Concessionárias fogem da crise abrindo vitrines para carro usado
O momento não está fácil para quem trabalha no setor automotivo, incluindo lojistas. Segundo dados da Fenabrave (associação dos concessionários), o número de lojas de carros zero-quilômetro espalhadas pelo Brasil deve cair até 5% em 2015, de 8 mil para cerca de 7.600. De janeiro a agosto, o déficit entre unidades que abriram e fecharam chegou a 347.
Para fugir da crise e manter o negócio em pé, vários lojistas estão abrindo espaço a carros usados e seminovos em seus pátios, vitrines e, em alguns casos, até nos showrooms.
É fácil explicar o motivo: enquanto, somando veículos de passeio e comerciais leves, o mercado de novos enfrenta queda de 20,4% nos oito primeiros meses do ano (em relação a 2014), segundo a Anfavea (associação das fabricantes), o de usados cresceu 3,63% no mesmo período (dados da Fenauto, a federação dos revendedores de carros usados).
"Sem dúvidas é o que está ajudando a gente a segurar a barra", admite Denys Tenorio, gerente de seminovos da Hyundai Caoa na Vila Leopoldina, em São Paulo (SP). Em sua unidade, dos cerca de 100 carros comercializados ao mês, 40 já tiveram pelo menos um dono. É praticamente metade das vendas.
O percentual chega até a aumentar na vizinha Ford Forte. Nos últimos quatro meses, para cada dez modelos zero que saíram de lá, outros sete usados foram negociados, uma proporção de quase 45%. "O mercado está pedindo isso", ressalta Marcos Marangom, supervisor da revenda da marca norte-americana.
Formas de exibir
Cada marca tem suas próprias regras sobre a "relação" entre novos e usados no espaço. Na Ford, por exemplo, é proibido expor seminovos na parte interior das lojas. "Usamos o pátio e o estacionamento para isso", explica Marangon. Já a Hyundai Caoa autoriza a exibição dentro do showroom, desde que sejam carros da própria marca. Na Fiat Ventuno, também de São Paulo, não existe restrição: usados e zero-quilômetro compartilham espaço de forma até um pouco desordenada.
Nossa reportagem encontrou uma situação extrema na concessionária Chery Job, em Londrina (PR). Lá é raro visualizar um carro da marca chinesa. Quase toda a vitrine é voltada aos seminovos. Até a lista de estoque no site da revenda é predominada por usados de outras marcas. "Foi a opção que achamos para não perder clientes", admite o gerente, Marcelo Strauss.
Segundo ele, os usados dominam mais de 80% de tudo que é negociado no estabelecimento. Carros zero da Chery, apenas três ou quatro por mês. "Não dá para sobreviver com esse volume. É meu pior período nessa loja em dois anos. Se não fosse essa tática, não sei se ainda estaria aberto", desabafa.
O lado dos sem-crise
Se a maioria dos revendedores de marcas generalistas está sofrendo, há exceções. Com o sucesso do HR-V, grande sensação do mercado brasileiro em 2015, a rede de concessionárias Honda Daitan, da capital paulista, não precisa dar tanta bola aos seminovos, responsáveis por menos de 30% de suas vendas.
"Estamos bem. A crise não passou por aqui", brinca Charles Santos, supervisor de uma filial localizada no bairro da Pompeia. "Está até faltando carro [zero] para entregar", acrescenta. De acordo com Santos, a fila de espera para receber o SUV compacto varia entre 60 e 90 dias.
Já a recém-inaugurada Jeep Dahruj da avenida Sumaré, também em São Paulo, nem cogita mexer com usados. "Só trabalhamos com zero-quilômetro e estamos superando com folga as metas", enfatizou o gerente Emerson Teixeira. Só para setembro a expectativa é comercializar 100 unidades, o dobro do que era inicialmente esperado.
Empolgado com o Renegade, que parece enfim ter embalado, Teixeira adota discurso semelhante ao dos representantes da Honda: "A crise é lá fora. Aqui falta carro", comenta. Conforme explicou o gerente, há espera de até três meses para levar o jipinho para casa.
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