Topo

GM joga com o que tem no Brasil e descarta "modinha" dos 3-cilindros

Eugênio Augusto Brito

Do UOL, em Detroit (EUA)

16/01/2014 11h00

Após perder praticamente uma década em termos criativos e encarar a falência no auge da crise econômica de 2008-9, a General Motors despertou, revolucionou sua linha -- globalmente e também no Brasil --, voltou a ser competitiva e mostrou neste Salão de Detroit 2014 não estar mais para brincadeira ao afirmar que não perderá tempo com produto ruim. A fala do novo chefe mundial de desenvolvimento de produto Mark Reuss, porém, causou um certo arrepio na espinha dos executivos da filial brasileira, que conta no máximo com uma reestilização para o Cruze neste ano.

Se 2012 foi atarefado, com atualização de quase todo o portfólio, e 2013 foi crucial para a maturação dos novos modelos (a GM do Brasil chegou até a liderar o mercado por breves momentos, dentro do balanço de alguns meses), 2014 pode ser de uma "calmaria" inesperada e incômoda. Bem estabelecida na base da pirâmide, a marca se vê dependente dos compactos e da instabilidade do dólar, e segue sem ter um novo carro grande.

Como só fabrica carros pequenos localmente (não entram na conta os utilitários), a saída para a GM seria importar obrigatoriamente dos Estados Unidos e Canadá, com alíquota cheia de impostos. A sétima geração do Corvette -- que teve a versão Z06, de 625 cavalos, apresentada --, o imponente Impala e o poderoso SS (estes dois últimos poderiam substituir o Omega) são barrados por este critério. O Camaro é um caso único.

Intrigante, mesmo, é a situação do novo Malibu, que já teve sessão de test-drive realizado no exterior para a imprensa especializada (um dos primeiros passos da apresentação de um modelo novo), foi flagrado no Brasil ao longo do ano e até passou por reforma total com menos de dois anos de vida (o que certamente motivou o discurso de Reuss). "Por enquanto, nada está definido para a chegada [do Malibu]. Se a conta não fecha, não tem jeito", explicou o vice-presidente da GM do Brasil, Marcos Munhoz.

"Não adianta trazer caro e vender cinco [unidades] por ano, enquanto a concorrência traz do México e nada de braçada. Vamos aguardar", confirmou Munhoz, se referindo ao Ford Fusion. O mesmo vale para a especulada entrada da marca Cadillac no país: "Neste momento, não há base para isso".

VEM, NÃO VEM

  • Eugênio Augusto Brito/UOL

    Sem condições de importar modelos maiores e mais caros, com o novo Corvette acima), GM do Brasil vai apostar na consolidação de sua linha de modelos caseiros em 2014.

    Espere por diversas versões dos modelos atuais, mas também com o facelift de do sedã médio Cruze, que deve surgir em meados do ano. Esta é uma boa novidade.

  • Eugênio Augusto Brito/UOL

TRÊS CILINDROS
Enquanto a GM fazia as contas, a Ford tratou de mostrar seus planos de expansão este ano, inclusive com abertura de uma nova fábrica para motores de três cilindros em Camaçari (BA). A linha de motores vai equipar o novo Ka, hatch e sedã, colocando-o como concorrente de outros compactos com motores pequenos e eficientes, como o Volkswagen Fox Bluemotion (o inédito Volkswagen Up também será três-cilindros, mas tem porte bem menor), Kia Picanto e Hyundai HB20.

Questionada por UOL Carros, a GM descartou ter qualquer plano de seguir os rivais na proposta do downsizing. "Não temos qualquer proposta neste sentido. Seguimos por outra linha e estamos bem, com uma linha que tem se mostrado bastante eficiente", foi a resposta categórica de Munhoz.  

"Com as novas cobranças por eficiência, é natural que as montadoras busquem soluções e a bola da vez parece ser a dos motores de três cilindros, que são menores e por isso consomem menos. Pode ser modismo, pode ser uma saída, mas nós temos nossas próprias propostas", completou.

iCarros mostra apresentação do Corvette Z06