que o chefão do grupo, Carlos Ghosn. "Existe a chance de fazermos esse carro no Brasil? Sim, mas só quando o mercado permitir", disse o executivo. Resta aguardar e torcer...