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Protesto contra Trump e Nissan para Salão do Automóvel em SP

Protesto contra Nissan e Trump no Salão de SP 2 - Eugênio Augusto Brito/UOL - Eugênio Augusto Brito/UOL
Trabalhadores de Brasil e EUA se uniram em protesto
Imagem: Eugênio Augusto Brito/UOL

Eugênio Augusto Brito e André Deliberato

Do UOL, em São Paulo (SP)

10/11/2016 16h37Atualizada em 16/11/2016 13h34

Manifestantes chamam Trump de racista e Nissan de escravocata

Cerca de 60 sindicalistas metalúrgicos e comerciários do Brasil, de CUT, UGT e Força Sindical, se uniram a quatro representantes do sindicato americano UAW, em protesto que paralisou o andamento normal do Salão do Automóvel em São Paulo, agora na tarde desta quinta-feira (10).

Com cartazes, camisetas pretas, faixas e cartazes com os dizeres "A Nissan joga sujo", "Trump racista" e "Trump contra os Trabalhadores”, tomaram todo o espaço do estande da Nissan e depois caminharam pelo corredor principal do SP Expo por cerca de 25 minutos. Todos protestam contra a eleição de Donald Trump nos EUA, a quem chamam de racista, e contra o que dizem ser falta de assistência da Nissan nos Estados Unidos, na unidade de Mississippi. Alguns classificam o trabalho na Nissan como "condição de escravidão".

Ingressos pagos

Líderes da manifestação dizem que chegaram em ônibus fretado e compraram os ingressos na bilheteria para ter acesso ao centro de exposições. Segundo a coordenação do protesto, o grupo tem cerca de 150 pessoas, mas nem todos entraram.

Acusam a fabricante de não pagar direitos trabalhistas nos Estados Unidos, de impor carga horária excessiva e pressionar pela não-sindicalização dos novos funcionários, ameaçando o fechamento da fábrica sempre que reivindicações são feitas pelo sindicato.

"Apoiamos os trabalhadores e participaremos de manifestações certos de que a repercussão levará a Nissan a rever suas práticas", declarou Ricardo Patah, presidente da UGT.  

Os manifestantes dizem ainda anda que há turnos de até 16 horas e obrigação do uso de fralda geriátrica pelos funcionários, para que possam produzir mais e sem pausas. Metade da força de trabalho seria de trabalhadores temporários.

Morris Mock, empregado da fábrica do Mississipi, declarou que "a atitude dos trabalhadores brasileiros é um exemplo e uma inspiração para todos nós”.

À reportagem, porém, nenhum dos manifestantes fez maiores reclamações sobre a filial brasileira, embora digam para "não comprar carros da Nissan".

O que diz a Nissan

Procura por UOL Carros, a Nissan divulgou nota oficial:

"Nas fábricas da Nissan de todo o mundo, a decisão de unir-se -- ou não -- a um sindicato cabe inteiramente ao funcionário.

A Nissan respeita as leis trabalhistas em todos os países em que opera e garantimos que nossos funcionários têm liberdade de expressar suas opiniões.

Os funcionários da Nissan Estados Unidos possuem empregos que estão entre os mais seguros e os que oferecem os maiores salários em manufatura nas regiões em que operam.

Nós apoiamos o direito de cada funcionário escolher quem os representa, e os funcionários da Nissan Estados Unidos votaram repetidamente contra representação sindical".