Chevrolet Cruze hatch tem conforto para encarar Focus e Golf; falta motor
Quando UOL Carros avaliou a versão de topo do Chevrolet Cruze Sport6, a LTZ (atualmente em R$ 84.680), em junho de 2014, deixou claro que o hatch médio da GM possuía um conjunto de respeito para encarar Volkswagen Golf e Ford Focus, ao mesmo tempo ícones e líderes. De lá para cá, reviravoltas foram anunciadas, sendo que o modelo da GM passou por face-lift e teve leve incremento de equipamentos de entretenimento e conforto.
Os rivais também estão em maior ou menor grau de mutação: há troca na origem do Golf, que deixou de ser importado da Alemanha para vir do México até que a linha de montagem brasileira (no Paraná, ao lado do premium Audi A3) esteja pronta -- isso também levou a uma simplificação de alguns componentes; a Ford, por sua vez, vai alterar o visual de seu Focus e deve mexer ainda no recheio do carro, para seguir tendo o best seller do segmento -- este é assunto para o meio do ano, porém.
Se a reestilização do final do ano passado mudou mais a aparência que a "alma" do Cruze -- a grade redesenhada ficou mais elegante; o para-choque, arrojado; e a luz de posição, marcante, tudo aproximando-o do Impala vendido nos Estados Unidos -- foi o suficiente para elevar as vendas e fazê-lo encostar no Focus (21.859 unidades em 2014 como um todo), deixando o Golf para trás por pouco (17.049 unidades a 16.118). Mas será o bastante para 2015?
ONDE FOI O REFORÇO
Neste facelift de meia-vida, a grande -- e acertada -- aposta da GM foi incrementar o pacote tecnológico. A chave canivete, por exemplo, virou uma espécie de central multifuncional, com comandos para ligar o motor (e o ar-condicionado), levantar os vidros e travar as portas remotamente -- algo existente no antigo e luxuoso Malibu. Os demais itens de conforto, já existentes, são até superiores aos de Focus 2.0 Titanium (R$ 85.900) e Golf Highline 1.4 TSI (R$ 87.500), concorrentes diretos do Cruze LTZ: seis airbags, direção elétrica progressiva, partida por botão, controle de estabilidade e tração, assistente de subida em rampa, retrovisor interno com função anti-ofuscamento, sensores crepuscular e de iluminação, sensor de estacionamento traseiro com câmera de ré e teto solar elétrico são destaques no pacote.
Já a versão refinada do sistema MyLink, a mesma usada no Camaro, oferece boa gama de opções multimídia. As informações estão dispostas de forma intuitiva e muito bem organizada na tela de toque de sete polegadas.
Também não há motivos para reclamar da estabilidade -- os controles eletrônicos funcionam bem, e as suspensões estão otimamente ajustadas. Nem da transmissão de seis velocidades: o Cruze LTZ ficou com rodar mais suave, porque as trocas foram aceleradas em 0,5 segundo mais subidas de marcha, e 0,7 segundo nas reduções. Há quem prefira este tipo de câmbio aos automatizados de dupla embreagem de Focus e Golf -- questão de gosto e uso.
FALTA FÔLEGO
O senão do Cruze e de suas reais possibilidades de seguir à frente do Golf e tentar encarar o Focus, quando o ciclo de mudança de ambos se estabilizar, está mesmo no motor Ecotec flex de 1,8 litro, com injeção eletrônica multiponto. Não só porque seus dados de desempenho (140/144 cv de potência, a 6.300 rpm, e 17,8/18,9 kgfm de torque, a 3.800 giros, respectivamente com gasolina/etanol) estejam abaixo daqueles dos líderes.
Por ser um projeto de 2008, o hatch tem estrutura mais pesada que os rivais, que usam metais mais leves e resistentes, chegando a altos 1.450 quilos em ordem de marcha. É peso demais para um propulsor que gera menos de 20 kgfm de torque, e nem mesmo o esforço para fazê-lo gerar mais força em baixas e médias rotações adiantou.
Se a comparação direta de potência de Focus (2.0 flex aspirado, 178 cv e 22,5 kgfm) e Golf (1.4 turbo a gasolina, 140 cv e 25,5 kgfm) já não seria favorável ao Cruze, saber que os rivais pesam 1.399 kg e 1.218 kg, respectivamente, deixa evidente em números o que se sente ao volante do Cruze: falta fôlego nas arrancadas e retomadas, e é preciso pisar fundo no acelerador para ter respostas satisfatórias. Além do desempenho, sofre o bolso na hora de reabastecer: com mais de 500 quilômetros rodados, UOL Carros precisou adotar estilo extremamente econômico para se aproximar -- jamais superar -- 7 km/l na cidade e 10 km/l na estrada, com uso misto de gasolina e etanol.
Se não apostou em motor novo -- que é algo mesmo improvável em alterações de meia-vida -- a GM aproveita o intervalo para investir em campanhas promocionais e fazer o Cruze brigar no topo do segmento pelo custo-benefício. É uma saída para fazer o comprador entrar no carro e aproveitar o conforto da cabine.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.