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Menor que alemães, Jaguar XE quer convencer motorista com V6

Eugênio Augusto Brito

Do UOL, em Navarra (Espanha)

10/08/2015 08h00

Vender bem mesmo tendo rivais consagrados como Audi A4 (que será renovado no Salão de Frankfurt, em setembro), BMW Série 3 e Mercedes-Benz Classe C (o primeiro já é feito no Brasil com motor flex, enquanto o último será nacional em 2016) será o principal desafio do inglês Jaguar XE, nova aposta para o segmento de sedãs de luxo do grupo Jaguar Land Rover, controlado pela indiana Tata Motors.

Apresentado ao brasileiro durante o Salão de São Paulo, entre outubro e novembro de 2014, o três-volumes será lançado oficialmente no próximo dia 18, chegando às lojas nacionais por importação a partir de setembro. Os preços não estão definidos, mas espera-se que ocupem a faixa entre R$ 150 mil e R$ 170 mil, o que também dificulta sua missão frente aos alemães, alguns com opções mais baratas.

Há ainda a esperança, ainda não confirmada, de que o modelo seja fabricado em Itatiaia (RJ), a partir do final de 2016 e começo de 2017. Outra opção para a fábrica é entregar o SUV Jaguar F-Pace, conforme UOL Carros adiantou em maio. Ambos compartilham plataforma inédita no grupo, chassis com apenas 251 kg e com 75% de alumínio em sua composição, além de outros metais leves e altamente resistentes, como magnésio e boro.

Bom acabamento e alto grau de personalização serão os pontos altos do XE, que terá configuração online com até 500 mil itens no "cardápio" de escolhas (cores, rodas, revestimentos, acessórios). A marca tem até nova estratégia de divulgação, com "embaixador" no Brasil e presença forte nas redes sociais.

Motores, porém, são conhecidos: há a opção quatro-cilindros a gasolina de 2 litros e 200 cavalos (para a Europa), e também de 240 cv (semelhante ao de Evoque, Land Rover Discovery Sport e, também, do Ford Fusion), além da versão com roupagem esportiva, que usa V6 de 340 cv -- Europa e China podem receber ainda a família Ingenium de motores a diesel. Quanto ao câmbio, manual de seis marchas (apenas para a Europa) e automático de oito. A tração é traseira e reforça o caráter do projeto, que sempre busca performance desde a divisão dos 1.665 kg iniciais em 47% a 53%, entre dianteira e traseira.

A bordo do XE

UOL Carros experimentou o XE por 200 quilômetros de estradas no norte da Espanha e também no circuito fechado de Navarra, tanto na configuração quatro-cilindros de 240 cv, confirmada para o Brasil, quanto na esportiva XE S (com motor V6 e que cumpre o 0-100 km/h em 5,1 segundos), com destinação ainda nebulosa.

Seria bom que o V6 fosse confirmado para o país, já que esta configuração foi a que mais impressionou ao grupo de jornalistas brasileiros. Com este trem-de-força, o XE balança de leve a traseira no momento da arrancada, e urra enquanto arranca deixando poeira e competidores para trás. O quatro-cilindros de 240 cv é apenas suficiente para mover o carro, operando em rotações muito elevadas (com ruído excessivo na cabine) quando exigido, o que amplia o gasto de combustível (o computador de bordo chegou a indicar 5 km/l de gasolina europeia em trecho predominantemente rodoviário). 

Comportamento exemplar de balanço, porém, são encontrados em ambas, graças ao projeto de chassis e também ao conjunto de suspensão com arquitetura esportiva (dianteira herdada do roadster F-Type, traseira multibraços, com componentes em alumínio). A precisão de dirigibilidade também é ampliada pelo uso de direção elétrica, usada pela pela marca pela primeira vez, bem como pelo sistema de controle de tração ASPC, que dosa a força despejada sobre as rodas traseiras ou a atuação dos freios, de acordo com a condição de piso e o tipo de tocada do condutor (ele pode até limitar o acelerador em apenas 4% de sua força, por exemplo, mesmo que o motorista pise fundo, se perceber que o carro tende a escapar em piso liso, na saída). 

Também é inédito o uso de central multimídia conectada à internet e ao smartphone por ligação wifi (com roteador sem fio ou chip telefônico 4G instalados diretamente no carro) e que se vale de apps. Há também projeção de informações no para-brisa (head-up display) com tecnologia de laser, que dá maior visibilidade aos dados e ainda permite cores mais vibrantes. Ainda não há detalhes, porém, sobre a disponibilidade de ambas no Brasil.

O que vai decidir o destino do XE, porém, é a necessidade que o comprador de um sedã premium médio tiver por espaço interno. Embora tenha porte intermediário entre o BMW Serie 3 e o Mercedes Classe C, com 4,67 m de comprimento e entre-eixos de 2,83 m, a sensação na cabine é de se estar em um carro menor à frente, uma vez que o painel maior se projeta em direção aos joelhos, enquanto atrás o arco de teto reduz o espaço para a cabeça. O porta-malas também é ligeiramente menor, com 455 litros (contra 480 dos concorrentes). 

Viagem a convite da Jaguar Land Rover