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Ford contrata engenheiro de iPhone para fazer Fusion andar sozinho

Posicionados no teto, sensores do Fusion Hybrid autônomo conseguem "ler" ambiente em volta do carro numa frequência de até 2,5 milhões de vezes por segundo - Divulgação
Posicionados no teto, sensores do Fusion Hybrid autônomo conseguem "ler" ambiente em volta do carro numa frequência de até 2,5 milhões de vezes por segundo Imagem: Divulgação

Do UOL, em São Paulo (SP)

26/01/2015 14h27

A Ford estava atrasada, assim como boa parte das marcas americanas, mas decidiu investir pesado para ter veículos que se deslocam sem depender da ação do humana. Na última semana, a fabricante inaugurou um centro de pesquisa e desenvolvimento no Vale do Silício, região dos Estados Unidos que concentra grandes empresas e instituições de ensino especializadas em tecnologia e ciência. O foco será o desenvolvimento da versão autônoma do sedã Fusion Hybrid.

Situado dentro do polo de pesquisas da Universidade de Stanford, na cidade de Palo Alto (Califórnia), o centro contará com 125 pesquisadores, e será chefiado por Dragos Maciuca, engenheiro com vasta experiência em automóveis, aeronáutica e eletrônicos de consumo. Antes da Ford, o romeno trabalhou por dois anos na Apple, onde atuou no desenvolvimento de produtos como o iPhone. No fim dos anos 90 e começo dos 2000, foi funcionário de Nissan e BMW.

Dragos Maciuca, ex-engenheiro da Apple e atual chefe do Centro de P&D da Ford no Vale do Silício - Divulgação - Divulgação
Dragos Maciuca, chefão do novo Centro de P&D da Ford, tem experiência no setor: já trabalhou em Nissan e BMW; nos últimos dois anos, contudo, estava ajudando a desenvolver iPhones na Apple
Imagem: Divulgação
Além do novo polo, a Ford também conta com o centro de Michigan, Estado onde a montadora está sediada, e que é mantido em parceria com a Universidade de Michigan e com a seguradora State Farm.

Segundo a Ford, a tecnologia de direção autônoma começará a se sedimentar no mercado automotivo a partir de 2025. Concorrentes como Volvo e Mercedes-Benz, porém, estão à frente: a primeira projeta colocar unidades nas mãos de clientes até 2017, enquanto a segunda prevê modelos que andam sozinhos nas ruas até 2020.

DESENVOLVIMENTO
Este será o terceiro espaço da Ford reservado especificamente à área de P&D -- os outros dois ficam em Dearborn (Michigan), também nos EUA, e Colônia (Alemanha). O local não foi escolhido à toa: o projeto terá participação de professores e alunos da própria Universidade de Stanford, e também do MIT (Instituto de Tecnologia de Massachussetts).

Além da Ford, Nissan, Volkswagen, Hyundai e Tesla (marca americana que produz apenas carros elétricos) são outras companhias do setor automotivo instaladas no Vale do Silício.

O FUSION AUTÔNOMO
Mostrado pela primeira vez em dezembro de 2013, o conceito autônomo do Fusion Hybrid aproveita a base da versão híbrida, já à venda no Brasil. Ele funciona com quatro sensores infravermelhos, além de radares, todos capazes de esquadrinhar o ambiente em volta do veículo em frequência de até 2,5 milhões de vezes por segundo, criando um mapa tridimensional com raio de 60 metros. É um sistema similar, ainda, ao do Carina, projeto brasileiro da USP de São Carlos (SP).

A principal dificuldade da Ford, segundo executivos da fabricante, é fazer com que os sensores "prevejam" as ações de outros veículos e de pedestres, tal qual um motorista humano, julgando assim qual a melhor manobra a ser feita em determinadas situações. "Nosso objetivo é dotar o carro de senso comum", explicou à época o gerente global de tecnologias de segurança da marca, Greg Stevens.

Fachada do Centro de P&D da Ford em Palo Alto (Califórnia), no Vale do Silício - Divulgação - Divulgação
Fachada do Centro de P&D da Ford em Palo Alto (Califórnia), no Vale do Silício
Imagem: Divulgação
É aí que entram os cientistas da Universidade de Stanford e do MIT. Eles vão ajudar a descobrir como tornar o Fusion Hybrid autônomo capaz de compreender, por exemplo, o momento certo para mudar de faixa e fazer uma ultrapassagem.