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Hyundai HB20 foi o mais buscado em 2013; veja o que todos queriam achar

Eugênio Augusto Brito

Do UOL, em São Paulo/SP

18/12/2013 17h06

O que faz uma linha lançada em outubro de 2012, ser assunto certo em uma roda de conversa 14 meses depois? O compacto Hyundai HB20, apresentando na carona do Salão do Automóvel de São Paulo do último ano, foi apontado pelo Google Brasil como o carro mais buscado em 2013. Mas o que provoca a manutenção do interesse em uma temporada repleta de novos carros, num mercado com mais de 3 milhões de unidades zero-quilômetro já entregues? Simples: intensa movimentação e novidades pipocando a todo instante.

Se o salão serviu de cenário para a estreia do hatchback, após um ano inteiro de expecativa, 2013 presenciou ao menos quatro chegadas: a versão aventureira chamada de HB20X, em janeiro; em março, o sedã HB20S, configuração mais voltada ao uso familiar e indicada para encarar Volkswagen Voyage, Chevrolet Prisma e até rivais maiores, por conta do preço, como Fiat Siena, Renault Logan e Toyota Etios; em outubro, foi a vez de ouvir compradores mais "conectados" e lançar a configuração com central multimídia Premium BlueNav, também em reação ao Chevrolet Prisma com sistema MyLink; e, no final de novembro, melhorar uma das poucas falhas do HB20: ampliar a "sensação de segurança", com uma segunda chance no teste de impacto do Latin NCAP: com avaliação patrocinada do sedã, o modelo melhorou de conceito e passou a exibir quatro estrelas para proteção de adultos e três na infantil, contra três para adultos e uma no infantil da primeira avaliação, feita com o hatch e com especificações diferentes de cintos de segurança e avisos ao condutor.

Se tudo pode parecer mera orquestração marqueteira, há também o lado positivo de mostrar que marca está atenta às exigências, algo ainda raro no mercado brasileiro. Basta pensar, por exemplo, por quanto tempo as montadoras ignoraram um fato agora claríssimo para todas: o brasileiro gosta de tecnologia, é fascinado por celulares conectados (iPhones, Androids e similares), tocadores de MP3 (com e sem grife) e gostaria, sempre que possível, de escapar do trânsito graças ao GPS. Após anos de limbo, 2013 mostrou que as marcas finalmente acordaram para a demanda. Embora tenha largado com atraso no geral, já que as pioneiras (no nicho "popular") foram Renault e Chevrolet, a Hyundai incorporou equipamento multimídia dentro do ano incial de vida do HB20 no mercado.

Isso explica porque o (potencial) comprador foi atrás de mais detalhes sobre o HB20 "dando um Google". Agora, vamos falar do BlueNav.

TELA QUENTE
A central multimídia da Hyundai está disponível apenas para a versão Premium, a mais completa e cara, das configurações hatch, aventureira e sedã do HB20 e custa R$ 2.495. Tem tela sensível ao toque de sete polegadas, sistema BlueNav (que também dá nome ao próprio equipamento) e reúne rádio, conexões com arquivos de música, vídeo e foto (pendrives, dispositivos USB, iPod), conexão com smartphones via Bluetooth e navegação por GPS.

O deslize gigante da Hyundai, que entra na onda de marcas como a Volkswagen ao separar o conteúdo dos carros em inúmeros pacotes, é o preço final da coisa toda. Fica salgado ter um modelo mais completo, ainda que o preço básico pareça interessante. E se tem uma coisa que aprendemos ao longo deste ano de convivência com o HB20 é que ele é mais caro que os rivais diretos, em qualquer configuração.

No total, a linha HB20 (hatch, aventureiro e sedã) pode ter 24 diferentes etiquetas de preço, entre R$ 33.295 e R$ 55.290. Considerando apenas o novo pacote multimídia, disponível somente com o acabamento Premium, estes são os valores:

- HB20 hatch 1.6 Premium: R$ 49.390
- HB20 hatch 1.6 Premium automático: R$ 52.590
- HB20X 1.6 Premium automático: R$ 56.950
- HB20S 1.6 Premium: R$ 52.090
- HB20S 1.6 Premium automático: R$ 55.290

Do lado positivo, a grande sacada da central BlueNav é a facilidade de uso, com dupla interface: há botões virtuais (ou apps, se você preferir este nome) grandes e bem visíveis na tela e o equipamento ainda tem teclas físicas para acesso rápido dos principais menus, comando liga/desliga e controle do volume -- como "bônus", há ainda teclas repetidoras nos volantes, facilitando ainda mais a operação. É exatamente o mesmo ponto alto de um sistema rival, o MediaNav da Renault, presente no novo Logan, por exemplo, mas também disponível para boa parte da linha compacta da marca. E é o grande deslize do MyLink do Chevrolet Onix/Prisma, que se vale mais dos botões virtuais. É fato: com a dupla interface, o motorista opera sistema sem perder o trânsito de foco.

  • Murilo Góes/UOL

    Sistema multimídia BlueNav tem ótima interface e navegador; só tome cuidado com instalação

Outra função fundamental, a navegação por GPS também se mostrou eficiente, com mapas atualizados e rotas inteligentes, com indicação de pontos de interesse e até localização de radares. A Hyundai do Brasil, porém, não soube informar a UOL Carros, até este momento, se há um serviço de atualização periódica de mapas e informações e como isso é feito.

Entre pontos baixos, além do valor do equipamento (equivalente a celulares topo de linha da Apple, Sony e Samsung), identificamos ainda alguns deslizes irritantes. Bonita e vistosa na composição da cabine, a tela nem sempre cumpre a função básica de ser enxergada pelo motorista, quase sempre sob sol direto, já que não há ajuste automático de brilho, que é feito manualmente (com níveis nem sempre perfeitos) pela tecla Display.

Há ainda uma oscilação irritante do volume do som, que pode ser parte falha de configuração do sistema e parte um erro na instalação do BlueNav no carro de teste -- a Hyundai nos informou que o sedã testado saiu de fábrica sem a tela, que acabou instalada depois (algumas rebarbas entre o equipamento e o painel comprovam isso e servem de aviso: fique atento ao comprar o carro com o equipamento).

Vamos explicar: cada função do BlueNav (rádio, iPod, navegador) tem seu próprio volume, algo normal até mesmo em celulares -- o sistema Android, por exemplo, tem volumes distintos para o som geral do aparelho, volume de toques, volume de mensagens, do navegador e do reprodutor de música. Mas o correto é que cada função altere o volume percebido pelo usuário apenas quando em uso. Durante nosso teste, porém, constantemente ouvíamos música do iPod em um volume (por exemplo, 20), quando, do nada, o sistema o alterava para o nível usado pelo navegador (30, talvez) ou do rádio (16). Já a falha de instalação, pelo menos em nosso entendimento, surgia quando o volume era reproduzido de modo desbalanceado pelos alto-falantes, sobretudo em curvas -- uma possível indicação de falhas na fiação.

 

E O CARRO?
De resto, é o mesmo conceito já exposto para todo HB20. No caso do carro testado, um sedã azul Ocean (mais R$ 1.245 pela cor perolizada) com motor 1.6 flex de 128 cv e 16,5 kgfm de torque, tem um três-volumes com bom espaço de bagagem (450 litros), bom espaço para passageiros e força de sobra (o sedã pesa menos de 1.500 kg e o motor Gamma é usado até em modelos maiores, como os médios i30 e Veloster), ainda que o ritmo pudesse ger melhor gerenciado por um câmbio (manual de cinco marchas) com engates mais tranquilos. No geral, porém, é um carro muito atual, bonito, bem equipado e que rende bem -- após 360 quilômetros rodados, o consumo ficou em 8,5 km/l.

Ficou por dentro? Se ainda sente vontade de procurar algo, olhe a comparação dos possível rivais, abaixo. Pronto, não falta mais nada.