Fiat Tempra foi história de sucesso e ainda atrai jovens motoristas
Em 40 anos de existência no Brasil, a Fiat marcou a história automotiva local por modelos extremamente populares: o pioneiro 147, Uno/Mille/Novo Uno, Palio e o recente Mobi provam a máxima.
Até hoje, a marca sofre para emplacar em nichos mais refinados, como no segmento de médios. Apenas a chegada da Toro -- projeto conjunto com a Jeep -- parece ter rompido este estigma. A Toro e um outro modelo lançado em 1991, cheio de força, têmpera... ou tempra, como dizem os italianos.
Lançado em 1990 na Italia, sobre a base do hatch Tipo, o Fiat Tempra trouxe avanços de estilo (portas que avançavam sobre a carroceria, capô que "saltava" sobre o para-brisa), traseira imponente, interior bastante equipado e com avanços tecnológicos tidos por muitos de seus consumidores como "de luxo".
Da sempre idealizada Alfa Romeo, vinham soluções de trem-de-força (primeiro com carburador de corpo duplo, depois com injeção eletrônica) e suspensões.
Se o carro era normal na Itália, no Brasil não estávamos acostumados com o simbolismo, nem com o uso prático de tais recursos: a série topo de gama ganhou o nome oficial Ouro (2.0 aspirado, 16 válvulas, 127 cv), enquanto derivações mais simples foram apelidadas pelo público de Prata (2.0, oito válvulas, 105 cv).
Marea, Linea... o atual projeto Dart/Viaggio/Tipo Sedã? Pense em qualquer outro sedã médio da Fiat e nenhum terá o mesmo apelo, nem o carinho do público.
Motorista novo, carro antigo
Vinícius Cavalcante Donato é programador, tem 27 anos e mora em São Paulo (SP). Tirou CNH somente em 2013, aos 24, e tomou decisão ousada: ter como primeiro carro próprio um... Tempra.
"Sempre quis ter um desses desde que o vi, apesar de não entender muito da parte mecânica. Gostava do estilo de carro de mafioso italiano", brinca Donato, que até hoje tem o Tempra como único veículo.
O destino parece ter conspirado a seu favor: na época em que habilitou, um amigo que coleciona carros antigos se casou e decidiu vender alguns dos carro que sobravam na garagem. O programador não titubeou e comprou o Tempra azul 94/95 por R$ 9.000.
Curiosamente, foi também o primeiro carro do proprietário anterior.
Aprendendo a cuidar... e a guiar
Com a aquisição vieram os desafios de cuidar de um carro mais antigo e de aguentar um modelo maior e mais possante que carros de entrada habituais.
"Logo no início, ainda sem muito domínio ao volante, raspei a caixa de rodas no portão da casa da minha mãe", conta Donato.
Refazer suspensões, trocar o retrovisor rachado, substituir uma lanterna com mal contato... As manutenções de um carro com 20 anos de uso são constantes e o mais trabalhoso, segundo Vinícius, é realizar os serviços sem perder a originalidade. Trocas de óleo, por exemplo, são feitas religiosamente a cada 5.000 quilômetros. Os gastos periódicos, porém, não passam de R$ 600 mensais (aliviados pela isenção do IPVA).
Além disso, o Tempra ainda é visado por seu status de carro mais equipado.
"Um belo dia deixei o Tempra estacionado na rua e, quando voltei, ele estava sem a grade dianteira. Tentei dar a partida e ele sequer ligava. Quando abri o capô, vi que tinham roubado minha bateria", relata. "Tive de colocar uma provisória de outro ano-modelo, mas a ideia é, assim que possível, trocá-la por uma original", garante.
Peças internas de revestimento e acabamento são as mais difíceis de encontrar. O alento é que a parte mecânica é mais fácil de lidar.
"Muitos componentes elétricos, de motor e câmbio são compartilhados com outros modelos da Fiat", explica.
Conservado e asseadiado
Atualmente com 165 mil quilômetros rodados, o Tempra 1995 de Vinícius é empurrado por um 4-cilindros de oito válvulas e 105 cv. O motor, já dotado de injeção eletrônica, se mostra em bom estado, a ponto de suportar até pequenas viagens pelo litoral ou interior do Estado de São Paulo.
"Nunca me deixou na mão. O que eu mais gosto nele é que não tenho dificuldade para ligá-lo", diz, enquanto gira a chave e sente o carro responder de imediato.
De acordo com o dono, o Tempra chama atenção e atrai interessados com frequência: "Uma semana depois de comprá-lo, me ofereceram R$ 15 mil. Até hoje é comum alguém me perguntar se está à venda".
Chances de venda? Zero, com uma exceção: "se um dia eu for vendê-lo, vai ser para minha namorada. Ela gosta do carro tanto ou mais do que eu".
Mesmo assim o programador revela que tem vontade de adquirir outros veículos da Fiat, inclusive aqueles considerados micos. "Marea, Brava, todos esses modelos vistos como 'carros-bomba' da Fiat eu teria", confessa. Até o Tipo que pegava fogo? "Esse não tanto porque eu prefiro sedãs", ressalva.
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