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Para vender GT-R a R$ 1 milhão, Nissan usa loja VIP e até miniatura

Miniatura do GT-R Super GT500, de competição, é brinde do carro de verdade - Murilo Góes/UOL
Miniatura do GT-R Super GT500, de competição, é brinde do carro de verdade Imagem: Murilo Góes/UOL

Eugênio Augusto Brito

Do UOL, em São Paulo (SP)

28/09/2016 08h00

Você já leu em UOL Carros: a Nissan finalmente trouxe eu GT-R ao Brasil de forma oficial, mas cobrando R$ 900 mil mínimos (veja aqui os detalhes) -- R$ 920 mil para quem quiser trocar o interior preto pelo colorido. Mas quem compra supercarros de quase R$ 1 milhão não leva apenas um cupê de 572 cavalos. Carrega ainda mimos ao sair da loja: é o tal do toque de exclusividade e diferenciação que inflam o vocabulário de especialistas de marketing e vendas, mas que também viram armas para tentar transformar consumidor eventual em cliente fiel.

 

Na apresentação oficial do Godzilla em São Paulo (SP), na terça-feira (27), a Nissan usou a única unidade do modelo 2017 que já está em solo brasileiro neste momento, um carro na cor cinza "Gun Mettalic". Ela já estava vendida, mas pudemos entrar, sentar, ligar o motor e fuçar a ponto de encontrar alguns itens no porta-malas.

"É o kit de boas-vindas que vamos dar a todos os compradores do GT-R: tem capa de proteção para o carro, o cadeado da capa, bolsa protetora da capa, tapetes oficiais do GT-R, chaveiro, calibrador automático e uma miniatura do Nismo de competição", enumerou um dos executivos.

Com cerca de 30 centímetros de comprimento, a miniatura sozinha custa cerca de US$ 200, quase R$ 700 em conversão direta e limpa, revela uma busca rápida em sites especializados. Parece bobagem?

Pode até parecer, mas tenha fé: mimar esse tipo de cliente é preciso.

"O cliente do GT-R não tem apenas esse carro na garagem, nem trocou outro modelo para comprar este aqui. Ele geralmente já tem um similar, por exemplo um Porsche 911 Turbo, e busca novidades para acrescentar à garagem", afirmou Arnaud Charpentier, diretor de vendas para a América Latina.

Novidades, aliás, não devem faltar, revelou o executivo a UOL Carros: "É um carro que evolui a cada ano e nosso compromisso é trazer o GT-R de forma ordenada desde já e até a próxima geração, que ainda não tem detalhes revelados, é ainda um segredo guardado a sete chaves, mas já está no radar".

Nova realidade

Acontece que para "virar a chave" de vez e se tornar uma marca grande no Brasil, como é na Europa, Estados Unidos e Japão, a Nissan precisa de portfólio completo (algo que finalmente passa a ter no país, após ampliação da linha com câmbio automático CVT, atualização de praticamente todos os modelos mais vendidos e da chegada do Kicks -- resta apenas a chegada da nova picape Frontier) e também parecer grande. Ter supercarro e dar presentes aos melhores clientes ajuda na percepção.

Cativar antigos donos, ainda que não sejam clientes também. Nada de dar assistência na garantia a quem trouxe carros anteriores por conta, infelizmente, mas sim oferecer os serviços e produtos de reposição de forma estruturada:   

"Não daremos garantia aos modelos antigos [importados de forma independente], mas com o início da venda oficial temos total interesse em mostrar os benefícios do atendimento Nissan e trazer também esse consumidor para nossa casa", disse Cristiane Sanchez, gerente de marketing de produto.

Na soma, a Nissan espera ter "muito sucesso" (e isso é relativo) na venda do supercarro: quer vender 10 unidades por ano (seis agora em 2016), mas sem colocar limites. "Nossa meta é de dez unidades em anos cheios, mas é claro que se mais clientes quiserem o GT-R podermos trazer", afirma Sanchez.

UOL Carros andou de GT-R em Spa

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Prova de força

Embora pareça algo tímido, dez unidades é na verdade um número bastante otimista para o segmento, ainda que a Nissan do Brasil desconverse ao falar de rivais e comparações.


O Porsche 911 vendeu seis vez mais em 2015, por contar com versões iniciais que custam metade do preço do GT-R (na linha nova há versões no mesmo patamar). Já o Chevrolet Camaro, ainda que não chegue aos pés em performance, é certamente mais lembrado e barato: assim, emplacou 37 vezes mais.


Mas por se tratar de um carro exclusivo, com produção artesanal e fabricado ao passo de 1.200 unidades anuais para o mundo todo (até o modelo 2016 eram apenas 1.000/ano), o Brasil entrará na fila geral. Por conta disso, a marca vai focar toda e qualquer venda feita no país em uma única loja "premium".


Essa é exatamente a função da loja paulistana da avenida Brasil, no badalado bairro dos Jardins, ter sido palco para a apresentação do carro. Com ares de ambiente "VIP", vai centralizar a fila brasileira do GT-R. Quem for até uma concessionária do Nordeste atrás de um GT-R, por exemplo, terá seu pedido encaminhado para São Paulo. E daqui para o Japão.


Ainda assim, a loja da avenida Brasil vale como indicativo do lugar que a Nissan quer ocupar: pertencente ao grupo Carrera, era revenda Chevrolet até o começo do ano (e ajudava nas entregas do Camaro). Agora venderá "monstros japoneses". E sempre com presentinhos no porta-malas.