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Carro autônomo deve impulsionar uso de frota compartilhada

Em vez de comprar um autônomo em seu nome, motorista do futuro fará empréstimo, aluguel ou leasing para ficar com veículos que andam sozinhos por tempo determinado - Divulgação
Em vez de comprar um autônomo em seu nome, motorista do futuro fará empréstimo, aluguel ou leasing para ficar com veículos que andam sozinhos por tempo determinado Imagem: Divulgação

Fernando Calmon

Colunista do UOL

13/08/2015 13h59

Em momentos de grande dificuldade no mercado, é natural que se procurem novas formas de estimular as vendas, principalmente as financiadas. Além do Crédito Direto ao Consumidor e dos consórcios, o leasing é outro instrumento, embora sua participação no mercado brasileiro seja quase simbólica: estima-se que menos de 5% do total de financiamentos de veículos leves utilizem essa modalidade.

No exterior, em especial nos Estados Unidos, o leasing operacional -- que funciona de modo semelhante a um aluguel de longo prazo -- é usado em frequência muito maior, gerando até um fenômeno de migração dos financiamentos comuns para o leasing por parte de compradores mais jovens. Essa nova geração, nascida na era do “débito direto” na conta bancária, no cartão, em computadores, tabletes e até telefones, prefere e já se acostumou ao pagamento mensal por uso do bem, sem ter sua efetiva propriedade.

Entretanto, quando os veículos de direção autônoma começarem a chegar, no final desta década, é muito provável que acelerem a tendência de maior participação do leasing nas vendas totais. Em mercados maduros os motoristas poderão dar preferência a pagar um aluguel ou optar pela utilização compartilhada de um veículo específico e até de uma frota pública, como já ocorre em algumas cidades europeias. O pagamento seria pelo tempo de uso ou quilometragem percorrida.

Alguns especialistas acreditam que os próprios fabricantes prefeririam reter a propriedade do veículo por toda sua vida útil e alugá-los individualmente para pessoas ou grupo de pessoas em áreas urbanas. Automóveis autônomos representam tecnologias relativamente novas e em diferentes estágios de evolução, que os deixariam obsoletos em curto e médio prazo.

Vai um usado autônomo?

O grande ponto de interrogação é se esses veículos se tornarão disponíveis para o mercado de usados em seu sentido amplo, dos particulares aos lojistas. A fábrica talvez simplesmente opte por ir até o processo final de desmontagem, reciclagem ou sucateamento. O longo processo de desenvolvimento é um complicador para se estabelecer um cenário previsível desde agora.

Ainda existem incertezas sobre se os motoristas vão se entusiasmar mesmo por carros em que o verdadeiro “piloto automático” os conduziria ao destino final. Há sinais de uma parcela de clientes bem interessados nos países centrais. Recentemente, o diretor do Google responsável pelo programa de veículos autônomos afirmou que seu filho de 11 anos não terá necessidade de treinar e obter uma carteira de motorista obrigatoriamente, quando atingir a idade permitida para tal (em alguns países, 16 anos).

Otimismo exagerado à parte, já se sabe que, de cara, o alto preço será um sério limitador à escalada dos carros que se autodirigem. Eles não aumentarão sua presença da noite para o dia em ruas e estradas. O processo consumiria bastante tempo -- sem contar implicações legais e mudanças na legislação de trânsito -- e sempre existirão motoristas que vão querer manter seu automóvel sob seu próprio controle.

Afinal, mal entramos nesse mundo turbulento de novidades e valorização da segurança preditiva. Mas que o leasing tem grande potencial de facilitar o processo há poucas dúvidas.