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BMW Série 3 GT, R$ 209 mil, é o "esquisitão" dos carros de luxo

André Deliberato

Do UOL, em São Paulo (SP)

05/05/2014 20h26

Você trocaria a elegância da sexta geração do BMW Série 3 por um carro com a mesma capacidade dinâmica, maior e mais confortável, mas... BEM esquisito?

Pois desde outubro de 2013 a fabricante alemã oferece no Brasil a configuração GT da Série 3, uma espécie de hatchback alongado. Ele provoca a mesma dúvida que já esteve na mente dos privilegiados clientes de Série 5, quando a BMW lançou a opção GT do sedã grande.

GT é um tradicional acrônimo da indústria automotiva utilizado para a expressão Gran Turismo; e é o sobrenome que a BMW dá às configurações de dois-volumes dos sedãs das Séries 3 e 5.

Além de mais bizarro, vamos assim dizer, esse Série 3 hatch é mais caro que o sedã: a configuração única 328i GT M Sport custa R$ 209.950 (o sedã 328i Sport vale R$ 199.950). Há também um GT feito sobre o 320i, mas com motor somente a gasolina (o 320i sedã já tem o motor ActiveFlex, bicombustível), por R$ 164.950 (ante R$ 133.950). A diferença entre os 328i e os 320i está na potência do motor, que é o mesmo 2 litros para todos, mas com calibragens de 245/184 cv, respectivamente   

Quem precisa de espaço vê na configuração hatch mais vantagens. Afinal, são 4,82 metros de comprimento, 2,92 m de entre-eixos e 2,05 m de largura (ante 4,62 m x 2,81 m x 2,03 m do sedã). O porta-malas também é 40 litros maior (520 litros contra 480 l). Partindo desse ponto de vista, que pode ser o de famílias com mais de um filho ou de quem faz muitas viagens em grupo, a diferença de preço vale a pena.

Para quem não se preocupa com espaço, a opção pelo Série 3 hatch é estética: a lista de equipamentos, o conjunto mecânico e o serviço de pós-venda são os mesmos oferecidos pelo sedã. Em termos de estilo, a opinião de UOL Carros é de que não vale a pena trocar o belo e refinado Série 3 sedã por um hatch meio desengonçado, que também é chamado de crossover pela estranheza das formas -- dependendo do modo como é visto, parece um X6 com suspensão rebaixada.

O Série 3 hatch tem praticamente o mesmo comportamento dinâmico do sedã, até porque seu segundo volume é alongado. UOL Carros rodou por uma semana com uma unidade do 328i GT M Sport, e constatou que só há o que elogiar na boa lista de equipamentos, no fôlego do carro na estrada, nas respostas do acelerador e até mesmo no consumo de combustível. Ah, se fosse mais barato...

O pacote de equipamentos também é quase igual ao oferecido pelo três volumes: ar-condicionado digital com função automática; direção elétrica; os obrigatórios freios ABS (antitravamento) com EBD (distribuição da força de frenagem); seis airbags; controlador automático de velocidade adaptativo; controle de tração, de estabilidade e de ajustes na suspensão; câmera-de-ré e sensores de estacionamento dianteiro e traseiro; faróis bixenônio; bancos dianteiros com ajustes elétricos e duas opções de memorização; teto solar; rodas de liga leve de 19 polegadas; sensores de chuva com acendimento automático dos faróis; GPS; serviço de internet (desde que algum passageiro tenha acesso remoto à web) e um sistema multimídia com leitor de DVD, conexão Bluetooth e entradas USB e auxiliar são todos itens de série.

POR BAIXO
O 328i GT utiliza motor 2.0 turbo com injeção direta de gasolina que rende os já citados 245 cv e bons 35,7 kgfm de torque (a meras 1.250 rpm). Isso se traduz em respostas rápidas do trem-de-força mesmo em marchas mais altas. O câmbio (fabricado pela empresa alemã ZF) é automático de oito marchas e a tração é traseira (como manda a tradição da marca bávara).

BMW 328i GT - Murilo Góes/UOL - Murilo Góes/UOL
Pela mistura de elementos, hatch da Série 3 também é chamado de crossover
Imagem: Murilo Góes/UOL

O conjunto mecânico se casa perfeitamente com a suspensão, extremamente confortável no modo Eco Pro e firme no modo Sport. O resultado é um carro macio e gostoso de guiar no modo econômico, capaz de fazer a média de 16 km/l de gasolina em circuito misto (cidade e estrada), ou esportivo e envenenado no modo Sport -- nessa configuração o consumo caiu para 9 km/l, sempre com o ar ligado.

O sistema multimídia é nota dez, apesar de exigir um tempo de adaptação -- depois de se acostumar com o sistema, dá para usá-lo sem precisar olhar para a tela de cristal líquido do painel central.

Em suma, o BMW Série 3 GT é um excelente carro, mas esquisito se comparado ao elegante Série 3 sedã, talvez porque estejamos tão acostumados com este (se a Série 3 tivesse nascido como hatch, talvez o sedã fosse o patinho feio). O modelo vai bem no trânsito e é difícil encontrar rivais diretos, já que não existem configurações dois-volumes de modelos como Classe C, Audi A4 ou Lexus IS.

Mas quem procura um carro premium menos polêmico nas formas, e precisa de mais espaço que o de um sedã médio, pode dar uma boa olhada nas peruas Classe C Touring, A4 Avant e nos SUVs Range Rover Evoque e Freelander 2. Ou então no sedã-cupê Audi A5.