Topo

Salão de cores, novidades e diversidade prova que mercado brasileiro evolui

Eugênio Augusto Brito

Do UOL, em São Paulo (SP)

09/11/2014 23h05Atualizada em 10/11/2014 19h19

Após treze dias de festa e diversão para quem ama carros, o Salão do Automóvel de São Paulo de 2014 se encerrou às 19h deste domingo (9) deixando pelo menos uma esperança: a julgar pelos 30 estandes de fabricantes instalados no Anhembi, o mercado brasileiro tende a ficar muito mais diverso a partir da próxima temporada. Disputado, ele já está. E importante também, com certeza.

Depois de ferver no sábado com mais de 80 mil visitantes, o pavilhão paulistano teve um encerramento mais tranquilo neste domingo -- a organização só vai liberar o balanço oficial na quarta-feira, mas espera se aproximar ou igualar o número de 750 mil visitantes da edição de 2012 --, o que permitiu que o público presente observasse com alguma calma as novidades. Quem passou pelo Anhembi nestas duas semanas viu menos protótipos exóticos e mirabolantes e mais novidades que indicam rumos reais das principais marcas do mundo -- nosso mercado vai muito além do que ditam as quatro grandes marcas (Fiat, Volkswagen, General Motors e Ford).

Seguindo a ordem linear de visita de quem passou pelo portão de entrada do salão, a JAC mostrou que vai apostar em SUVs já a partir deste ano com dois modelos (T5 e T6); a Suzuki aposta na proposta mais urbana do S-Cross, mas também promete seguir com seu DNA off-road no futuro; a Mercedes-Benz foca em produtos para ter um público cada vez maior (caso da família compacta com Classe A, CLA e os novos Classe B reestilizado e GLA, que será fabricado no brasil), mas não deixa de trazer seus carros-chefe, como o esportivo AMG GT, recém-apresentado ao mundo em Paris e que já mostrou a cara aqui em São Paulo.

O mesmo pode ser dito da Jeep, principal marca do grupo Chrysler agora que é controlado pela Fiat: todos os holofotes ficaram sobre o Renegade, recém-lançado na Europa e que será fabricado aqui no Brasil no começo de 2015 prometendo ameaçar o reinado do EcoSport e revolucionar o mercado de SUVs; a Peugeot vai elevar o tom e vender carros com maior valor agregado, caso do inédito 2008 (a ser fabricado em Porto Real-RJ) e do europeu 308 (não exposto), que vai complementar a gama do 308 argentino (exposto com mais recheio de fábrica graças a séries especiais); outra que promete surfar na onda é a Nissan, que renovou levemente seu sedã Versa, mas brilhou com o Kicks, conceito de SUV compacto que pode se tornar realidade até o próximo salão (o de 2016).

A Renault mostrou novidades nas linhas de seus best sellers (novo Sandero Stepway e Fluence reestilizado), mas fez mais ao prometer criar um novo segmento, o de picapes compactas-médias, com um lançamento global: o do conceito Duster Oroch. Foi muito vista e acabou tirando uma casquinha até da todopoderosa Fiat, líder de mercado, mas que disfarçou demais sua proposta de picape para o mesmo segmento, o conceito FCC4. Para não ficar pra trás, a Fiat apostou bastante na visibilidade para o belo facelift do Uno -- que já havia sido lançado com mais conteúdo, mas que só agora fica conhecido do grande público --, bem como na apresentação do pequeno esportivo 500 Abarth, que chega logo.

LUXO PEGA FOGO
Como o mercado de produtos premium é, de fato, o mais aquecido do momento, o Salão de SP acabou vendo uma boa leva de produtos que vão movimentar este nicho em breve: a BMW mostrou os esportivos M3 e M4; a General Motors brindou o público com um vislumbre do Corvette em sua versão topo (Stingray), mas sinalizou que pode trazer mesmo é o Z/28, versão ainda mais instigante e forte do Camaro (a reestilização do Cruze ainda serviu de "brinde"); a Ford mostrou seu novo Mustang em todas as formas (cupê, conversível, com motorzão V8 e até o sustentável -- e polêmico -- EcoBoost de 4-cilindros), bem como as formas do novo Edge, com um conceito que é quase o SUV final); a Honda mostrou o futuro HR-V (SUV baseado no Fit e City), bem como o esportivo Civic Si e o futuro NSX, superesportivo híbrido que tem tudo para ser vendido aqui no Brasil, quando ganhar corpo real.

A Jaguar Land Rover mostrou o Discovery Sport, outro modelo recém-lançado na Europa, e confirmou que irá fabricá-lo no Brasil, como UOL Carros adiantou com exclusividade em todo o mundo, e ainda apontou que o sedã de luxo Jaguar XE pode ser outro modelo escolhido para ser nacionalizado; mesmo destino foi traçado pela Mitsubishi para o Lancer, agora com passaporte brasileiro; já a Hyundai mostrou que o futuro do brasileiro HB20 é muito promissor, com o belo conceito R-Spec; Mini e Lexus trouxeram suas linhas completas, a primeira com direito a Cooper normal, S e até o novíssimo 5-portas; quem botou peso em seu estande, também, foi a Citroën, que nacionalizou o motor turbo THP, que agora é flex, adiantou a chegada dos novos DS3 (já nas lojas) e C4 Picasso, além de revelar globalmente o DS6, crossover de luxo da família de prestígio da marca. 

Também apostam firme no Brasil as chinesas Geely (dona da Volvo Cars), que deu ênfase ao compacto GC2 (uma das gratas surpresas do evento); e a Chery, que mostrou o belo novo Celer a ser fabricado no Brasil, bem como o novo QQ e o belo conceito de sedã Alpha.

ALTERNATIVOS QUEREM SEU ESPAÇO
Houve até espaço para modelos de energia alternativa, como Kia Soul EV (elétrico) e Optima Hybrid (híbrido), BMW i8 (superesportivo híbrido de cerca de R$ 800 mil e que já teve exemplar vendido), Porsche 918 Spyder (o modelo mais caro do Salão, custando iniciais R$ 3,5 milhões, que não impediram sua venda já no começo da feira), Golf GTE (variante "verde" do esportivo GTI), além do Mitsubishi GC PHEV Concept (híbrido), do Peugeot 2008 HybridAir (a gasolina e ar comprimido) e do já citado Honda NSX (híbrido).

Todos estes modelos apontam que as marcas já estão prontas para um próximo passo do governo federal, que pode ampliar a lista de incentivos atualmente restrita a híbridos puros (que unem motor elétrico a outro a combustão em um sistema autossuficiente, que não requer carregamento de baterias na tomada). Esta liberação de um maior contingente de "verdes" (elétricos, híbridos plug-in e até híbridos gasolina+ar) pode acontecer já em algum momento de 2015, segundo conversas de bastidores.

No salão, houve até espaço para diferentes cores em todo tipo de modelo, de compactos a superesportivos, provando que a paleta das montadoras finalmente diversificou e já pode agradar a gostos e bolsos diferentes -- basta que o consumidor queira fugir do trivial.

É, de fato, a celebração de uma diversidade nunca antes vista neste país. Que venha e se concretize. Nosso salão e nossas ruas pedem. (Colaboração de Alessandro Reis)