Topo

Mercedes GLA Black Edition só é apimentado no preço de R$ 152.900

Leonardo Felix

Colaboração para o UOL, de São Paulo (SP)

16/09/2014 20h15

A Mercedes-Benz chama o GLA de SUV, e diz que dentro dele há até certa natureza aventureira. De perto e no trânsito, no entanto, é difícil não enxergar o mais novo lançamento da divisão brasileira da marca como um hatch que tomou anabolizante, sem qualquer intimidade com a terra batida.

Conforme anunciado na noite de segunda-feira (15), o jipinho chega ao país em outubro, ainda importado, em três versões equipadas com o motor M 270 turbo de 1,6 litro, capaz de gerar 156 cv de potência (a 5.300 rpm) e 25,5 kgfm de torque (entre 1.250 e 4.000 giros). Futuramente, será produzido no Brasil.

Seu objetivo é ser mais uma opção anti-Range Rover Evoque no mercado nacional, fazendo frente aos também concorrentes -- estes, rivais mais diretos -- BMW X1 e Audi Q3. Confira o que cada versão traz:

+ GLA 200 ADVANCE -- R$ 132.900
Câmbio automatizado DCT, de sete marchas, dupla embreagem e borboletas atrás do volante para trocas manuais; freios com sistemas ABS (antitravamento), BAS (assistência de frenagem), ABR (frenagem adaptativa), EBD (distribuição eletrônica de frenagem) e secagem automática dos discos em caso de chuva; controles de estabilidade e tração; assistente de partida em subidas; barras longitudinais no teto; faróis bixenônio com limpadores e LED; lanternas traseiras em LED e com luzes de freio adaptativas; alarme; sete airbags (dois frontais, dois laterais, dois cortina e de joelhos para o motorista); start-stop (sistema que desliga o motor automaticamente com o veículo parado, religando-o assim que o acelerador é pressionado); sensor de chuva; piloto automático; limitador de velocidade; travas e vidros elétricos com controle remoto; direção elétrica progressiva; volante multifuncional revestido em couro sintético, com 12 funções e ajuste manual de altura e profundidade; computador de bordo; ar-condicionado digital; sistema multimídia com rádio, Bluetooth, entrada USB e memória de 10 GB; assistente de estacionamento para vagas paralelas e perpendiculares; alerta de fatiga; aviso de perda de pressão dos pneus; iluminação auxiliar interna em 12 pontos; bancos esportivos revestidos em couro sintético e tecido nas faixas internas, com ajuste manual de altura; e rodas de liga leve aro 18 polegadas.

+ GLA 200 VISION -- R$ 149.900
Acrescenta ao pacote anterior: ajuste elétrico do banco do motorista, com função de memória; teto solar panorâmico; rodas com desenho exclusivo; navegador GPS; e ar-condicionado de duas zonas.

+ GLA 200 VISION BLACK EDITION -- R$ 152.900
Acrescenta aos pacotes anteriores: rodas e espelhos retrovisores em preto; e pedais esportivos.

A versão 45 AMG, de tração integral e motor turbo 2.0 de 360 cv, será apresentada no Salão de São Paulo, no final de outubro, e aportará até o fim  de 2014. Já a 250 Sport, intermediária entre elas, vem em 2015. 

mercedes-benz gla - Divulgação - Divulgação
Efeitos negros da versão Black Edition estão nas rodas e retrovisores e custam R$ 3 mil
Imagem: Divulgação
COMO ANDA
Nesta terça-feira (16), UOL Carros rodou com o GLA 200 Vision Black Edition, versão de topo entre as já lançadas, por quase 300 quilômetros em trechos de estrada que ligavam São Paulo, Piracicaba, Americana e Iracemápolis (SP), cidade em que o utilitário será fabricado, junto com o Classe C. As primeiras impressões são de um veículo honesto em sua proposta, mas nada além disso.

O trem-de-força, já conhecido de outros modelos da Mercedes-Benz, deixa um pouco a desejar em relação a X1 e Q3, especialmente nas retomadas em baixas rotações. Isso acontece inclusive nos modos de pilotagem Sport e Manual (este último deixa as trocas de marcha ao humor do motorista, permitindo o abuso de giros mais altos; o terceiro modo é o Econômico). E, quando colocado na terra (ação praticada durante o teste), a ausência de tração integral mostra que o ambiente natural do GLA é mesmo uma via bem asfaltada. 

Traseira Mercedes-Benz GLA - Divulgação - Divulgação
Utilitário ou hatch largo? Traseira bojuda do GLA confunde ainda mais proposta do modelo
Imagem: Divulgação
Espaço interno também não é ponto forte do "jipinho": com apenas 1,49 metro de altura, ele é muito baixo para um utilitário, e não consegue compensar essa deficiência em nenhuma das outras dimensões: em comprimento (4,41 m) e entre-eixos (2,70 m), perde do X1; na largura (1,80 m), é superado pelo Q3 e também pelo próprio Evoque, referência no segmento.

Já o sistema multimídia é o mesmo usado no antigo Classe C, substituído por outro bem mais moderno e intuitivo na recém-lançada linha 2015 do sedã. Isso significa que está defasado em relação a outros produtos da Mercedes-Benz já vendidos no Brasil.

Portanto, o GLA só tende a conquistar os consumidores por três qualidades: desenho, acabamento interno e segurança. A primeira se justifica pelo perfil baixo e parrudo -- muito menos "de madame" que o Q3 --, com coluna A bastante inclinada, conjunto óptico dianteiro de linhas agressivas, assinatura marcante da luz diurna de LED num "L" invertido, linha de ombro exageradamente destacada na traseira e parachoques bojudos. A segunda, pelo refinamento típico da Mercedes no uso de borracha, couro sintético, tecido e alumínio com desenho formando ranhuras. Já a terceira, pelas cinco estrelas obtidas nos testes de impacto do Euro NCAP.



Os revestimentos são sóbrios e podem combinar preto com costuras brancas ou cinza com costuras pretas. Já a pintura externa permite dez cores, sendo três opções sólidas (branco, preto, vermelho) e sete metálicas (preto, prata, cinza, dois tons de azul, violeta e marrom).

Pelo preço (um pouco menor que o do X1 -- outro prestes a ser nacionalizado -- e do Q3, e muito abaixo do Evoque), a Mercedes deve alcançar suas metas de vendas sem dificuldades nos próximos dois anos: 1.000 unidades em 2014 e entre 2.000 e 3.000 no ano que vem. Entretanto, falta um certo tempero para que o GLA seja tão ou mais objeto de fetiche que o inspirador Evoque.

A montadora terá até o segundo semestre de 2016 para incrementar a receita e entregar um produto mais suculento, para, aí sim, bombar as vendas e chegar ao patamar tão desejado de 10 mil exemplares emplacados ao ano.