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Como anda o Ford Ka+ SEL 1.5, versão de topo que custa R$ 47.490

Leonardo Felix

Colaboração para o UOL, em Trancoso (BA)

07/08/2014 20h36

O Ka+, inédito sedã da nova geração do compacto, chega com a dura missão de colocar a Ford na briga pelo topo do segmento de sedãs compactos, batalhando com Fiat Grand Siena, Chevrolet Prisma e Volkswagen Voyage pela liderança. Pelo menos essa é a ambição da divisão brasileira da marca.

Diferentemente do "Kazinho" hatch, que terá nas versões com motor 1.0 o seu carro-chefe em vendas, o Ka+ dependerá muito mais do motor Sigma de 1,5 litro, herdado do New Fiesta. Segundo projeções da Ford, o sedã equipado com este propulsor deve ser responsável por 70% dos emplacamentos. E foi justamente a mais recheada das versões, a SEL, que UOL Carros testou logo após o lançamento do modelo, nesta quinta-feira (7), em estradas próximas a Trancoso (BA).

Ford Ka+ SEL 1.5 2015 - Murilo Góes/UOL - Murilo Góes/UOL
O Ka sedã chega com vontade de ultrapassar Voyage e Siena, entre outros
Imagem: Murilo Góes/UOL

O pacote do Ka+ SEL 1.5 custa R$ 47.490 e é relativamente completo. Ele inclui: ar-condicionado; direção elétrica; vidros elétricos (os dianteiros com acionamento por um só toque); travas elétricas com controle remoto; SYNC Media System com AppLink; CD/MP3/USB e Bluetooth; comandos de voz em português; quatro alto-falantes; My Ford Dock (compartimento para smartphone); volante multifuncional; computador de bordo; limpador e desembaçador traseiros; luzes de neblina; chave canivete; roda aro 15" com calota integral e pneus de baixo atrito (195/55); maçanetas; retrovisores na cor do veículo; 21 porta-objetos; indicador de troca de marcha; conta-giros; abertura elétrica do porta-malas (capacidade para 445 litros); ajuste de altura da coluna de direção e dos bancos dianteiros; alarme volumétrico; luzes de neblina; lanternas traseiras escurecidas; e grade dianteira com aplique cromado.

Já os dispositivos de segurança agregam controles de estabilidade (ESC), tração (TCS), de frenagem em curva (CBC) e assistente de partida em rampas (HLA), além dos obrigatórios airbag duplo frontal e freios com ABS/EBD (antitravamento e distribuição de força). Embora esta última seja uma lista mais completa que a dos principais rivais, faz falta o sensor de estacionamento, existente apenas como acessório no Ka+. Ele já vem de série em Prisma 1.4 LTZ, Volkswagen Voyage Highline 1.6 e Hyundai HB20S Comfort Style 1.6, por exemplo.

Ford Ka+ 2 - Murilo Góes/UOL - Murilo Góes/UOL
Uma virtude do Ka+ é seu espaço: adulto até 1,90 m não sofre como no Fiesta
Imagem: Murilo Góes/UOL

São cortes singelos que a Ford fez para deixar o Ka+ abaixo dos R$ 50 mil (sem atrapalhar, portanto, o New Fiesta Sedan básico, 1.6, que sai por R$ 53.190) e mais próximo ao preço de seu concorrente mais barato, o Renault Logan Dynamique 1.6, que parte de R$ 45.050 e também não dispõe do equipamento. Só que o rival francês não deixa de ter, por exemplo, ajuste elétrico dos retrovisores laterais, algo também em falta no Ka+ SEL. UOL Carros sentiu ainda a falta de uma versão com câmbio automático Powershift e até de presilhas para cadeirinhas infantis Isofix (a Ford diz que estuda esses dois itens para o futuro).


PRIMEIRAS IMPRESSÕES
Esteticamente, o Ka+ não parece tão harmonioso quanto o hatch: com a inclusão de um terceiro volume alto, a frente ficou parecendo pequena demais, e até as rodas dão a sensação de serem menores do que suas 15 polegadas. A grade com divisórias horizontais cromadas, entretanto, agradou, e pode ser interpretada como tentativa de dar ao Ka+ um ar de "mini Fusion". O porta-malas tem capacidade para 445 litros, um pouco abaixo da média, e possui acesso estranho, meio "achatado", que pode comprometer a inserção de alguns objetos.

Por dentro, poucas diferenças em relação ao hatch, já testado por UOL Carros: o plástico que envolve painel central, detalhes do volante e maçanetas são em preto piano (já dissemos que consideramos esta mudança ruim, pois tira destaque dos comandos do sistema multimídia) e o teto é um pouco mais baixo no banco traseiro, especialmente porque ali foi reservado um espaço para a terceira luz de freio. De qualquer forma, o sedã comporta quatro adultos de 1,80 metro sem problemas.

A unidade testada estava cheia de pequenas rebarbas e desalinhamentos entre os componentes, algo que não encontramos em outros exemplares checados. Pode ter sido uma exceção.

No asfalto, o Ka+ não chega a empolgar, mas também não deixa na mão. Levando quatro passageiros e alguma bagagem no porta-malas, o motor Sigma de 1,5 litro, de 105/110 cv de potência (a 5.500/6.500 rpm), e 14,6/14,9 kgfm (a 4.250 rpm), com gasolina e etanol, respectivamente, demorava um pouco para responder nas arrancadas e retomadas em marchas baixas, mas apresentava ótimo desempenho quando embalado, seja em giros mais altos ou rodando em quarta e quinta velocidades.

Ford Ka+ 1 - Murilo Góes/UOL - Murilo Góes/UOL
Perfil do Ka+ é alto a ponto de fazer as rodas de 15 polegadas parecerem pequenas
Imagem: Murilo Góes/UOL

Vale lembrar que este não é o propulsor mais forte do segmento (o 1.6 do Grand Siena Essence gera 115 cv, enquanto o de mesma cilindrada do HB20S chega a 128 cv). Como o roteiro era curto (75 quilômetros) e mesclava estradas (ruins) com trechos de terra, ficou difícil chegar a conclusões quanto ao consumo. Segundo o Conpet (programa de eficiência energética do Inmetro), o modelo consome em média 11,5 e 7,9 km/l na cidade, ou 13,6 e 9,5 km/l na estrada (gasolina e etanol), competindo com o 1.6 do Voyage como o mais econômico.

Os pedais são baixos (algo tradicional na Ford) e não tão macios, porém passam segurança e precisão. O câmbio também não é dos mais suaves, embora tenha engate firmes e curtos na medida certa. Posição de pilotagem, ergonomia dos assentos e disposição dos comandos são pontos altos, assim como no hatch.

No geral, o Ka+ se mostrou um carro bom e competitivo, mas ainda é preciso dirigi-lo num circuito urbano mais adequado à realidade dele.

Viagem a convite da Ford