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O que a Hyundai deveria mudar no próximo HB20? Proprietários dizem

Estilista, Gleicy Matsumoto comprou um HB20 1.0 porque gostou do visual; hoje, elogia também a confiabilidade mecânica: "nunca me deixou na mão" - Murilo Góes/UOL
Estilista, Gleicy Matsumoto comprou um HB20 1.0 porque gostou do visual; hoje, elogia também a confiabilidade mecânica: "nunca me deixou na mão" Imagem: Murilo Góes/UOL

André Deliberato<br>Eugênio Augusto Brito<br>Leonardo Felix

Do UOL, em São Paulo (SP)

08/06/2015 07h00

Quando estreou no Brasil, em setembro de 2012, o Hyundai HB20 revolucionou o segmento de carros de entrada. Abriu espaço para o uso de motores 1.0 de três cilindros entre os modelos fabricados localmente, agradou o consumidor com sua lista de equipamentos de série (direção hidráulica, ar-condicionado, computador de bordo e airbag duplo -- freios com ABS só viriam depois) e visual feito sob medida para espantar a concorrência, sobretudo o líder Volkswagen Gol. 

Quase três anos depois, a acertada estratégia de atualizar frequentemente a lista de versões e séries especiais, incluindo itens como tela multimídia, GPS e até TV digital, deu fôlego extra ao hatch (UOL Carros avalia apenas o modelo original, de dois volumes, nesta reportagem), que primeiro ajudou a derrubar o reinado do Gol e, após isso, tem se mantido de maneira no ranking de dez mais vendidos do país, sempre segundo dados da Fenabrave, a associação dos concessionários.

Vendas do HB20

  • 2012: 22.051 unidades (outubro a dezembro)
  • 2013: 122.320 unidades 
  • 2014: 119.770
  • 2015: 22.051 (janeiro a maio)

Hora de mudar

Ainda assim, mudar o recheio não funciona para sempre. Embora ainda esteja atual, o HB20 entra no fim da metade de seu ciclo de vida e deve ser reestilizado entre o fim deste ano e início de 2016. A expectativa é que receba traços do conceito R-Spec, mostrado no Salão de São Paulo 2014, e se alinhe ao novo estilo da Hyundai, mais robusto.

Para saber o que precisa mudar e o que pode continuar como está, UOL Carros conversou com proprietários de primeira hora HB20, que apontam virtudes do hatch, mas também alinham defeitos que podem ser sanados.

Felipe Trofini, administrador de São Paulo (SP), é proprietário de um Hyundai HB2OX - Murilo Góes/UOL - Murilo Góes/UOL
Felipe Trofini, administrador de São Paulo (SP), comprou um HB20 1.6 Comfort Plus em 2013 e, dois anos depois, trocou pelo aventureiro HB2OX
Imagem: Murilo Góes/UOL

Em busca do 1.0 perfeito

A estilista Gleicy Matsumoto, de São Bernardo do Campo (SP), comprou um HB20 com motor 3-cilindros de 80 cv (etanol) no início de 2013, após um bom período de busca em 2012. "Procurava um 1.0 com visual legal, econômico e que coubesse em minhas possibilidades financeiras", afirmou. Até então, guiava um Chevrolet Corsa 1.6, já dava sinais de fadiga com diversas falhas mecânicas.

Estilista Gleicy Matsumoto, de São Bernardo do Campo (SP), não gosta dos comandos pouco intuitivos no painel do Hyundai HB20 - Murilo Góes/UOL - Murilo Góes/UOL
Dona do HB20 não se entende muito bem com os comandos do sistema multimídia: "Demorei dias para encontrar os comandos de regulagem do som"
Imagem: Murilo Góes/UOL
Depois de pesquisar rivais como Nissan March e Toyota Etios, colocou o Hyundai na garagem por conta do design.

"Achei o HB20 bonito e confortável. Me serve muito bem no uso diário", declarou a estilista, que diz abrir mão de mais espaço no banco de trás ou no porta-malas. "Como viajo pouco, nem preciso de tanto espaço", minimizou.

Gleicy destacou ainda a confiabilidade do modelo, que "nunca a deixou na mão" em dois anos de uso. Com isso, afirma estar fidelizada à marca e planeja dar o salto: "Estou pensando em dar meu HB20 de entrada para comprar o novo i30, que também acho muito bonito".

Nem tudo arranca sorrisos da proprietária do HB20 mil. Se pudesse conversar com um engenheiro da fabricante coreana, a estilista pediria por melhorias na estabilidade, especialmente na estrada e em condições de chuva. "Ele fica com a direção muito leve, parece que vai flutuar, não sei se tem a ver com os pneus", reclamou.

A falta de intuitividade do rádio é outro senão: "Demorei um tempão para aprender a regular o som".

Estilista Gleicy Matsumoto, de São Bernardo do Campo (SP), não liga para o pouco espaço do porta-malas de 300 litros do Hyundai HB20 - Murilo Góes/UOL - Murilo Góes/UOL
Gleicy não liga para porta-malas com apenas 300 litros: "só faço viagens curtas"
Imagem: Murilo Góes/UOL

Atraído pela garantia

Um dos diferenciais do HB20 frente aos rivais foi oferecer garantia de cinco anos desde o lançamento. Esse foi fator preponderante para fazer o administrador Felipe Trofini, da capital paulista, trocar um Fiat Palio 1.5 2006 por um HB20 1.6 Comfort Plus, em abril de 2013.

Felipe Trofini, administrador de São Paulo (SP), se queixa do alto consumo de combustível do Hyundai HB20X 1.6 - Murilo Góes/UOL - Murilo Góes/UOL
Única queixa de Trofini é em relação ao consumo: pelos seus cálculos, motor 1.6 flex mal passa dos 6 km/l na cidade, se abastecido com etanol
Imagem: Murilo Góes/UOL
Trofini se adaptou tanto ao modelo que, dois anos depois, aceitou uma proposta da Hyundai para dar seu usado de entrada na troca por um HB20X, versão aventureira do hatch. "Gostei ainda mais do HB20X, porque é mais completo e também mais alto".

O administrador também afirma ter virado "cliente fiel" por conta do conforto, dirigibilidade e potência do motor flex de 1,6 litro e 128 cv (etanol), além da "mecânica impecável". O único defeito de seu HB20, de acordo com ele, é ser um pouco "beberrão" demais. "Com álcool, ele dificilmente passa de 6 km/l na cidade", afirmou o paulistano, que disse gastar mais de R$ 400 por mês só para reabastecer o veículo.

E UOL Carros, o que acha?

Após voltar a rodar com um HB20 nas últimas semanas, UOL Carros manteve a mesma boa impressão que fez do compacto nosso carro do ano em 2012. O modelo ainda é referência entre compactos, especialmente pelo visual e acabamento.

Estilista Gleicy Matsumoto, de São Bernardo do Campo (SP), elogia a confiabilidade mecânica do Hyundai HB20 - Murilo Góes/UOL - Murilo Góes/UOL
Os dois proprietários elogiaram desempenho e durabilidade do conjunto mecânico
Imagem: Murilo Góes/UOL
Porém, é óbvio que os efeitos do tempo já se fazem sentir: a boa sensação de rodar com o motor 1.0 ficou para trás.

Em termos de desempenho, eficiência e conforto, o modelo perdeu seu posto para opções de 3-cilindros mais modernas -- caso do novo Ford Ka e do Volkswagen up!, referências automotivas de 2014.

Embora dificilmente entre na lista de alterações de meia-vida, uma recalibragem do conjunto, para aumento de potência, melhoria do isolamento acústico e redução de vibrações, cairia bem. Além disso, a caixa manual de cinco marchas poderia ter engates melhorados.

A situação do motor 1.6 é outra: neste caso, o HB20 se mantém como referência, inclusive no consumo, que ficou em torno dos 8 km/l com etanol durante nosso período de rodagem.

Algo que pode e deve mudar é a central multimídia mais básica, que poderia até ser aposentada. Além dos gráficos desatualizados e de difícil leitura, os comandos pouco intuitivos e o processamento lento de comandos são itens a serem revistos. O áudio "corta" quando outra função é selecionada no painel, e o sistema quase entra em parafuso para entender que, apesar de ter conectado o cabo USB para carregar seu celular, você não quer desligar o rádio.

Ser conservadora nunca foi característica da Hyundai. Resta ver como a marca fará evoluir um produto que foi revolucionário e que ainda é interessante.