Tracker convive com baixas vendas, apesar do bom recheio; leia a avaliação
É complicado pagar R$ 95.740 em um Tracker LTZ, não é? Principalmente quando lembramos que o mesmo carro, quando chegou ao Brasil, custava R$ 71.990. Mas qual é a justificativa para um Tracker 2015, menor e bem mais compacto, custar mais que um Captiva custava há pouco mais de dois anos? A falta de reposta à pergunta afasta os compradores de ambos os modelos -- sorte dos rivais.
Importado do México, o modelo sofre com aumento progressivo do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados, maior para importados), bem como com as restrições de cotas entre os dois países. Com isso, a GM se viu impedida de trazer unidades na quantidade necessária para encarar os concorrentes. Uma saída foi aumentar o preço das poucas unidades que vêm de lá para ampliar a lista de equipamentos e ter mais tecnologia embarcada.
Na prática, porém, o Tracker vendido somente na versão topo de gama é mais caro que os adversários diretos -- versões de topo de Honda HR-V, Jeep Renegade flex, Peugeot 2008 e Ford EcoSport --, ainda que seja bastante completo.
Em números absolutos, o EcoSport emplacou 17.847 unidades de janeiro a junho, contra 17.573 do HR-V (que chegou ao mercado em março) e 16.772 do Duster. Renegade entregou 6.211 unidades desde abril. O Tracker tem 4.519 unidades vendidas, contra 1.661 do Peugeot 2008 (a marca francesa afirma que este número atende à meta interna).
O que ele tem
Se o pacote de equipamentos é generoso, o Tracker ainda peca por não possuir equipamentos relativamente simples, que existem nos concorrentes, como função automática dos faróis, retrovisor eletrocrômico, sensor de chuva e ar digital, por exemplo. O porta-malas, com 306 litros, também perde para o da maioria dos rivais.
O que joga o modelo da GM à frente da concorrência são o teto solar, as rodas de liga leve de 18 polegadas, airbags laterais, controlador automático de velocidade ("piloto automático") e o moderno sistema de entretenimento MyLink, com tela tátil colorida no console central, entre outros itens.
Fora isso, há apenas itens que todo carro deste valor deveria ter por obrigação: direção hidráulica; ar-condicionado; alarme, vidros e travas elétricas; chave canivete com controle remoto; banco do motorista com regulagem de altura; banco traseiro bipartido e rebatível; coluna de direção com ajuste de altura e profundidade; display no quadro de instrumentos com quatro funções (velocidade média, consumo médio, autonomia e relógio); câmera de ré traseira; e faróis de neblina, além, claro do airbag duplo e dos freios com sistema ABS (antitravamento) -- obrigatórios por lei -- e EBD (distribuição eletrônica da força de frenagem).
Vale destacar que alguns desses equipamentos fazem parte de um pacote opcional chamado "1SE", de R$ 4.300, de acordo com o configurador do site da Chevrolet.
Na prática
A sensação de guiar o SUV é de como se o Cruze tivesse crescido em altura. O painel semelhante ao do sedã e o conjunto mecânico idêntico (1.8 Ecotec de 144 cv e 18,9 kgfm; câmbio automático de seis marchas) aumentam a impressão.
A diferença maior está justamente na robustez: por ser maior e mais espaçoso que o sedã, a sensação de conforto é maior no SUV. Mas atenção: a plataforma do Tracker é de carro compacto (a mesma de Onix e cia.), então uma unidade equipada com rodas maiores, de 18 polegadas, vai transferir toda e qualquer imperfeição da posta diretamente para o conjunto de suspensões e daí para dentro do carro, onde estão os ocupantes. Sofrem as rodas, sofrem os ocupantes.
O motor é valente, mas um pouco gastão, muito por conta do peso de 1.355 kg, em ordem de marcha. Durante o período em que ficou na garagem de UOL Carros, registramos a média de 8,5 km/litro na cidade e 12,9 km/l na estrada com gasolina. Com etanol, os números foram de 5,9 km/l na cidade e 8,9 km/l na estrada.
A GM já admitiu que errou na estratégia com o Tracker e que agora é tarde transferir a fabricação para o Brasil. Infelizmente, só esse movimento parece servir de solução para recolocar o modelo no jogo. Fica para a próxima geração.
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