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Peugeot 208 1.2 quer ser "mais econômico do Brasil" e faz 20 km/l

Leonardo Felix

Do UOL, em Fortaleza (CE)

04/04/2016 20h00Atualizada em 07/04/2016 11h54

Não é segredo a situação delicada da Peugeot no Brasil. Antiga candidata a quinta força do setor automotivo brasileiro (o "quarteto de ferro" inclui as líderes e pioneiras Fiat, Ford, GM e Volkswagen), a marca francesa sequer consta entre as dez mais vendidas do país atualmente. Um sopro de vida vem nesta segunda (4) com o lançamento de novas versões, alterações visuais e de pacote e, mais importante, novos motores.

Sua última grande esperança de sucesso, o crossover 2008, ainda não embalou (apesar de ter, em março, finalmente chegado à meta 1.000 unidades vendidas num só mês). Com isso, a fabricante mal passa dos 2 mil emplacamentos mensais. Em 2016, apesar de ter crescido timidamente, a fatia de participação de mercado ainda consta abaixo de 1,5%.

Agora, nova aposta é colocada na linha 2017 do compacto premium 208, que terá duas grandes novidades inseridas no mesmo contexto: a adoção, finalmente, de uma família de motores realmente nova e eficiente. Um deles é o PureTech 1.2 3-cilindros, bicombustível de 84/90 cv e 12,2/13 kgfm (gasolina/etanol), em substituição ao velho 1.5 4-cilindros de 93 cv.

Preço de partida é o mesmo da linha 2016: R$ 48.190.

A outra "novidade" já era esperada desde a estreia do 208 no Brasil, no Salão do Automóvel de São Paulo de... 2012. Finalmente haverá a versão esportiva: não será a GTi europeia, mas a GT, dotada do já conhecido 1.6 THP turboflex de 165/173 cv usado em modelos maiores de Citroën e Peugeot.

Como é o motor Pure Tech

Programa Auto+

Como é a linha 2017

Munido de pacotes modificados por inclusão de luz de LED e sistema multimídia com espelhamento de smartphones (o mesmo do Citroën Aircross) em todas as versões, de inédita configuração esportivada que imita a GT (chamada Sport), o hatch terá uma missão: finalmente incomodar a vida de Ford Fiesta e de compactos menores com equipamentos mais caros, como Volkswagen Fox e Hyundai HB20 Premium, atuais referências no segmento em vendas.

Confira a lista de versões e equipamentos:

+208 Active 1.2 Flex -- R$ 48.190
Motor 1.2 3-cilindros flex de 84/90 cv, que dispensa tanquinho de partida a frio; transmissão manual de cinco marchas; faróis e lanternas de neblina; retrovisores externos com luz de seta integrada; rodas de aço aro 15 e pneus verdes; lanternas traseiras com guia de luz em LED e máscara negra; direção elétrica progressiva; chave canivete; ar-condicionado; vidros, travas e retrovisores elétricos; limpador de vidro traseiro com acionamento automático em marcha à ré; luzes de emergência para frenagem brusca; cintos de três pontos e encostos de cabeça para os cinco passageiros; e central multimídia com tela tátil de 7 polegadas, Bluetooth, USB e espelhamento via Apple CarPlay e MirrorLink.

+208 Active Pack 1.2 Flex -- R$ 51.690
Acrescenta ao pacote anterior rodas em liga leve aro 15; volante revestido em couro; quatro airbags no total (frontais e laterais); ar-condicionado digital de duas zonas.

+208 Allure 1.2 Flex -- R$ 54.990
Acrescenta ao pacote anterior grade, contorno dos faróis de neblina e teto com cromo; teto solar panorâmico; sensor de estacionamento traseiro; e piloto automático com limitador de velocidade.  

+208 Sport 1.6 Flex -- R$ 60.990
Motor 1.6 4-cilindros flex de 115/122 cv e 15,5/16,4 kgfm; navegador GPS; moldura preta nos faróis de neblina; rodas em liga leve de 15 polegadas em preto piano; grade estilizada em preto e vermelho e contorno em preto piano; spoiler traseiro; ponteira de escapamento cromada; volante com couro microperfurado e com vermelha; pedais em alumínio.

+208 Allure 1.6 Flex A/T -- R$ 64.590
Acrescenta ao pacote Allure 1.2 Flex o motor 1.6 de 115/122 cv; transmissão automática de quatro velocidades com borboletas para trocas manuais atrás do volante; e escape com ponteira cromada. 

+208 Griffe 1.6 Flex A/T -- R$ 78.990
Acrescenta ao pacote anterior vidros com moldura em preto brilhante e frisos cromados na base; rodas de liga leve diamantadas; maçanetas e saídas de ar com bordas cromadas; seis airbags no total (frontais, laterais e de cortina); acionamento automático de faróis e limpador de para-brisa; sensores de estacionamento dianteiros; câmera de ré; navegador GPS; apoio de braço no console central; e banco traseiro bipartido.

+208 GT
Motor 1.6 THP turboflex de 165/173 cv; câmbio manual de seis velocidades; freios a disco nas quatro rodas; controle eletrônico de estabilidade com assistente de partida em rampas; faróis com máscara negra e luz diurna em LED; faróis de neblina dinâmicos (intensidade das luzes varia conforme a curva); rodas em liga leve diamantadas aro 17 com pneus esportivos; quadro de instrumentos com LED vermelho; painel com faixa suave ao toque.

Motor 1.2 3-cilindros do Peugeot 208 2017 - Divulgação - Divulgação
Novo motor 1.2 Pure Tech é estrela da linha 2017 e promete economia e conforto ao rodar
Imagem: Divulgação
Como anda o 1.2 

Pouco mudou em termos estéticos. O acabamento e grande parte dos equipamentos já são conhecidos do próprio 208 ou de outros modelos do grupo Peugeot-Citroën. O sistema de entretenimento, por exemplo, é igual ao do Aircross, e já foi avaliado por UOL Carros, espelhando celulares padrão Apple ou Android. 

A grande curiosidade, portanto, fica para o desempenho do novo trem-de-força que equipa as versões mais baratas. Importado da França (a PSA deve nacionalizá-lo só em 2017, quando também irá colocá-lo na gama do Citroën C3), o propulsor naturalmente aspirado de 1,2 litro, com quatro válvulas e comando variável para cada cilindro, mostrou-se um dos maiores acertos da montadora nos últimos anos.

O funcionamento é extremamente linear, com boa parte do torque entregue abaixo de 2.000 giros. Não dá para esperar um desempenho esportivo, claro, mas há fôlego de sobra para rodar na cidade e até na estrada sem sofrer com cambiamentos constantes, grande problema dos 3-cilindros de 1 litro.

Há a promessa de ser o "mais econômico do Brasil", e parece ser algo factível: o consumo bate 20 km/l sem muito esforço e jamais baixa de 12 km/l na estrada, mesmo se o condutor tiver "pé pesado". No teste, foi utilizada gasolina como combustível.

Níveis de ruído e vibração são excepcionais. Pode-se afirmar sem problemas que o PureTech é o 3-cilindros mais silencioso e "calmo" à venda no Brasil atualmente.

Pena que a transmissão manual de cinco marchas não esteja à altura, pois segue oferecendo trocas um tanto imprecisas e, para piorar, faz o motorista sentir pequenos "tremores" na manopla quando vai engatar uma marcha (especialmente as mais baixas).

De qualquer forma, o ótimo compromisso entre desempenho e consumo faz do 208 1.2 um carro com diferencial em relação a seus concorrentes. Haverá ainda foco em captação de clientes por meio de financiamento especial (taxas subsidiadas) e bônus de R$ 3.000 na compra.

Resta à Peugeot acertar no trabalho de divulgação (algo que não conseguiu com o 2008) e no pós-venda (sempre uma reclamação de clientes). Novidade mecânica existe, a questão é (novamente) acertar os problemas de sempre para que o produto não seja lançado (novamente) em vão.

UOL Carros também já testou a versão esportiva GT, e divulga em breve as suas impressões.

Viagem a convite da Peugeot-Citroën.