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Com novo Chevrolet Cruze, GM quer desbancar Mercedes-Benz

Eugênio Augusto Brito

Do UOL, em Detroit (EUA)

25/06/2015 10h09

Com pompa, usando o clássico Teatro Fillmore no centro de uma Detroit que renasce nos Estados Unidos, a General Motors revelou, na noite de quarta-feira (24), a nova geração do sedã Chevrolet Cruze. O carro chega às lojas americanas no segundo trimestre de 2016. Espera-se que o modelo já seja apresentado ao Brasil no próximo Salão do Automóvel de São Paulo (outubro de 2016), mas que só deva chegar às lojas em 2017.

Este novo Cruze é o quinto carro totalmente novo apresentado pela marca este ano -- os outros são as novas gerações de Malibu, Volt, Spark e Camaro. Todos estarão no mercado americano até o começo de 2016 e tentam estabelecer uma nova fase para a gigante automotiva.

Nova geração do Chevrolet Cruze americano - Eugênio Augusto Brito/UOL - Eugênio Augusto Brito/UOL
Central MyLink 2 vai se conectar a celulares Apple (Carplay) e Android (Android Auto)
Imagem: Eugênio Augusto Brito/UOL
Fase nada comedida, aliás: a GM espera que a Chevrolet, sua principal marca no mundo, torne-se umas das dez mais importantes do ranking da Interbrand em dez anos. Atualmente, é a 82ª (levantamento de 2014). O ranking é liderado pelas gigantes da informática e comunicação Apple e Google, com a Coca-Cola em terceiro lugar. Se alcançar o objetivo, a Chevrolet terá batido -- entre outras fabricantes ao redor do mundo -- BMW e Mercedes-Benz, atuais 11ª e 10ª colocadas. E estará atrás apenas da Toyota. 

Essa pretensão é estabelecida até mesmo pela fala da presidente global da GM, Mary Barra, durante a apresentação do carro:

"O novo Chevrolet Cruze possui tecnologia e segurança de Mercedes Classe C, por metade do preço", afirmou. "Enquanto outros fabricantes estão fazendo da tecnologia um diferencial para modelos mais caros, a Chevrolet apresenta novidades como conectividade total em 14 de seus modelos", completou a executiva.

Ainda segundo Barra, as instruções para a fabricação do novo Cruze foram claras e seguiram desejos dos consumidores ao redor do mundo: "Façam um carro mais espaçoso, com mais espaço para joelhos e mais tecnológico". 

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Mudanças na traseira do Cruze são um pouco menos radicais, embora traços mais curvilíneos suficientes para fazer sedã perder aspecto "quadradão"
Imagem: Eugênio Augusto Brito/UOL

DNA de Impala

Supostamente seguindo estas instruções, a equipe da GM desenvolveu um Cruze com nova plataforma (também usada por modelos da Opel e cuja derivação dá origem ao novo Volt), 27% mais rígida e 110 quilos mais leve que a atual. Ainda assim, aspectos como custo definiram o uso de aço mais resistente em detrimento do alumínio, ainda um material nobre na indústria automotiva.

"Esse segmento é muito sensível ao custo, então o uso maciço de alumínio é proibitivo", afirmou o engenheiro-chefe do projeto, Ron Arnesen, a UOL Carros. "Ainda assim, com uso de engenharia alemã, temos um carro muito mais estável, seguro, leve, potente e, por consequência, com melhor desempenho".

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Inspirado na família TSI/TFSI da Volkswagen, motor 1.4 Ecotec turbo vai equipar toda a gama do Cruze, até a versão esportivada RS
Imagem: Eugênio Augusto Brito/UOL
Nem todos os detalhes técnicos foram revelados, mas o novo Cruze teve ganho de 7,5 centímetros no espaço entre-eixos, proporcionando mais espaço para joelhos tanto nos bancos dianteiros quanto para quem viaja atrás. No banco traseiro, porém, o espaço para cabeça foi reduzido por conta do novo arco do teto, algo que deve atrapalhar pessoas com mais de 1,80 metro de altura. 

"Além do espaço maior, tivemos ganho de 25 milímetros apenas com reposicionamento de bancos e uso de assentos mais finos e ergonômicos", apontou Arnesen.

Também é nova a linha de trens-de-força para os Estados Unidos, com destaque para o novo motor Ecotec 1.4 turbo como padrão, com 155 cavalos (com gasolina), alinhado a novos câmbios manuais, de cinco ou seis marchas, ou automático de seis velocidades. A GM não faz questão de esconder o objetivo de rivalizar com a família 1.4 TSI e TFSI do grupo Volkswagen, oferecendo um propulsor mais forte e econômico.

Em termos de tecnologia, há sensores de ponto cego, de veículo cruzando o espaço traseiro, de troca involuntária de faixa e alerta de colisão dianteira, entre outros. Nova central multimídia MyLink 2 também permitirá a conexão direta de smartphones por meio dos sistemas Apple (Carplay) ou Google (Android Auto).

Muda ainda o nome da versão topo de gama, que troca a sigla LTZ pelo nome Premier. É mais um indicativo das novas pretensões da GM.

Viagem a convite da GM do Brasil