Salão de SP mostra que motorista prefere som com CD ao celular integrado
Se a bola da vez é a conectividade dos carros novos ao celular e à internet, o Salão do Automóvel aprofunda mais o tema com modelos que vão se comunicar entre si e também com casas e estradas. Mas também mostra que muita gente ainda tem um pé atrás -- ou seria mão atrás? -- com a tecnologia.
Quando o assunto é o carro que está nas ruas, sistemas de som mais simples ainda são os preferidos do consumidor. De acordo com André Ricardo Andrade, gerente de marketing da Pioneer, cerca de 80% dos acessórios comercializados pela marca correspondem a sistemas de som simples, sem tela colorida sensível ao toque nem GPS. Mais surpreendente: metade desse volume, de acordo com o executivo, é de equipamentos com CD player.
Nada de música por streaming, aplicativos como Spotfy ou Apple Music, nem de pendrive USB com faixas em MP3. CD Player é o mais buscado.
"Ainda existem muitos consumidores mais tradicionais, que têm sua coleção de CDs e fazem questão de ouvi-la no carro", afirma Andrade.
Preço a pagar
Claro, há também o fator custo. Uma central multimídia mais avançada (capaz de conversar com celulares e funcionar com sistemas Android Auto e Apple Carplay) é vendida como opcional (ou dentro do pacote de versões mais caras) por cerca de R$ 3 mil a mais, na comparação com versões básicas, junto a carros de marcas como Chevrolet, Volkswagen e Hyundai. O preço é praticamente o mesmo quando falamos de sistemas semelhantes de marcas aftermarket: o acessório custa cerca de R$ 3.000, mais instalação.
Som sem CD, mas equipados com portas USB e conexão Bluetooth, custa até R$ 300. Com o tocador, o valor começa, em R$ 400, no caso da Pioneer.
Essas opções são oferecidas no aftermarket em centrais comercializadas como acessórios, não homologados. No entanto, nesse mercado, que tem foco nos modelos zero-quilômetro "pelados" ou veículos usados isso faz pouca diferença.
Mas o aftermarket também tem espaço para aqueles que buscam um sistema multimídia e com mais recursos, inclusive Android Auto e Apple Carplay, tecnologias que estão se tornando padrão na indústria automotiva.
Considerando os carros novos, o mercado de acessórios também traz apelo do custo mais acessível e da maior possibilidade de customização. Em contrapartida, não oferece o mesmo grau de integração com o veículo, se comparado aos sistemas originais de fábrica, além de oferecer garantia menor. Em média, ela é de um ano para acessórios não homologados, enquanto a cobertura para equipamentos homologados ou de série é igual à do veículo (de três a cinco anos, na média).
"Fazer o upgrade em um carro novo com a instalação de central multimídia na concessionária custa, em média, cerca de R$ 5.000. No aftermarket, a redução no preço pode chegar a aproximadamente 40%, considerando opções topo de linha", afirma Andrade.
Tchau, Mirror Link
Seja o bom e velho CD, seja Android Auto ou Apple Carplay, temos um perdedor definido: o sistema Mirror Link. Ele permite espelhamento puro e simples da tela de smartphones na central multimídia do carro, e estava disponível em muitos modelos há dois anos -- JAC, Citroën, Peugeot e até Honda oferecem o sistema em carros vendidos no Brasil.
O Mirro Link está sumindo dos equipamentos, sejam originais do carro ou acessórios, para dar lugar justamente às alternativas desenvolvidas por Apple e Google. Sua desvantagem é a falta de segurança para quem dirige e a dificuldade de uso, com emparelhamento mais complexo. Ele permite, por exemplo, que o motorista acesse um vídeo ou jogo do celular, usando a tela multimídia do automóvel, mesmo com o veículo em movimento, o que é proibido pela legislação de trânsito.
Carplay e no Android Auto são projetados com uma interface simplificada (plugou, usou) e priorizam a segurança limitando quais aplicativos podem ser usados (geralmente tocadores de música, rádio, um sistema de mensagens e mais o mapa) e dando prioridade a comandos de voz.
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