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Volkswagen up! mais caro é testado em dose tripla por UOL Carros

Do UOL, em São Paulo (SP)

28/02/2014 10h51

A exemplo do que fez no final de 2012, quando apresentou numa única reportagem três opiniões sobre o então novato Hyundai HB20, UOL Carros traz aqui as impressões de três jornalistas sobre o Volkswagen up!, um dos lançamentos automotivos mais importantes da década.

A versão experimentada por Eugênio Augusto Brito (editor-assistente), André Deliberato (redator) e Leonardo Felix (colaborador) foi a red up!, uma das três opções "completaças" cujos nomes são definidos pelas cores da carroceria e de partes do interior -- há também a white e a black up!, sempre partindo de R$ 39.390.

Só esses up! já saem de fábrica com ar-condicionado. A unidade de teste foi repassada pela Volks dotada de bancos em couro sintético e do navegador e multimídia Maps & More. O preço dela, então, vai a R$ 41.260.

No lançamento do carrinho, em Gramado (RS), o jornalista Claudio Luís de Souza (editor de UOL Carros) experimentou a configuração move up! (com alguns opcionais), que a Volks entende como a de maior potencial de mercado. As primeiras impressões foram muito positivas, inclusive ao dirigir em longos trechos rodoviários.

Leia abaixo as três novas opiniões sobre o up!, um modelo que certamente ainda vai dar muito o que escrever...

  • Murilo Góes/UOL

    VW red up! é uma das três opções coloridas do topo da gama do compacto

AS MULHERES ADORARAM
por Eugênio Augusto Brito

Dirigir o up! no Brasil foi uma experiência diferente da que tive ao guiar o compacto da Volkswagen na Europa. Embora os dois mercados tenham uma certa preferência por carros de menor porte, é inegável que a frota europeia -- sobretudo na Alemanha, onde tive meu primeiro contato com o modelo -- avançou muito nos ultimos anos, com carros de maior porte e tecnologia. Por lá, o up! é um dos menores modelos e tem a função de ser um carro mais barato que os demais, sem abrir mão de segurança e tecnologia. No Brasil, o up! é um novo começo de linha para a Volks. Não é necessariamente barato (especialmente na versão "colorida" testada, a red up!), mas seu porte não difere do que costumamos ver nas nossas ruas.

O up! não causou a surpresa que eu esperava. No trânsito, poucos motoristas e passageiros de outros carros olharam de lado. O impacto sempre foi maior quando estava com o carro parado, sobretudo se o up! era observado de frente. A traseira mais chapada e simples (o carro brasileiro não tem a tampa de vidro do modelo europeu) levou o carro a ser chamado de "chinês" e até ser confundido por outra amiga com o Fiat Idea, que também é "altinho" e tem lanternas verticalizadas. Diferentemente do monovolume da Fiat, o up! apenas aparenta ter LEDs.

A frente arrancou elogios. Mulheres acharam o carro "fofo" e "tão bonitinho que nem parece ser da Volkswagen".. Os elogios se estenderam ao interior "colorido e bem feitinho". Curiosamente, os homens não se empolgaram com o visual, preferindo falar do volante com base esportiva. O jeito "gracinha" do up! ainda assusta o público masculino. Já o espaço interno chamou a atenção mesmo de uma amiga dona de Hyundai HB20. De fato, se as dimensões são minúsculas (3,60 m de comprimento), os 2,42 m de entre-eixos são aproveitados ao máximo e cinco ocupantes viajam tranquilamente, sem que o carona esbarre no motorista e sem que ambos tirem espaço dos joelhos de quem vai atrás (mesmo que o motorista tenha 1,80 m).

Se na Alemanha dirigi principalmente em rodovias -- e o up! não negou fogo nas Autobahnen, rodando sempre com motor cheio, mas gritando às vezes --, o foco aqui em São Paulo foi totalmente urbano. E este parece ser, de fato, o ambiente preferido do carrinho: o conta-giros jamais passa da faixa ideal (até os 2.000, 2.500 giros), você mal ouve o (curioso) ronronar do motor três-cilindros.

Mas é preciso usar muito o braço direito e trocar de marchas a todo instante -- por sorte, o câmbio é o MQ200, uma das caixas mais precisas e leves do país. E talvez este seja o ponto que vá ganhar o consumidor em geral. Se a cara do up! é fofinha, o que acaba sendo confundido com "bobinha", sobretudo pelo público masculino, tudo muda em movimento: o carro é esperto no trânsito carregado, ágil para sair de enrascadas e fácil de manobrar.

E anda mais, apesar do motor pequeno, que rivais como o quase extinto Ford Ka (o "velho") ou o ainda presente Chevrolet Celta. E isso sem consumir demais: com uma tocada despretensiosa, com trânsito carregado e ar-condicionado gelando bastante, foi possível manter média de 11 km/l dentro da cidade. É inegável que o up!, com todas essas qualidades, vai vender muito assim que ficar mais conhecido.

  • Murilo Góes/UOL

    Interior é bacana, mas ao optar pelo Maps & More o cliente perde a útil entrada USB

LEGAL, MAS CADÊ O USB?
por André Deliberato

Entre as opções de carros disponíveis no Brasil abaixo de R$ 40 mil, o Volkswagen up! assumiu o posto de primeiro colocado da minha lista -- antes a posição pertencia ao Hyundai HB20, mas o fato de o modelo da Volks ter cinco estrelas nos testes de colisão do Latin NCAP, o menor custo de reparação em ranking oficial do Cesvi e consumo nota A no programa de etiquetagem do Inmetro me fez mudar de opinião.

Além de econômico e seguro, o carrinho é ideal para rodar na cidade por causa do tamanho (o up! é 29 centímetros menor e 3 cm mais estreito que o HB20). O tradicional câmbio manual MQ200 -- que equipa quase toda a linha nacional da Volks, incluindo modelos como Gol, Fox e Polo -- tem engates precisos, mesmo não sendo tão atual (o projeto dessa transmissão tem mais de dez anos).

Há, porém, algumas ressalvas. A configuração avaliada por UOL Carros, a red up!, contava com o opcional Maps & More, que oferece ao usuário sistema de navegação e conexão via Bluetooth, além de reproduzir dados do computador de bordo e exibir gráfico do sensor de ré. Curiosamente, quem opta pelo Maps & More perde o direito de ter entrada USB. Versões mais baratas, que oferecem sistema de som teoricamente mais "simples", dispõem da útil entrada. Não faz sentido!

Também acho que o volante poderia ser um pouco menor, e senti falta de comandos do rádio nele (uma crítica totalmente subjetiva). Mas o up! é um modelo que vai fazer barulho no mercado nacional e tem força para balançar o ranking dos carros mais vendidos. É esperar para ver.
  • Murilo Góes/UOL

    Volkswagen conseguiu entre-eixos de 2,42 m num carro de 3,6 m: espaço é elogiado

A DECISÃO É PELO PREÇO
por Leonardo Felix

Há vários pontos agradáveis no Volkswagen up!: primeiro, é um carro gostoso de guiar, com respostas precisas e direção macia e leve na medida certa  (estamos falando de uma versão topo, com direção elétrica, é bom ressaltar). Justamente por isso, e também pelos singelos 3,6 metros de comprimento, é facílimo de manobrar, tornando o sensor de ré um equipamento quase desnecessário.
 
Revestido em couro sintético, o banco é confortável e não cansa, embora eu tenha considerado a posição do condutor baixa demais, mesmo com a opção de regulagem de altura. Pedais e engates do câmbio podem ser acionados de forma suave, e tanto o sistema de som quanto o de ar-condicionado são bastante eficientes, com potência até exagerada para as necessidades do compacto.

Em contrapartida, se o ar estiver ligado, as respostas do 3-cilindros ficam demasiadamente lentas nas arrancadas. Após pegar o embalo, contudo, o carrinho responde bem às retomadas, mesmo em marchas mais altas, (quando digo "bem", estou levando em conta as limitações de um motor 1.0), tudo sem emitir ruídos que incomodem. Já as suspensões, como todo Volks que se preze, são um pouco duras.
 
Peguei um pouco de chuva durante o teste e os limpadores dianteiros e traseiro funcionaram muito bem. Surpreendi-me positivamente com o espaço interno e o capricho no acabamento em plástico, mas fiquei um pouco incomodado com o excesso de detalhes em vermelho, especialmente no console (característica das versões red, white e black up!).
 
Encerrei minha convivência com a sensação de que o up! cumpre a promessa de ser um modelo de entrada dinâmico e eficiente -- mas não passa disso. É uma opção interessante para quem não quer superar os R$ 35 mil ao comprar um carro zero (preço básico da versão high up!). Agora, se você tem R$ 40 mil na mão, vale muito mais a pena negociar um Ford New Fiesta S 1.5 do que um up! topo de linha.
  • Murilo Góes/UOL

    Traseira do up!, que no Brasil é convencional, foi confundida com chinês e com o Idea...