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Carro-bolha japonês revive sonho do sessentão Isetta

Visual do D-Face Concept remete ao Isetta, mas original é mais charmoso - Divulgação
Visual do D-Face Concept remete ao Isetta, mas original é mais charmoso Imagem: Divulgação

Fernando Calmon

Colunista do UOL

16/04/2014 16h00

Empresa pequena japonesa, a D Art se inspirou na solução do carro-bolha Isetta, dos anos 1950, para criar o pequeno D-Face visando ao transporte urbano para duas pessoas. O modelo foi mostrado na Ecolumen International, feira comercial de produtos e veículos elétricos realizada em Taiwan, na última semana.

D Art D-Face Concept aberto - Divulgação - Divulgação
Abertura da porta é verticalizada, enquanto Isetta usava sistema horizontal
Imagem: Divulgação
Ainda conceito, o D-Face tem motor elétrico de 7 cv e bateria de íon-lítio de 10 kWh, que pode ser recarregada em tomadas convencionais de 110V (por oito horas) ou 220V (tempo menor, mas não informado). Um motor a combustão de 3 cv estende autonomia de 150 para 300 km. O uso é limitado pela velocidade de apenas 70 km/h, tipicamente voltada para a área central de cidades.

Com quatro rodas, tem configuração de porta única abrindo para cima e não para o lado, como no Isetta original. O novo sistema atende às regras de segurança do Japão, mas ainda precisaria ser validado para outros mercados. Este é o próximo passo para o D-Face, que será exposto também na Turquia e Hungria dentro da mesma Ecolumen International. 

BMW Isetta 300 1956 - Valery Ache/AFP - Valery Ache/AFP
BMW-Isetta foi última encarnação comercial do antigo modelo e também a mais bem sucedida, com quase 162 mil unidades vendidas
Imagem: Valery Ache/AFP
BOLHA FOI MODA
O auge do Isetta se deu no final dos anos 1950, quando a crise de Suez (1956) ameaçou o suprimento de petróleo e derivados para a Europa. A necessidade de meios-de-transporte com menor consumo fez nascer modelos como Fiat 500 (Itália), Austin/Mini Cooper (Inglaterra) e o também Isetta, entre outros.

Nascido como projeto da italiana Iso, em 1952, o Isetta tinha 2,15 metros de espaço entre-eixos e acabou licenciado também para França (pela Velam), Espanha (Autocarro) e Brasil (Romi). Por aqui, o Romi-Isetta foi lançado em 1956 com incentivo do governo Juscelino Kubitschek, dentro da inciativa de estabelecimento da indústria nacional, e emplacou cerca de 3 mil unidades até 1961, quando o projeto minguou com fim de recursos federais.

Na Europa, a BMW comprou não apenas a licença para a construção do Isetta, mas também todo o maquinário de produção da italiana Iso. O BMW-Isetta começou a ser vendido em 1955, com opções de três e quatro rodas e motor quatro-tempos monocilíndrico de 13 cv e câmbio de quatro marchas, que abasteceu não apenas o mercado alemão, como também a Inglaterra, até 1962, quando a produção foi encerrada. Foram 161.728 unidades.