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Mitsubishi fraudou 625 mil micro-carros no Japão; Brasil está fora

Presidente Tetsuro Aikawa (ao centro) e executivos se curvam em pedido de desculpas - Toru Hanai/Reuters
Presidente Tetsuro Aikawa (ao centro) e executivos se curvam em pedido de desculpas Imagem: Toru Hanai/Reuters

André Deliberato<br>Eugênio Augusto Brito

Do UOL, em São Paulo (SP)

20/04/2016 19h37Atualizada em 22/04/2016 20h14

Após o escândalo da Volkswagen com veículos a diesel, outra empresa se envolve em problema parecido. Nesta quarta-feira (20), a Mitsubishi Motors admitiu ter "manipulado testes de emissões para apresentar rendimentos de energia melhores". O caso envolve 625 mil micro-carros -- nenhum vendido no Brasil.

Todos os chamados keycars usam motor a gasolina de três cilindros e são vendidos em versões com tração 4x2 ou 4x4. Estão envolvidos os modelos 167 mil unidades dos modelos Mitsubishi eK Wagon, eK Space, além de 468 mil unidades dos modelos Dayz and Dayz Roox, que são feitos pela Mitsubishi para a Nissan.

Nenhum destes modelos é vendido vendido em outros mercados, além do asiático.

Em resposta a UOL Carros, a HPE, representante da Mitsubishi no Brasil, emitiu comunicado afirmando que "os modelos que apresentaram divergência nestes testes nunca foram produzidos nem comercializados no Brasil e são exclusivos do mercado japonês".

Ainda segunda a empresa brasileira, todos os veículos da marca Mitsubishi vendidos no Brasil cumprem e sempre cumpriram "100% da regulamentação e das normas exigidas pelos órgãos brasileiros".

Pedido de desculpas

"Pedimos desculpas a todos os nosso clientes e às demais partes afetadas", afirmou o presidente do grupo Mitsubishi, Tetsuro Aikawa, durante entrevista coletiva no Ministério dos Transportes publicada pela agência AFP.

Nissan/Mitsubishi Dayz - Divulgação - Divulgação
Dayz é um dos dois carros da Mitsubishi vendidos sob a insígnia da Nissan no Japão
Imagem: Divulgação
Segundo o executivo, a fraude foi descoberta pela Nissan, que encontrou divergências entre os números de testes emissões feitos e aqueles fornecidos pela Mitsubishi -- havia diferença entre os testes da ordem de 5% a 10% segundo o "Japan Times".

Desde março, porém, o Ministério dos Transportes investigava Mitsubishi, Nissan e também Toyota para determinar se o nível de poluentes e partículas de de óxido de nitrogênio declaradas estavam dentro dos limites legais.

"Nosso cliente Nissan descobriu divergências entre os números divulgados e os constatados, e solicitou uma revisão", anunciou a empresa. "Decidimos interromper a produção e as vendas dos modelos envolvidos", diz ainda o comunicado.

A Mitsubishi afirma que vai interromper a produção dos modelos e encontrar uma forma de ressarcir a Nissan. Além disso, afirmou que também ressarcirá qualquer pedido feito pelos compradores no Japão. 

Ainda não há informação sobre sanções e multas por parte do governo do Japão.

Ícone 4x4

A Mitsubishi, conhecida pelos modelos com vocação off-road e tração 4x4, Outlander e Pajero, vende quase um milhão de carros por ano em todo o mundo.

Para o ano fiscal encerrado em março de 2016, o grupo espera volume de negócios equivalente a 18 bilhões de euros (US$ 20,3 bilhões). Os resultados serão divulgados no próximo dia 27 de abril.

Esta fraude lembra o escândalo da Volkswagen descoberto nos Estados Unidos, em setembro de 2015: o grupo alemão, proprietário de 12 marcas admitiu que manipulou os motores a diesel de 11 milhões de veículos em todo o mundo para que parecessem menos poluentes do que eram na realidade.

No Brasil, a fraude da Volks afetou 17 mil unidades da picape Amarok

Leia o comunicado da represente da Mitsubishi no Brasil

"Consumo de combustível em produtos fabricados pela Mitsubishi Motors Corporation (MMC -- Japão)

Em relação às informações divulgadas hoje (20) pela Mitsubishi Motors Corporation (MMC -- Japão), a HPE Automotores do Brasil, representante da Mitsubishi Motors no Brasil, esclarece que os modelos que apresentaram divergência nestes testes nunca foram produzidos nem comercializados no Brasil e são exclusivos do mercado japonês.

A HPE, representante dos veículos da marca no Brasil, cumpre e sempre cumpriu 100% da regulamentação e das normas exigidas pelos órgãos brasileiros. As divergências que estão sendo investigadas dizem respeito apenas a produtos produzidos e comercializados no Japão, que seguem a regulamentação específica em vigor neste país.

São quatro veículos do tipo "mini-cars", nos modelos "eK Wagon" e "eK Space", fabricados pela MMC -- Japão, e também o "Dayz" e o "Dayz Roox", fabricados pela MMC -- Japão e fornecidos para a Nissan Motors Corporation (NM) desde junho de 2013.

Os veículos comercializados pela HPE (importados ou produzidos localmente) são testados e homologados no Brasil conforme legislação vigente, não dependendo de testes realizados pela Mitsubishi do Japão.

A MMC -- Japão, titular da marca, dentro do habitual compromisso com a qualidade e cumpridora de suas obrigações legais, já está tomando todas as medidas para adequar os modelos citados acima à regulamentação japonesa".