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Novo Mini Cooper é mais carro e menos "cult"; no Brasil, será flex

Eugênio Augusto Brito

Do UOL, em Dorado (Porto Rico)

17/02/2014 18h21

A BMW convidou jornalistas do mundo todo para o lançamento mundial da nova geração do Mini Cooper, na última semana, em Porto Rico, território dos Estados Unidos no Caribe. Em praias e estradas que lembram muito as encontradas aqui no Brasil -- as primeiras pela beleza, as últimas pelo asfalto maltratado e trajeto recortado --, a empresa frisou que o carro mudou muito, apesar de parecer que não.

O novo Mini segue sendo fabricado em Cowley, Oxford (Inglaterra), agora sobre novíssima plataforma do grupo BMW, que dará origem à reformulação do restante da família Cooper -- caso das configurações Roadster (cupê-conversível) e Countryman (crossover) -- e também a inéditos modelos de tração dianteira da própria BMW. Ele já pode ser encomendado no Reino Unido e em países da Europa continental, onde ficou mais caro. No Brasil, a previsão é que chegue a partir de julho -- os preços em real seguem indefinidos, diz a empresa.

Agora, a BMW dotou o novo Mini de toda tecnologia e conforto disponíveis em seu arsenal -- veja aqui a ficha técnica do carro. Também desenvolveu, sozinha, novos motores: há um três-cilindros para o Cooper que nada tem de "motorzinho" -- com 1,5 litro, gera 138 cavalos e mais de 22 kgfm de torque. No esportivo Cooper S, o quatro-cilindros 2.0 rende mais que o motor do BMW Série 3 -- são 194 cv e 27,5 kgfm. Ambos usam sobrealimentação por turbo, injeção direta de combustível e controle variável de válvulas em todo o ciclo e já estão sendo adaptados para beber gasolina e também etanol no Brasil. O Mini perdeu o jeitão duro e agora trata ocupantes com conforto, mesmo no modo Sport. Deixa até que o motorista acompanhe o Facebook enquanto guia, veja só que tecnológico.

Veja abaixo o que mudou no jeito de ser do Mini

Para (quase) todos

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    Sir Alec Issigonis (na foto acima) teve a ideia de criar o primeiro Cooper nos anos 1950, durante crise petrolífera e necessidade crescente por modelos pequenos, simples de se construir e baratos -- o primeiro Mini custava 500 libras, menos de R$ 2 mil atuais.

    Com engenharia totalmente alemã, o novo Cooper -- na foto abaixo com o primeiro-ministro britânico David Cameron (à esquerda) e o chefão da marca, Peter Schwarzenbauer -- traz conforto e tecnologia para vender muito e a todo tipo de público.

  • O objetivo dos alemães que comandam a divisão Mini é claro: os US$ 2,5 bilhões (cerca de R$ 6 bilhões) que foram e ainda serão investidos na evolução da linha têm de gerar vendas fortes nos Estados Unidos, China, Europa e -- por que não? -- no Brasil.

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SEM APERTO

  • Reprodução

    Quem se ligava em TV e carros na década de 1990 deve ter dado boas risadas com a sátira britânica de Rowan Atkinson e seu personagem Mr. Bean aos costumes ingleses. Ver Bean se rebelar contra o espaço de "caixa de sapatos" do Mini clássico era sempre hilário. Se apertar de verdade nele ou no Mini de 2001, não.

    O novo Mini está maior, principalmente em espaço interno: com 3,82 m de comprimento ainda é menor que um Volkswagen Gol ou mesmo um Audi A1, mas seus 2,49 m de entre-eixos deixam estes dois modelos pequenos. Agora cabem quatro adultos dentro, contanto que apenas dois tenham mais de 1,80 m. O porta-malas também cresceu, de 51 para 211 litros.

  • Mas espaço e jeito premium encarecem: se o atual parte de 11.870 libras no Reino Unido, o novo custa 15.300 para a versão Cooper e 18.650 para o Cooper S -- algo entre R$ 60.915 e R$ 74.250 pelo câmbio atual. No Brasil, a linha atual começa em R$ 77.350 e também deve encarecer com o novo modelo.

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DIFERENTE E BOM

  • Murilo Góes/UOL

    Quando ressuscitou em 2001, o Mini tinha rótulo "cult", ar retrô e fôlego para brigar com modelos como Volkswagen New Beetle, Chrysler PT Cruiser, inicialmente, e depois Fiat 500, Citröen DS3 e o novo Fusca. A "vantagem" vinha do motor mais forte, feito em parceria com a francesa PSA (Peugeot-Citroën), e do estilo "go kart", que significa tocada mais esportiva, com volante e suspensão bem rígidos, secos. Ser diferente era ser legal -- ainda que o ocupante passasse aperto, ficasse dolorido e tudo isso custasse muito dinheiro.

  • O novo Cooper mantém o formato geral, a ponto de quase não se diferenciar visualmente. Mas é mais leve (até 45 quilos a depender da versão) e seguro por ser construído com aços de alta resistência e ter equipamentos de segurança ativa e passiva mais avançados.

  • Na configuração mais completa, o novo Mini pode até acelerar e frear sozinho. Há sensores de velocidade e distância, controles de estabilidade, tração e bloqueio do diferencial. E até teto solar panorâmico.

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PARALELOS ESTRANHOS 1

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    "O desafio foi misturar peças que já tínhamos para fazer um novo carro", disse Oliver Sieghart, um dos designers do novo Mini, ao ser questionado por UOL Carros sobre a semelhança com o modelo atual. A tarefa de "reinventar a roda" incluiu mudar proporções de alguns elementos, abastecendo também a fonte de brincadeiras que sempre foram -- e seguirão sendo -- feitas com o Mini.

  • Ainda que muito mais modernos, precisos e seguros que os faróis redondos de três projetores, os novos faróis do Mini usam apenas LED, mas sua forma elíptica remete imediatamente a um prosaico espelho iluminado, destes usados por dermatologistas, profissionais da beleza ou mesmo no banheiro de casa.

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PARALELOS ESTRANHOS 2

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    Outra brincadeira com o Mini comparava o painel de instrumentos no centro do painel com uma balança antiga de açougue.

    Com a nova geração, velocímetro e informações do computador de bordo foram -- finalmente e felizmente -- para o pequeno mostrador acima do volante. Mas a grande peça circular segue no centro painel, agora cheia de interatividade. O perímetro é definido por uma guia de luz (LED)  de cor e luminosidade variáveis: pode seguir o movimento do conta-giros ou do velocímetro, pode mostrar se o condutor está pisando muito ou pouco no acelerador (e gastando combustível demais ou de menos), pode até refletir temperatura e ritmo do som.

  • Na tela de LCD, informações sobre ajustes e alertas do carro, climatização, sistema de som, telefonia e até conexão com a internet. Sim, o novo Mini se conecta ao celular do condutor, aos e-mails e até ao Facebook.

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É UM MINI, UM AVIÃO OU UM BMW?

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    Há pouco mais de dez anos, head up display (ou HUB) era coisa de avião caça ou videogame. Agora, está cada vez mais presente nos carros, ainda que restrito a modelos premium. Informações projetadas no para-brisa ou em uma placa acrílica à frente do volante ajudam o condutor a guiar se baixar os olhos da estrada.

    Comum em modelos da BMW e de rivais como Audi e Mercedes, entre outras, o HUB surge como opcional no novo Mini. O sistema é o mesmo de qualquer ouro BMW e pode mostrar velocidade, distância, espaaço para carro à frente e rota do GPS.

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ENDURECER SEM PERDER A TERNURA

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    Quando um dono do Mini atual quer esnobar os amigos, fala logo do jeitão de kart que o carrinho tem: tocada esportiva e precisa, mas suspensão excessivamente dura são características do modelo.

    Esqueça isso. A BMW afirma que ainda há uma sensação de "go kart", agora restrita ao volante preciso e a engates perfeitos no câmbio de seis marchas manual ou automático (este feito pela Aisin). Rispidez da suspensão, nunca mais, nem no modo Sport.

    UOL Carros guiou o novo Mini por mais de 200 quilômetros e não ficou com as costas cansadas, nem com o bumbum dolorido. E isso não fez com que o carro perdesse a índole devoradora de asfalto (mesmo em pisos ruins), pelo contrário só facilitou a vida. No computador de bordo, outro sinal dos tempos para o Mini, que nunca registrou consumo inferior a 10,5 km/l. Afinal, nos dias atuais, montadora que faz cliente sofrer ou gastar demais fica sem vender.

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Viagem a convite da BMW do Brasil