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Carro autônomo ganha cidade nos EUA para aprender a dirigir melhor

Keith Naughton

Da Bloomberg, em Detroit

22/07/2015 21h31

Uma cidade simulada foi inaugurada na segunda-feira (20) no campus norte da Universidade de Michigan para testar como os carros autônomos vão funcionar no futuro, sem massacrar pedestres, nem provocar acidentes.

"O corpo docente daqui da universidade projetou esse futuro completamente evoluído", disse Peter Sweatman, diretor do Instituto de Pesquisa sobre Transporte, que supervisionou a criação da instalação de teste M City, em entrevista. "Afinal, estamos substituindo seres humanos por máquinas, e essas máquinas precisam ser capazes de funcionar em ambientes completos e variados".

As fabricantes de veículos estão na corrida para desenvolver carros autônomos e renovar seus modelos de negócios para um mundo onde a mobilidade está sendo redefinida. Espera-se que a maioria da população mundial siga para megacidades durante as próximas duas décadas. Talvez carros autônomos, que se movimentam em harmonia, sejam essenciais para que pessoas e bens fluam com segurança e eficiência.

A M City é uma mini-metrópole de 130 mil m² (equivalente a 13 campos de futebol), visa reproduzir o caos urbano moderno, com engarrafamentos e pedestres imprevisíveis, junto com paisagens suburbanas, grandes autoestradas e rodovias rurais. A instalação de US$ 10 milhões (cerca de R$ 32 milhões) em Ann Arbor, nos arredores de Detroit, tem 40 fachadas de edifícios, cruzamentos angulosos, uma rotunda, uma ponte, um túnel, caminhos de cascalho e muitas perspectivas obstruídas. Tem até uma autoestrada de quatro faixas com rampas de entrada e saída.

Sebastian, um pedestre mecatrônico, vai interferir no trânsito para testar se os carros autônomos conseguirão detectar sua presença e frear para evitar o atropelamento, disse Sweatman.

Pedestre atravessa à frente de carro autônomo na MCity, perto de Detroit (EUA)  - Paul Sancya/AP - Paul Sancya/AP
Carro de testes para sozinho para pedestre na M City, criada nos EUA
Imagem: Paul Sancya/AP

Acelera

"Acreditamos que a tecnologia autônoma será extremamente atraente para os consumidores", disse Sweatman. "Por isso, ela terá que ser implementada o mais rápido que conseguirmos dentro dos limites da razoabilidade e responsabilidade. Projetamos a M City para acelerar esse processo".

As fabricantes de veículos disseram que os carros sem motorista poderiam chegar às ruas até 2020. O mercado para a tecnologia autônoma crescerá para US$ 42 bilhões (mais de R$ 135 bilhões) por volta de 2025, e os carros que funcionam sozinhos poderiam equivaler a um quarto das vendas de automóveis no mundo em 2035, de acordo com a Boston Consulting Group. Por volta de 2017, carros semi-autônomos que são capazes de funcionar em piloto automático, estacionar sozinhos e trocar de faixa automaticamente estarão disponíveis em "grandes quantidades", disse a firma.

Até agora, os testes de carros autônomos foram realizados em vias públicas ou áreas particulares destinadas a esse fim. As fabricantes de veículos em pistas antigas de teste projetadas para avaliar com que velocidade os carros tradicionais podem dar voltas ou quão bem eles funcionam com humanos ao volante. A Google registrou mais de 1,6 milhão de quilômetros em testes de seu veículo autônomo nas ruas do Vale do Silício e, desde o mês passado, em Austin, Texas.

A M City representa uma alternativa a isso.

"Se você está nas estradas públicas, com certeza surgirão toda sorte de situações incomuns, mas elas só acontecerão uma vez", disse Sweatman. "Gostamos da noção de criar situações desafiadoras que podemos repetir quantas vezes quisermos".