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Brasil terá livre-comércio de carros com Uruguai; veja modelos envolvidos

Leonardo Felix

Do UOL, em São Paulo (SP)

09/12/2015 14h12

Brasil e Uruguai assinaram, nesta terça-feira (9), um inédito acordo de livre-comércio para o setor automotivo. Ele passa a valer em 1º de janeiro de 2016 e prevê "100% de preferência tarifária" -- em outras palavras, isenção total do Imposto de Importação -- para venda de carros de passeio, comerciais leves, ônibus, caminhões, máquinas agrícolas, autopeças, chassis e pneus.

Produtos que alcançarem índices mínimos de nacionalização não terão limitação por nenhum tipo de cota.

Trata-se do primeiro movimento brasileiro a fim de expandir o livre-comércio entre todos os membros do Mercosul. "O acordo com o Uruguai abre uma perspectiva para que possamos estabelecer um marco mais amplo de livre comércio e maior integração produtiva", declarou Armando Monteiro, ministro de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior brasileiro.

Atualmente, o Governo Federal possui entendimentos isolados com Argentina, México e Colômbia, porém todos restritos por cotas. Com a Argentina, o atual acordo expira em junho de 2016. A intenção é usar as diretrizes do recente acordo firmado com o Uruguai para tratar da renovação com o outro país vizinho. 

Como funciona o acordo

Para ter acesso ao livre-comécio, será preciso obter um percentual mínimo no chamado ICR (Índice de Conteúdo Regional). Para o lado brasileiro, cuja indústria automotiva é mais desenvolvida, o nível deve ser igual ou superior a 55%. Para os uruguaios, que produzem todos os seus carros basicamente em sistemas de CKD (peças chegam prontas do exterior e são só montadas localmente) e SKD (kits pré-montados), ele não pode ser inferior a 50%.

Quem não atingir tais níveis entrará em um regime de cotas para exportação, com limite de US$ 650 milhões anuais (Uruguai) e US$ 325 milhões (Brasil).

Neste ano, aproximadamente um em cada quatro dos cerca de 57 mil veículos comercializados por ano no país que faz divisa com o Rio Grande do Sul estão vindo daqui. Nos últimos dois anos o Brasil se tornou a maior fonte de importação do setor para os uruguaios, desbancando a febre de carros chineses que e alastrou por lá no fim da década passada.

De cá para lá saem atualmente 25 modelos, que você pode conferir no álbum que abre esta reportagem. Fazem o caminho inverso somente três carros, todos de marcas chinesas: Lifan X60 (R$ 59.990) e Geely GC2 (R$ 29.900) e EC7 (R$ 49.900). Juntos, eles foram responsáveis por pouco mais de 3 mil emplacamentos entre janeiro e novembro de 2015.

UOL Carros tenta contato com a Anfavea (associação brasileira das montadoras) para saber que impactos essa medida pode trazer à produção nacional.