DS se "liberta" da Citroën para dominar o mundo a partir da China
O grupo PSA, dono das marcas Citroën e Peugeot, decidiu parar de lutar contra os fatos. Pode ser simples -- e inteligente -- observação do mercado econômico global, pode ser a primeira intervenção no controle da empresa feita pelos chineses da Dongfeng, não importa. O fato é que os franceses confirmaram durante coletiva no Salão de Paris a elevação da divisão DS à condição de marca. E uma marca com sede na China.
Iniciada em 2010, com nome inspirado na diferenciada linha da Citroën dos anos 1950, a divisão Citroën DS fazia até então uma releitura dos principais modelos da marca com uma pegada mais cool, cult, "descolada" ou mesmo luxuosa. Um exemplo grandioso é o primeiro modelo apresentado, o hatch esportivo DS3, versão apimentada do C3 feita sob medida para encarar Audi A1, Mini Cooper e companhia. Agora com força de marca e a maior rentabilidade de carros com estilo (e preço) de luxo, o objetivo é ampliar a linha, ganhar espaço no mercado. É "dominar" o mundo e, de quebra, ganhar mais dinheiro, tudo a partir da China.
Segundo Yvés Bonnefont, presidente-executivo global da marca, tudo será comandado do chamado DS World (Mundo DS), em Xangai, e modelos também serão desenvolvidos e produzidos Centro de Desenvolvimento e na fábrica de Shenzhen, próxima a Hong Kong. Essas instalações serão as principais, mas não vão prescindir de outros CDs na Europa e até no Brasil, segundo o executivo.
A linha deve dobrar de tamanho em breve, saindo dos atuais três modelos -- além do DS3, há o DS4 (derivado do C4 hatch europeu) e o DS5, um crossover de hatch e perua, com tamanho grande) -- para seis. Também haverá lojas próprias (DS Stores) e campanhas diferenciadas. O indicador do que teremos no futuro está, novamente, na China: além da estrutura física, por lá já roda um quarto modelo, o sedã DS5 LS, que não ganhar vida no resto do mundo, nem no Brasil; lá também foram mostrados os conceitos DS Numero 9 (espécie de station wagon) e o SUV compacto Wild Rubis, ambos com mais chances de vingar.
Neste Salão de Paris, a agora marca mostra o conceito Divine, outro crossover tamanho G, que mistura tamanho de sedã grande, forma de cupê de quatro portas e traseira de fastback.
NOVO OLHAR
O certo, neste momento, é que o mundo verá em questão de semanas o novo DS3 nas ruas. Trata-se de facelift primoroso do hatchback que "inaugurou" a linha DS. Ele chega mais eficiente, com motores revistos para poluir 20% e consumir algo entre 20 e 33 km/l, dependendo da configuração. E mais bonito e tecnológico.
O visual externo foi revisto com uso de faróis tirados justamente do conceito Numero 9, com canhão de luz de xenon aliado ao trio de projetores de LED e uma guia de luz em forma de apóstrofo que nada mais é que a mais inovadora luz de seta da atualidade. Ela não pisca, mas oscila, flui, de um lado a outro do conjunto.
Na traseira, novidade também na lanterna, que também aposta no uso de LEDs para criar um efeito de túnel 3D. Tudo muito bonito, mesmo de dia.
O interior tem o mesmo aspecto, mas tudo parece mais arejado, porque os franceses (ou seria os chineses?) decidiram tirar parte dos excessos que sempre marcaram os carros feitos pela Citroën. Ainda há cromados e cores por todo o lado, mas em menor proporção. E a tela integrada ao painel central está mais intuitiva, fazendo o motorista depender menos de uma infinidade de botões.
Por ser uma simples atualização, ainda que refinada, o modelo ainda tem o nome da Citroën estampado na carroceria, logo abaixo do emblema DS. Mas a tendência é que apenas a dupla de letras seja mantida nos futuros lançamentos.
BRASIL
Questionados sobre a chegada das novidades da linha DS -- bem como de qualquer outro carro da Citroën -- ao Brasil, executivos ligados às duas marcas preferiram filosofar. Embora o país simbolize o maior mercado da grife fora da Europa e China (3.800 unidades vendidas desde o lançamento local, em em 2012) e que "soluções" estejam sendo discutidas com parceiros (lojistas), a marca aponta que a "tendência das coisas" deve ser mantida, apesar de nada do que está sendo visto em Paris servir demais como referência.
UOL Carros prefere traduzir assim: o momento, dentro do grupo PSA, é de privilegiar a Peugeot (que precisa fazer dinheiro), em detrimento da Citroën. Assim sendo, como já ocorre ao longo do último ano, teremos novidades da marca do leão no país (um tiro certeiro é a chegada do suvinho 2008, fabricado no Brasil, a ser mostrado já no Salão de São Paulo).
Enquanto isso, a Citroën vai depender de séries especiais de carros já existentes, além de pequenas alterações. É com este viés, ou com esta "tendência atual", que deveremos ver este face-lift do DS3 no país num futuro próximo, ainda que o nome DS siga restrito ao interior de lojas da Citroën no Brasil.
Viagem a convite da Anfavea
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