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Quando qualquer carro já vem com multimídia, marca de som tem de se virar

Alessandro Reis

Colaboração para o UOL, São Paulo (SP)

31/10/2014 22h45

Cada vez mais as montadoras vendem seus carros, inclusive compactos e modelos de entrada, trazendo de série sistema de som e central multimídia, que, além de tocar músicas, agrega funcionalidades como conexão Bluetooth com o celular, controles no volante, visualização de fotos e vídeos, câmera de ré, navegação GPS e até TV digital. Tudo isso bem integrado ao automóvel -- tanto na parte visual quanto na funcional.

Exemplos: o novo Ford Ka, a depender da versão, traz de série central que permite operar aplicativos do smartphone e possui comandos de voz em português. Os Chevrolet Onix e Prisma, assim como outros veículos da marca, podem trazer a central My Link, com tela sensível ao toque.

Luiz Gabriel dos Santos, frentista, 21 anos - Alessandro Reis/UOL - Alessandro Reis/UOL
Para o frentista Santos, som comprado no varejo pode ser "mais pessoal"
Imagem: Alessandro Reis/UOL
Diante de tanta conectividade e entretenimento originais de fábrica, a vida das fabricantes generalistas de som automotivo, aquelas que vendem produtos que podem ser instalados em diferentes modelos e marcas de carro, está ficando difícil. As vendas já estiveram melhores e, prova disso, o Salão do Automóvel de 2014 tem apenas um estande especializado (isso, pela segunda edição seguida): a Pioneer.

Marcas como Pósitron e HBuster, que já participaram do evento, ficaram de fora mais uma vez.

Para não dizer que a Pioneer está solitária neste ano no Anhembi, a exposição também conta com o estande da Logigo, companhia especializada em centrais multimídia, mas que não trabalha no varejo: suas vendas são feitas diretamente nas concessionárias de marcas parceiras, como a Toyota e a Mitsubishi, como acessórios homologados.

Segundo Gustavo Bertolini, sócio e diretor comercial da firma, a razão de sua companhia estar no Anhembi não é buscar compradores para os seus equipamentos, e sim firmar contratos de fornecimento para montadoras. A empresa fabrica hoje a central que vem de fábrica no Toyota Etios Platinum e fornece o equipamento, já devidamente adaptado, para o Corolla, bem como a toda linha da Mitsubishi e até modelos premium de Audi, Mercedes-Benz e BMW.

"Hoje temos produtos para mais de 50 modelos diferentes e nosso desafio é aumentar nossa presença como fornecedores dos fabricantes de  automóveis. O aftermarket [venda avulsa de equipamentos e acessórios] está encolhendo e, gradualmente, será ocupado por sistemas de som e centrais oferecidos como opcionais ou itens de série pelas próprias montadoras, levando seus respectivos emblemas, mas fabricados por terceiros, como é o nosso caso", explica o executivo -- que prevê: "A concorrência está ficando cada vez mais acirrada e só vão sobreviver as empresas que ofereçam algo a mais e invistam em inovação."

Bertolini cita como diferenciais a TV digital full HD, que traz qualidade de imagem muito superior à da TV digital comum, presente na maioria das centrais multimídia do mercado, ao custo de R$ 300 extras, em média, na linha de produtos da Logigo. Outro destaque da marca é a opção de equipamentos com sistema operacional Android, que transformam a central multimídia em um verdadeiro tablet, com wi-fi (que permite parear um smartphone com plano de dados , permitindo acesso à internet, por exemplo) e a presença de aplicativos como Waze, Facebook, Twiter e outros, tudo por meio da tela tátil instalada no automóvel.

Avulsa nas concessionárias Toyota, a central multiídia do Etios, por exemplo, tem preço médio de R$ 3,4 mil; outra, compatível com Nissan Versa e Honda Fit, custa entre R$ 3,8 mil e R$ 4 mil.

SEM RETORNO
André Ricardo Andrade, gerente de marketing da Pioneer, concorda que a conectividade e o acesso a aplicativos do smartphone ou do tablet são um caminho sem volta para as fabricantes de som automotivo e centrais multimídia, e também acredita que a parceria de fornecimento direto às montadoras é essencial para a sobrevivência do setor. Ele não comenta, mas a Pioneer também fabrica sistemas de som para montadoras. Mas Andrade ainda vê um futuro para o aftermarket.

"O Brasil tem suas próprias características e a demanda ainda está aquecida, principalmente no setor de veículos usados e na área de acessórios. Muitos clientes querem incrementar o veículo recém-adquirido e deixar o carro do jeito deles, personalizado. Além disso, tem a qualidade sonora: existem muitas centrais multimídias bem completas no mercado, com GPS, DVD e outros recursos, mas o som nem sempre é satisfatório. É aí que entram empresas como a Pioneer", analisa.

Segundo Andrade, o grosso das vendas da marca ainda é de sistemas de som simples, que dispensam luxos como tela colorida sensível ao toque e cujo preço máximo gira em torno de R$ 400. Porém, mesmo o modelo mais básico da empresa (MVH-078UB), que custa apenas R$ 179, traz entradas auxiliar e USB, além de compatibilidade com arquivos MP3 e tablets e smartphones com Android.

"Para sobreviver, é preciso acompanhar a evolução digital e, principalmente, dos dispositivos móveis", avalia o gerente.
Dançarinas na Pioneer - Reprodução - Reprodução
Para sobreviver é preciso dançar conforme a música, poderia dizer a Pioneer...
Imagem: Reprodução
Além de oferecer equipamentos que focam a qualidade sonora, a Pioneer procura manter a relevância de seus produtos com outros diferenciais, tais como o recurso Mixtrax, que dá uma de DJ e "mixa" músicas com ritmos parecidos na transição de uma a outra. E neste Salão, a empresa apresenta sua primeira central multimídia com navegação GPS (AVIC-F960BT), que conta ainda com Bluetooth e um aplicativo que permite operar, por meio dela, os programas de alguns modelos de Smartphone com Android. Seu preço é de R$ 2.299.

Para quem desejar gastar menos, há também a AVH-X1680DVD, com tocador de DVDs e que também é capaz de "conversar" com telefones celulares. Custa R$ 999 e é compatível com qualquer veículo com nicho "double DIN" (duplo) para o sistema de som.
 
Visitantes do estande da Pioneer nesta sexta-feira (31), porém, diziam que a venda de som automotivo no varejo ainda terá vida longa. "Acho legal o som original do carro, geralmente tem acabamento melhor, mas no mercado paralelo existem modelos até mais completos e com mais recursos", disse o mecânico Maurício Campelo de Morais, 40 anos.

O frentista Luiz Gabriel dos Santos, 21 anos, fez coro: "Vale a pena investir no som avulso se a pessoa busca algo mais personalizado, desde que seja uma marca de qualidade. Pode ficar mais bacana que o de fábrica e, além disso, o carro fica com a sua cara."